OS JACARÉS VOAM? O MPLA DIZ QUE… SIM!

No reino do MPLA, Angola, organizações da sociedade civil angolana, activistas e defensores daquilo que não existe, caso dos direitos humanos, exigiram hoje que as autoridades investiguem todos os casos de violência policial.

O manifesto sobre o direito à manifestação foi lido hoje no acto de lançamento oficial da campanha “Proteger o Protesto”, uma iniciativa da Amnistia Internacional, a associação angolana Omunga e demais organizações da sociedade civil de Angola.

O documento lido pelo activista e membro da sociedade civil contestatária, Pembele Pacavira, manifesta a preocupação em Angola com “os níveis de violência policial e constante repreensão a manifestações e outras formas de protesto, perseguições e ameaças a manifestantes”. Isto, é claro, se não forem a favor do MPLA.

“Que se investiguem todos os casos de violência policial reportados desde o início do primeiro estado de emergência no contexto do início da pandemia da Covid-19, sendo que o uso excessivo e desproporcional de força por parte da polícia resultou na morte de adolescentes e jovens, cuja vítima mais nova tinha 14 anos de idade”, refere o documento.

Os activistas e membros da sociedade civil angolana exigem (delirando como se estivessem num Estado de Direito) que sejam levados à justiça e devidamente responsabilizados todos os agentes de segurança que tenham algum envolvimento, nos casos de baleamento, tortura de manifestantes e impedimento de realização de manifestações pacíficas de Março de 2020 até à data presente.

Para os sobreviventes e familiares de pelo menos 11 vítimas, entre as quais o médico Sílvio Dala, que morreu depois de ter sido levado pela polícia a uma esquadra policial por supostamente estar a conduzir sem máscara, e Inocêncio de Matos, estudante universitário morto durante uma manifestação em Luanda, exigem que sejam indemnizados pelo Estado.

“Exigimos também que as autoridades angolanas adoptem um discurso mais unificador e que, através da sua liderança, inspirem as forças de segurança cada vez mais republicanas, que respeitem o direito à vida, liberdade de expressão, reunião e manifestação e compreendam que o seu papel na sociedade é garantir a segurança dos angolanos e não colocar as suas vidas em perigo e que, acima de tudo, compreendam o exercício de protesto como elemento social numa sociedade plural e democrática”, referiu.

No manifesto é também exigida a revisão da lei do direito à reunião e manifestação de Maio de 1991 e que seja adequada ao novo contexto, expressando explicitamente que as manifestações pacíficas não carecem de qualquer tipo de autorização, tal como estipula o artigo 47º da Constituição da República de Angola que, como se sabe, subordina às ordens superiores de que, de facto, manda – o MPLA.

A Assembleia Nacional agendou para o dia 25 deste mês a discussão e votação, na generalidade, do Projecto de Lei da Liberdade de Reunião e de Manifestação, de iniciativa do grupo parlamentar da UNITA que, como também todos sabem, é o maior partido da oposição que o MPLA ainda permite que exista.

A fundamentação do documento refere que este projecto de lei tem como objectivo responder a um imperativo da democracia (que não existe), bem como permitir uma verdadeira concretização efectiva da regra “Liberdade de Reunião e de Manifestação, do artigo 47.º da Constituição”.

Durante o evento, duas pessoas foram convidadas a partilhar as suas experiências e situações actuais sobre o assunto, nomeadamente a mulher do activista Gilson Moreira “Tanaice Neutro”, que se encontra detido desde Janeiro do ano passado.

“Tanaice” Neutro foi condenado, em Outubro de 2022, a uma pena suspensa de um ano e três meses, pelo crime de ultraje ao Estado (MPLA), seus símbolos e órgãos, por ter feito um vídeo onde chamava o Presidente angolano, João Lourenço, de “bandido e palhaço”. Terá sido por não ter pago direitos de autor já que, como também todos sabem, João Lourenço chamou aos angolanos coisas bem piores (burros, bandidos, lúmpenes).

O activista, que se encontra doente, segundo relatou hoje a mulher, continua detido a aguardar resposta ao recurso interposto pelo Ministério Público ao Tribunal da Relação, por não concordar com aquela sentença.

Também o secretário-geral do Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Angola (Sinpes), Eduardo Peres Alberto, relatou as ameaças de que tem sido alvo devido à greve interpolada, que foi retomada em Janeiro deste ano, depois de outras fases realizadas a partir de Novembro de 2020.

Eduardo Peres Alberto partilhou que na segunda-feira a sua residência sofreu mais um acto de vandalismo, o segundo, quando a sua filha primogénita, atacada na rua, em Abril passado, por dois homens desconhecidos com um gás tóxico, descansava no quarto.

O sindicalista contou que as ameaças começaram em Março deste ano, aproveitando a ocasião para denunciar o “crime contra a humanidade” de que está a ser alvo juntamente com a sua família, lamentando o silêncio das autoridades policiais a quem denunciou o caso e que, certamente, estão à espera de ordens superiores.

Já o Movimento de Estudantes Angolanos (MEA), na voz do seu vice-presidente, Joaquim Lutandi, manifestou apoio aos professores do ensino superior nas suas reivindicações, criticando o retrocesso na educação e a falta de investimentos neste sector.

Joaquim Lutandi referiu que devido à greve dos professores do ensino superior, o MEA organizou manifestações, mas nas duas tentativas foram impedidos pela polícia.

Folha 8 com Lusa

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