MINISTRO RECONHECE INCAPACIDADE DOS CURSOS UNIVERSITÁRIOS

O ministro do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Albano Ferreira, reconheceu à imprensa, quinta-feira, no final da primeira sessão ordinária da Comissão para Implementação e Avaliação do Plano Nacional de Desenvolvimento do Capital Humano realizada em Luanda, que os cursos ministrados nas Universidades de Angola não correspondem às exigências e desafios dos tempos actuais mais voltados à componente tecnológica. E, a UNESCO – Angola revela que não há incentivo para investigadores científicos.

Por Berlantino Dário

A reunião, que foi dirigida pela vice-presidente da República, Esperança da Costa, serviu para apresentar os dados que foram colhidos pela comissão responsável pela implementação e avaliação do Plano Nacional de Desenvolvimento do Capital Humano do qual integram vários departamentos ministeriais com destaque para o do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação.

No final da sessão, Albano Ferreira, na qualidade de responsável pelo ensino superior em Angola, salientou que os 120.000 cursos ministrados no país e que a maioria esmagadora são de Ciências Sociais e Humanas, 73% são da responsabilidade das instituições de ensino superior privadas, e cerca de 30% aproximadamente das instituições públicas, não correspondem com as actuais exigências, sobretudo, tecnológicas.

“Trouxemos a constatação de, no nosso subsistema do ensino superior existir uma oferta formativa muito grande de cursos ligados às humanidades e às áreas sociais. Os cerca de 120.000 cursos, temos 73% são da responsabilidade das instituições do ensino superior privadas, e cerca de 30% aproximadamente das instituições públicas, sendo que a sua maioria atende cursos das áreas das Ciências Sociais e Humanas; sendo que as exigências de desenvolvimento do capital humano apontam agora para a necessidade de nós desenvolvermos cursos de natureza tecnológica. Muito mais alinhadas com as perspectivas de desenvolvimento do país”, esclareceu.

Para contrapor a situação, o ministro garantiu que o Estado vai regularizar as formações nas universidades públicas e privadas para que ministrem cursos prioritários para o desenvolvimento do país.

“Queremos chamar para nós a regulação desta oferta formativa e convidar, sobretudo, os parceiros do subsistema do ensino superior do sector privado no sentido de encontrarmos aqui uma forma de fazermos uma oferta maior de cursos nas áreas de engenharias, nas áreas das tecnologias, nas áreas das ciências prioritárias para o desenvolvimento do nosso país.”

Entretanto, para este ano, segundo Albano Ferreira, vários docentes com o nível de mestres formados na segunda edição dos cursos de mestrado em metodologias específicas de ensino para o ministério do Ensino Superior, podem vir a ingressar para leccionar no Ensino Superior e ver reforçado o quadro de professores mediante a realização de um concurso público.

Para o efeito, o responsável assegurou que diligências serão feitas com o Ministério das Finanças e com o Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social – MAPTSS, no sentido de poder abrir os concursos que permitam o ingresso de novos professores.

Por outro lado, a responsável da UNESCO-ANGOLA, Emingarda Patrícia André Felix Castelbranco revelou, sexta-feira, 21, em Luanda durante o workshop “Mulheres na Ciência – Inovar, Transformar e Inspirar o Futuro” que os meios disponibilizados em Angola para a Ciência e a Investigação Científica estão muito aquém do que é recomendado por organismos internacionais.

O encontro promovido pelo Centro Nacional de Investigação Científica – CNIC, dirigido a investigadores e que visa o executivo elevar até 2027 para 30% a participação feminina na Ciência, Engenharia e Matemática, segundo Emingarda Castelbranco, os baixos investimentos, a pouca produção científica, infra-estruturas limitadas, fuga de cérebros devido à baixa remuneração e à falta de progressão nas carreiras, são alguns dos muitos factores que condicionam a investigação científica no país.

Para sustentar os argumentos, Castelbranco, a título de exemplo, avançou que em 2010, os investimentos para a investigação científica foram na ordem de 0,8% do PIB, ao passo que em 2014, essa verba foi de 0,01%.

“Melhorar as condições de trabalho e de salários. Incentivar a investigação científica de desenvolvimento tecnológico e de Inovação tem de haver incentivos, temos, sim, de fazer parcerias internacionais porque a ciência é internacional, a linguagem da ciência é em Inglês e nós aqui em Angola falamos Português. E a criação de incentivos para captarmos os nossos quadros que estão lá fora. É necessário que haja incentivos”, concluiu.

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