A inflação em Angola desceu 1,59% em Fevereiro face a Janeiro de 2025, mas aumentou 25,26% se comparada com o mês de Fevereiro de 2024, anunciou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano.
Segundo o INE, o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) registou uma variação de 1,59% de Janeiro para Fevereiro de 2025, traduzida numa desaceleração de 0,08 pontos percentuais na variação mensal.
O IPCN refere que, quando comparados os preços de Fevereiro deste ano com os preços de Fevereiro de 2024, a “variação homóloga situa-se em 25,26%, registando um acréscimo de 1,19 pontos percentuais”.
“Comparando a variação homóloga actual com a registada em Janeiro verifica-se uma desaceleração de 1,22 pontos percentuais”, refere-se na nota.
A classe “alimentação e bebidas não alcoólicas” foi a que mais contribuiu para o aumento do nível geral de preços com 1,06 ponto percentual durante o mês de Fevereiro, seguida das classes “bens e serviços diversos” com 0,12 ponto percentual, “saúde” com 0,09 ponto percentual e “vestuário e calçado” com 0,08 ponto percentual.
As províncias que registaram menor variação nos preços foram Huambo com 1,34%, Malanje com 1,42% e Luanda com 1,45%, enquanto as que registaram maior variação nos preços foram Cabinda com 2,30%, Huíla com 1,96% e Lunda Norte com 1,95%.
O aumento da inflação homóloga em Fevereiro representa, no entanto, a taxa mais baixa desde Março de 2024, apesar da tendência ligeira da queda mensal dos preços desde maio de 2024, de acordo com dados do INE.
Recorde-se que a consultora Oxford Economics prevê que a inflação em Angola abrande para 19,2% em 2025, depois de subir 28,1% em 2024, e uma degradação do valor da moeda nacional, para 927,4 kwanzas por dólar.
“Projectamos que a média da taxa de câmbio da moeda nacional se enfraqueça, de 871,5 kwanzas por dólar em 2024, para 927,4 kwanzas por dólar este ano, o que vai manter a inflação sob pressão”, escrevem os analistas no comentário à evolução da inflação em Angola.
Na análise, enviada aos clientes, o departamento africano desta consultora britânica aponta para uma previsão de abrandamento da inflação para 19,2% este ano, o que compara com os 28,1% registados, em média, durante o ano passado.
“A nossa visão é que a inflação vai continuar a descer este ano, devido aos efeitos favoráveis de base e à inexistente pressão dos preços das matérias-primas”, escrevem os analistas, vincando que a desvalorização da moeda nacional, para mais de 900 kwanzas por dólar, durante o segundo semestre do ano passado, vai ajudar a abrandar a inflação este ano.
Angola não produz o suficiente para o consumo interno e isso é agravado pela proibição de importações. “Como não há produtos suficientes produzidos em Angola cria-se escassez”, explica reiteradamente o economista Heitor Carvalho, razão pela qual “quando há muita gente à procura de arroz, por exemplo, e não há arroz suficiente o preço sobe, assim acontece com todos os outros produtos”.
“Mesmo com a taxa de câmbio oficial fixa e uma enorme taxa de inflação, esse desequilíbrio entre o que produzimos e o que as pessoas procuram para comer mantém-se. Cortar a importação foi péssimo sob todos os pontos de vista”, diz Heitor Carvalho.
Para o economista, Angola não deve continuar a depender a sua taxa ao sabor do petróleo, mas na produtividade interna em relação à produtividade externa.
Heitor Carvalho rejeita acusações de que os planos do Fundo Monetário Internacional para Angola são responsáveis pela situação, afirmando que o FMI cumpriu o seu papel. “O FMI não tem culpa de nada”, afirmou.
Por seu turno, o economista Alves da Rocha pensa que “a grande razão da desvalorização do Kwanza é que a economia angolana não é forte, não é estruturada, não é diversificada”.
“Quando há um abalo no sector dos petróleos, naturalmente isso repercute-se de imediato nas finanças públicas e na própria economia”, acrescentou o economista para quem “sendo a economia dependente de importação, quando faltam divisas, para suportar estas importações, as dificuldades de funcionamento da economia nacional aumentam e como o kwanza não tem nenhum suporte estrutural, desvaloriza.”
Quanto ao papel do FMI nesta questão cambial, Alves da Rocha pensa que o problema está na fragilidade da nossa estrutura económica.
“O FMI na altura fez o seu papel com os acordos assinados, só que a economia angolana não tem fundamentos, não tem retaguarda, para interiorizar o que de positivo essas medidas tinham, mas é a nossa economia que não tem retaguarda, logo os efeitos perdem-se, não se verificam”, afirmou.
Do ponto de vista do general dono de Angola, nada disto é importante porque o MPLA fez mais e 50 anos do que os portugueses em 500.