ANGOLA. O responsável da estratégia comercial da consultora Aon em Portugal considerou hoje em declarações à Lusa que o risco político de Angola pode melhorar a médio prazo, mas que o panorama geral bastante negativo ainda se mantém.
“O panorama não mudou significativamente do ano passado para este ano, porque a análise que fazemos analisa o histórico, embora tenha uma componente prospectiva; o nível de risco político de Angola não mudou, mas também não se agravou, e a médio prazo a avaliação até pode ser mais favorável”, disse João Mendonça.
Comentando a parte de Angola englobada no relatório sobre o Mapa de Risco Político 2018, hoje divulgado pela consultora de risco político Aon, em parceira com a RiskAdvisory e a Continuum Economics, liderada pelo economista Nouriel Roubini, João Mendonça salientou que “há sinais de mudança positiva, mas olhando para os resultados do mapa que elaborámos, esse reflexo ainda não se materializa”.
Apesar de reconhecer algum melhoramento, nomeadamente com as medidas anunciadas pelo Governo, o responsável da Aon explica que “as tendências são medidas em ciclos longos, e os efeitos de medidas concretas são sempre efeitos a médio prazo, por isso nos últimos tempos não identificámos uma tendência que tenha mudado”.
Angola, vincou, está inserida numa região que é “a mais afectada pela desvalorização em termos de qualidade do risco”, o que é negativo para este país lusófono, que continua com risco regulatório e legal bastante elevado e com um grande risco de interferência da política na actividade económica.
Questionado sobre o impacto do novo Governo em Angola e das medidas reformistas anunciadas pelo Presidente, João Mendonça respondeu que o relatório “ainda não reflecte [essas alterações], mas também não contribuíram negativamente, não agravou os riscos, o que significa que no médio prazo o que teremos é um efeito favorável, porque a estabilidade é por si própria um factor positivo”.
Ainda assim, “genericamente, o país é visto como tendo um risco elevado, está no nível 5 de 1 a 6”, concluiu o responsável.
Para esta análise sobre o risco dos países, a Aon utiliza seis indicadores, sendo o primeiro o risco de Violência Política, que analisa a possibilidade de haver ataques, motins, sabotagens, terrorismo, guerra, guerra civil ou um golpe de Estado, entre outros.
O risco de Transferência de Divisas refere-se ao risco de o país ser incapaz de fazer pagamentos em moeda estrangeira devido à imposição de controlos sobre a moeda local.
O risco de Não Pagamento Soberano tem a ver com o risco de um Governo, empresa pública ou uma entidade governamental não honrar as suas obrigações financeiras.
O risco de Interferência Política relaciona-se com a intervenção governamental na economia ou em outras áreas de políticas que afectem negativamente os interesses fora do país, por exemplo nacionalizações ou expropriações.
As Perturbações à Cadeia de Distribuição revelam-se no risco de haver uma perturbação no fluxo de bens ou serviços do ou para o país em resultado de instabilidade política, social, económica ou ambiental.
Por último, o Risco Regulatório ou Legal é o risco de perdas financeiras ou reputacionais em resultado de dificuldades no cumprimento das leis, regulamentos ou regras de determinado país.
Lusa