A titular da pasta da Cultura em Angola, Carolina Cerqueira, subiu hoje a ministra de Estado para a Área Social, com o seu lugar a ser ocupado pela actual secretária de Estado, indica um decreto presidencial. Reconheça-se, desde já, o bom trabalho desenvolvido e que, estamos em crer, não foi mais longe porque assim não queria (nem quer) o… MPLA.
Num comunicado da Casa Civil do Presidente da República é indicado que a medida consta de um decreto em que o chefe de Estado, João Lourenço, nomeia Maria da Piedade de Jesus para ministra da Cultura.
A última mexida de João Lourenço no executivo que lidera ocorreu a 17 de mMaio passado, quando nomeou Domingos André Tchikanda para o cargo de secretário de Estado dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, substituindo Clemente Cunjuca, exonerado por conveniência de serviço e que exercia o cargo desde 13 de Outubro de 2017.
Uma semana antes, João Lourenço também exonerou três secretários de Estado – a pedido do visado, Gaspar Santos Rufino (Defesa), e por “conveniência de serviço”, Luís Filipe da Silva (Águas) e Fernando Malheiros José Carlos (Obras Públicas).
Para os respectivos lugares, o chefe de Estado angolano nomeou José Maria de Lima (secretário de Estado da Defesa), que deixa a presidência do Instituto de Defesa Nacional, ligado ao ministério homónimo, Lucrécio Alexandre Manuel da Costa (Águas) e Carlos Alberto Gregório dos Santos (Obras Públicas).
A antepenúltima mexida no Governo ocorreu a 2 de Janeiro deste ano, quando João Lourenço substituiu as ministras das Pescas e do Mar, Victória de Barros Neto, nomeando Maria Antonieta Josefina Sabina Baptista, e da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Victória Francisco Correia da Conceição, colocando no seu lugar Faustina de Almeida Alves.
Na mesma altura, o Presidente exonerou igualmente Carlos Alberto Jaime Pinto do cargo de secretário de Estado da Agricultura e Pecuária, tendo nomeado, por decreto, para as mesmas funções José Carlos Lopes da Silva Bettencourt.
O Governo, liderado desde Setembro de 2017 por João Lourenço, conta com agora 33 ministros (incluindo quatro de Estado), mais dois do que o último de José Eduardo dos Santos, que foi chefe de Estado entre 1979 e 2017.
Discursando, em Novembro de 2018, durante uma confraternização com artistas e representantes devidamente seleccionados da comunidade angolana em Portugal, no âmbito da Semana Cultural de Angola em Portugal, Carolina Cerqueira indicou que Luanda iria tornar-se, em 2019, a capital mundial da paz e da amizade entre os povos dos cinco continentes e a diáspora, esclarecendo que o convite foi feito pela Directora-geral da UNESCO, Andrew Azulay, durante a visita do Presidente João Lourenço à sede da instituição, em Julho de 2018.
Segundo a governante, João Lourenço aceitou o convite “de imediato” e garantiu todo o apoio para o sucesso do evento.
“A escolha de Angola comprova o respeito e credibilidade que o nosso país goza a nível internacional na defesa da paz, da amizade e fraternidade entre os povos, assente numa base de diálogo, de mutualismo e de concertação”, sublinhou Carolina Cerqueira.
Nesse sentido, e dirigindo-se à plateia, a ministra da Cultura apelou aos membros da diáspora para “continuarem a dignificar” Angola nos actos e iniciativas que contribuam para “reafirmar a grandeza da alma e identidade angolanas, através de modelos de resiliência, generosidade e determinação, qualidades que os caracterizam”.
Para Carolina Cerqueira, o novo ciclo político que o país conhece “requer de todos o patriotismo e o comprometimento com a defesa do bem comum e do interesse nacional”.
Recorde-se que a semana cultural em Portugal, em saudação à visita do presidente João Lourenço, contou com várias manifestações culturais como moda, gastronomia, música, pintura, dança, artes plásticas e literatura, que contaram, entre outros, com a participação de artistas como Waldemar Bastos, Té Macedo, Nadir Tati, Etona, Edy Tussa, Maria Borges, Rose Palhares e Guilherme Guizefe.
Carolina Cerqueira, que tem feito um muito bom trabalho na área do seu Ministério, salientou – como acima se escreveu – “o respeito e credibilidade que o nosso país goza a nível internacional na defesa da paz, da amizade e fraternidade entre os povos, assente numa base de diálogo”, apelando também aos membros da diáspora para “continuarem a dignificar” Angola nos actos e iniciativas que contribuam para “reafirmar a grandeza da alma e identidade angolanas, através de modelos de resiliência, generosidade e determinação, qualidades que os caracterizam”.
Diáspora significa “dispersão de um povo ou de uma comunidade ou de alguns dos seus elementos”. Ora então, pelo que se viu por mais este exemplo, não há em Portugal brancos na diáspora angolana. Ou há mas são “persona non grata” para o MPLA?
Vejamos um depoimento feito ao Folha 8 mas cujo anonimato mantemos por razões óbvias, desde logo porque o autor não é do MPLA, e que aqui foi publicado no passado dia 14 de Novembro de 2018:
“Eu como sou branco e filho de portugueses não posso ter a nacionalidade Angolana por embora ter nascido em Angola, ser na lógica da actual direcção do país, filho de cidadãos estrangeiros. Ora de facto, à data da independência, e face ao direito internacional, não havia angolanos, todos eram portugueses.
No fundo para muita daquela malta (negra), que aliás faz gala de se intitular genuína, nós os brancos nados em Angola não somos angolanos. Para ser angolano teria de andar a dizer ámen ao MPLA e ser mais negro do que os negros. Mas eu sou branco e culturalmente não tenho nado de bantu. É a vida. Ou se assume um país multirracial ou não. E os ditos genuínos, claramente não assumem tal conceito de um país multirracial. Eu pertenço à tribo branca, mas como em Angola não existiu nem nunca existirá um Mandela, a tribo branca está condenada ao ostracismo.
Os tais auto-intitulados genuínos não perceberam que o conceito de angolanidade apareceu por oposição ao conceito de portugalidade. E que até à chegada dos portugueses àquelas regiões, não havia Angola, mas uma série de reinos que se guerreavam. Angola, goste-se ou não da ideia, é uma criação do colonialismo português com todas as implicações, culturais, sociais, históricas e rácicas, sejam elas boas ou más. É a História. Mas há muito boa gente que quer apagar tal passado apropriando-se do tal conceito de genuinidade. Mas depois bem que colocam o graveto na terra dos tugas. Enfim, tudo como dantes…
Um exemplo do racismo negro foi o que se passou com o Viriato da Cruz, mulato, dirigente do MPLA e um dos maiores intelectuais angolanos. Mas como não era negro, vulgo genuíno, lá teve de entregar a direcção do movimento ao anormal e criminoso do Agostinho Neto, que era genuíno quanto bastava.”
Folha 8 com Lusa