Novo líder da CASA-CE admite analisar eventual regresso de Abel Chivukuvuku

O novo líder da CASA-CE admitiu hoje analisar o eventual regresso do antigo presidente Abel Chivukuvuku, mas só depois de uma decisão do Bloco Democrático, partido integrante da coligação.

Manuel Fernandes, que assumiu hoje a liderança da segunda maior força política da oposição angolana, questionado como encarava um possível regresso daquele que foi o primeiro líder da coligação, pelo Bloco Democrático, disse que por agora está preocupado em realizar o seu trabalho.

“Estamos preocupados com o nosso trabalho e nós assumimos essa liderança com vocação, como dissemos, de poder. Penso eu que esta é uma situação que não foi trazida nem analisada agora, se se colocar essa questão à mesa, na devida altura, vai ser analisada”, disse.

Segundo o líder da CASA-CE, o assunto já foi abordado uma vez a nível do colégio presidencial “e a resposta do Bloco Democrático é que, de facto, houve essa conversação, mas que a decisão final vai ser no congresso do Bloco Democrático”.

“Nós não nos imiscuímos nos assuntos internos dos partidos políticos, há uma soberania total, mas até aqui o Bloco Democrático tem estado a dar mostras que está para continuar com a CASA-CE, para juntos continuarmos, mas a CASA-CE tem o seu percurso, conta com todos e por isso mesmo estamos preocupados com o nosso trabalho e não nos preocupamos com as agendas individuais”, frisou.

Abel Chivukuvuku, que luta na justiça, desde 2019, para legalizar o seu novo projecto político, foi o primeiro líder da CASA-CE, coligação criada no mesmo ano das eleições gerais de 2012, até Fevereiro de 2019, estando nesta altura a negociar com vários partidos para a concretização do seu desejo de participar na vida política do país, um deles o Bloco Democrático.

Instado a comentar também o debate, que nos últimos dias tem dominado a agenda política nacional, sobre uma candidatura, com dupla nacionalidade, à Presidência da República, Manuel Fernandes disse que a CASA-CE sempre defendeu que tal “não é possível”.

“Não deve ser aceitável que um Presidente da República tenha uma dupla pátria, porque vai pensar nos dois países. É Presidente da República aqui, porque é angolano, e quando estiver noutro país estará lá nas vestes de cidadão, não!”, disse.

Segundo Manuel Fernandes, aceitar a dupla nacionalidade para um Presidente da República “retira o peso daquilo que é a angolanidade”.

“Nós temos que ter um Presidente que seja angolano, com uma única nacionalidade, para evitar que o Presidente tenha dois corações (…), nós não concordamos”, sublinhou.

Este tema tem sido alvo de debates na sociedade angolana desde uma referência num comunicado do Bureau Político do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, que considera “estrangeiro” Adalberto Costa Júnior, líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição angolana.

“Queremos uma Angola onde os eleitores não sejam surpreendidos com líderes políticos sem escrúpulos, que afinal são cidadãos estrangeiros e por isso executam uma agenda política contrária aos interesses de Angola e dos angolanos”, referia o comunicado.

Adalberto da Costa Júnior renunciou, em 2019, à nacionalidade portuguesa para se apresentar como cabeça de lista da UNITA, às eleições gerais de 2022, em Angola, caso fosse eleito Presidente do seu partido, o que veio a acontecer.

Lusa

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