A Televisão Digital Terrestre (TDT) angolana deverá chegar a 117 municípios do país até Junho de 2017, através de um investimento superior a 300 milhões de euros.
Trata-se de um processo que envolve a empresa pública Angola Telecom, através da unidade de negócio Infrasat, e que já levou à escolha, no final de 2013, da norma a utilizar no modelo angolano.
A TDT angolana utilizará a norma DVB-T2, uma evolução da actual norma europeia, também utilizada pelos países africanos.
O director-executivo da Infrasat, António Rocha, que falava à Lusa à margem da Expo Globalcom Angola, reunião anual do mercado das telecomunicações angolano que decorre em Luanda, referiu que a mudança do sinal de televisão de analógico para digital prevê um investimento público de 386 milhões de dólares, sobretudo direccionado para a construção da infra-estrutura.
Neste montante está incluída uma verba de 60 milhões de dólares (47 milhões de euros) para o programa de comunicação, que visa informar a população do processo de mudança para o novo sistema.
Para a coordenação da implementação da TDT já foi criada a Televisão Digital de Angola (TVDA), entidade pública participada pela Angola Telecom e pela Televisão Pública de Angola, e que integrará uma terceira entidade, ainda desconhecida, na sua gestão.
“A previsão é que em Junho de 2017 se possa dar o apagão analógico. Nas áreas que não forem cobertas por uma infra-estrutura terrestre podem ser por satélite, à semelhança do que já foi feito em outros países, e aí a Infrasat pode dar o seu contributo”, acrescentou António Rocha.
Neste processo está previsto o subsídio estatal à aquisição de equipamentos descodificadores do sinal digital para televisores analógicos. Contudo, ainda não é conhecido o modelo comercial de exploração, nomeadamente os canais de televisão a disponibilizar na futura plataforma.
“Está previsto que haja um pacote gratuito, onde estarão os canais atuais e mais alguns de interesse público, para os quais se terá de fazer muito trabalho para incentivar os produtores nacionais a construírem esses canais.
E depois haverá uma abertura a privados, para canais pagos, à semelhança do que tem acontecido em outros países”, disse ainda.
O elevado número de televisores não adaptados ao novo formato de recepção, mesmo com recurso a descodificadores, apresenta-se desde já como uma das dificuldades no processo de migração no sistema angolano, concluiu António Rocha.