ANGOLA. As reservas de divisas em Angola poderão registar este ano uma quebra de cerca de 50% a manter-se o mesmo nível de despesas em moeda estrangeira, afirmou hoje em Luanda o governador do Banco Nacional de Angola (BNA).
José de Lima Massano respondia a preocupações levantadas por deputados no debate que terminou com a aprovação, pelo MPLA com a abstenção da oposição, na generalidade, da proposta de Lei do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2018.
O responsável do banco central angolano referiu que o facto de Angola ter mantido um câmbio fixo nos últimos anos, não significou uma redução de preços na economia, pelo contrário, “provocou sim uma queda acentuada nas reservas” do país.
“Nós no final do ano passado registamos uma queda de reservas na ordem dos 33% e mantendo-se as actuais circunstâncias e, assumindo-se que a nível da receita tenhamos um comportamento muito semelhante daquilo que foi 2017, a nível da despesa em moeda estrangeira, corremos o risco de no final deste ano registarmos uma quebra das nossas reservas em cerca de 50%”, considerou.
Em 2017 as reservas internacionais angolanas renovaram mínimos históricos, em Agosto, caindo para 15.609 milhões de dólares (13,3 mil milhões de euros), metade do valor contabilizado antes da crise, no início de 2014, segundo dados do BNA.
Relativamente à taxa de juro, recentemente ajustada pelo banco central de 16% para 18%, José de Lima Massano salientou que visou, por um lado, proteger os depósitos, e por outro, controlar melhor a liquidez na economia.
Sobre o crédito, o governador do BNA assumiu também a preocupação de mais crédito para a economia, levantado pelos deputados, contudo, gostaria muito que fosse feito com maior segurança.
“Nesta altura, o crédito em situação irregular está acima dos 30% e ao manter-se a este nível poderemos também causar mais problemas à instabilidade do nosso sistema financeiro”, avisou.
Segundo José de Lima Massano, há um conjunto de reformas também inseridas no Programa de Estabilização Macroeconómica, que vai permitir conceder mais créditos à economia, com maior segurança, “mas é necessário trabalhar-se primeiro nessa base”.
“O exercício que estamos a fazer visa proteger a nossa economia, a nossa sociedade e ao mesmo tempo parte do processo de torná-la mais competitiva”, disse José de Lima Massano.
Acrescentou ainda que os esforços feitos causam no primeiro momento “grandes constrangimentos”, mas há a convicção de que “a prazo é o necessário para ajustar-se ao novo contexto da economia, num ambiente já conhecido como o novo normal”.
O OGE para 2018 comporta despesas e receitas de 9,658 biliões de kwanzas (48.300 milhões de euros), prevendo um défice de 697,4 mil milhões de kwanzas (3.500 milhões de euros), equivalente a 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB), traduzindo-se no quinto ano consecutivo de “buraco” nas contas nacionais.
Lusa