A batota, a ladroagem, a fraude e as armas, são ingredientes perfeitos, de que as ditaduras se munem, para a manutenção escrupulosa do poder e domínio dos povos, durante um dado período.
Por William Tonet
Em Angola, o regime tem praticado um conjunto de actos políticos, económicos e sociais, que não só mostram o seu despreparo para a empreitada governativa, como ainda o desnorte político, com a manifestação de um racismo incubado, visando atingir o líder da oposição, numa clara demonstração de falta de rumo e de higiene intelectual dessa elite partidocrata, cuja obsessão pelo poder absoluto, a leva a pisotear as leis e normas mais elementares do direito (incluindo as elaboradas por si) e da democracia, que se quer ver implantada.
O momento político está ao rubro, pela negativa, ante as grandes “macacadas” partidocratas que, através de uma engenharia macabra, falsa revisão parcial da Constituição, visou adiar as eleições autárquicas e, na esquina, empurrar “Lussatagens”, instabilidade política, deleite no colo do Fundo Monetário Internacional, racismo incubado, direccionado contra o líder do maior partido da oposição, Adalberto da Costa Júnior, numa clara tentativa de o “exonerar” de participação no pleito eleitoral de 2022, não por ter tido dupla nacionalidade, mas por ter capacidade de retórica e intelectual, capaz de afrontar o presidente do MPLA e da República.
Naturalmente, quem está no poder faz 45 anos e não vislumbra procedimentos administrativos bizarros, implantados pela sua própria administração, de as infracções ambientais cometidas, por exemplo, no Kuando Kubango, Moxico, Lundas ou Cabinda, são graduadas e penalizadas, exclusivamente, por técnicos do Ministério do Ambiente, em Luanda, que têm de se deslocar ao interior, para os competentes e discriminatórios procedimentos.
Uma vergonha e, vergonha maior, quando o Presidente da República, na mais recente visita à província do Bengo, demonstrou não ter ciência desta prática administrativa concentracionista e danosa. Ora, num debate, facilmente seria confrontado pelos adversários, tal como justificar a proliferação e controlo, quase absoluto da pequena, média e grande economia, por agentes empresariais muçulmanos.
E, por mais que tente fingir, o MPLA/João Lourenço não é a virgem inocente, nem o Messias, que tentam impingir, mesmo, aos incautos cidadãos, porquanto as suas impressões digitais estão cunhadas no desvario a que o país está submetido, com a encarnação do mal, a ladroagem do erário público, a corrupção, os assassinatos políticos e o genocídio de populações, principalmente, as crianças, que chegam a morrer mais de 200 por dia, nas pediatrias do país.
Como prova da deficiência do Executivo, no dia 16 de Junho de 2021, morreram na considerada melhor Pediatria do país, 23 crianças, por irresponsabilidade e dolo do sector da Saúde, que não providencia, ante o clamor dos médicos, os fármacos e recursos humanos indispensáveis para a demanda. As estatísticas em 2018 apontam a morte na mesma unidade hospitalar de 1999 crianças e no ano seguinte (2019) de 1400, números assustadores que indiciam, não só negligência, como dolo, ante tão elevada mortalidade infantil.
Por outro lado, como ganhar eleições, quando, ante o alto nível de cidadãos atingidos pela malária, tuberculose, paludismo, febre amarela, o Presidente da República, ao invés de comprar fármacos e estender os cuidados primários de saúde, junto das comunidades, como políticas de prevenção, opta por adquirir armas, para perpetuação do regime, pela força do fuzil.
Segundo a consultora GlobalData, o Executivo de João Lourenço vai aumentar as despesas militares com a China e a Rússia, numa projecção de mais de 8,5 mil milhões de dólares, quando estão longe quaisquer ameaças à segurança do país, mas ainda assim, considerando, que mesmo que não venha a ganhar, não vai perder, as eleições, já está no trilho a lei da ameaça, com a engenharia da fraude, perder as eleições, foi projectada entre 2022 e 2026, um crescimento das despesas nos sectores de Defesa e Segurança a uma taxa anual de 3,2%, avaliada em cerca de mil milhões de dólares em 2021, para cerca de dois mil milhões em 2026.
É muita fruta, ante o descaso, desde 1975, nos sectores da Educação e Saúde, principalmente, ao verem, entre 2015 e 2019, a Rússia crescer como principal fornecedor de armas, detendo 68,3%, do total das importações, mas, também, segundo a GlobalData, a China aumentar a venda de armas, com o fornecimento recente de 12 aviões caça de treino, do tipo K-8. Mas com a vaidade umbilical do poder absoluto, em total desprezo pela vida e ao real desenvolvimento dos angolanos, no 16 de Junho de 2021, o Presidente da República assinou um Despacho Presidencial autorizando o financiamento da aquisição de material militar a Pequim avaliado em 85 milhões de dólares, sob alegação de “reforçar o controlo do espaço aéreo e terrestre para salvaguardar os objectivos estratégicos nacionais”, quais são esses interesses, ninguém sabe, salvo o facto de poder estar aqui mais uma gamela de corrupção.
Outro facto, difícil de um candidato justificar em plena campanha é o absurdo de proceder à afectação, por despacho, no 11.06.21 de 54, 8 milhões de dólares, para a empreitada de asfaltagem de 6,8 Km – Camama-Viana, significando que cada Km, rondará os 8 milhões de dólares. O caricato é de Portugal ter construído uma estrada de 155 Km, financiada pela União Europeia, por 46, 8 milhões de dólares, podendo esse facto servir de prova das despesas de quem tem no ADN a alta corrupção, ainda que com a protecção do FMI.
São estes factores que levam a aferir a teia de batota e corrupção que fazem com que o MPLA mesmo perdendo as eleições, não vai, pela força do voto, tendo uma máfia na CNE, que até mortos faz votar, abandonar o poder.
A unidade do povo, a indignação geral contra a batota e a fraude, se não se comprometerem a inverter a lógica da mentira, em nome da verdade democrática, o calvário geral dos povos angolanos continuará.
E as crianças e o futuro são quem pagará uma factura, engendrada por um boçalismo partidocrata incapaz de dialogar, com o verbo, por ter como única opção as armas e a violência, mesmo contra aqueles que se manifestam pacificamente e sem armas, reclamando o fim da fome, da miséria e o do desemprego.
Os quatro anos de governação pouco têm a apontar ao passado, aliás, o passado e presente são filhos paridos na mesma manjedoura, como reconhecidamente o actual líder assumiu ser o MPLA e os seus dirigentes, como marimbondos, semelhantes a um covil de larápios, gatunos e corruptos, que se vem apropriando indevidamente dos bens públicos para proveito próprio.
É por todas estas anomalias, divisões internas no MPLA, na economia e na sociedade civil, que se as eleições fossem hoje, a UNITA seria o grande vencedor, isso tendo em conta um estudo de opinião e sondagem, encomendado pelo próprio regime, que face a isso entrou em paranóia contra Adalberto da Costa Júnior. A sondagem mostra que a má governação, o desemprego, a fome, miséria e estado da saúde, são o barómetro comprometedor, que catapultam a oposição.
Cerca de um ano e seis meses depois do início da pandemia, a COVID-19, a sua gestão privilegiada contra a danosa de epidemias que matam mais, tem provocado danos nas intenções de voto do MPLA, que suporta o governo e João Lourenço poderá, tal como Donald Trump, não ser reeleito, se não entrar em campo toda a máquina da fraude.