GENERAL FALOU E (NADA) DISSE!

Fazendo (bom) uso da sua experiência no seu reino, o Presidente angolano anunciou hoje que, quando assumir a liderança da União Africana (UA), em Fevereiro, vai intensificar a relação com todos os parceiros internacionais de África para contribuírem ainda mais no vasto programa de construção de infra-estruturas do continente.

O general João Lourenço, que discursava na cerimónia de cumprimentos de Ano Novo pelo corpo diplomático, referiu que considera um passo essencial o reforço da relação com todos os parceiros internacionais de África “para que se reponha justiça e se reforce a amizade e a solidariedade na relação entre a África e o mundo, principalmente entre a África e as potências colonizadoras”.

O também Presidente do MPLA, Titular do Poder Executivo e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas (supostamente apartidárias) salientou que, animado pela confiança que a UA lhe depositou, o executivo angolano vai continuar a colocar toda a sua experiência (pedir fiado, pagar o fiado pedindo mais fiado) ao serviço da paz em África e prosseguirá com todas as diligências possíveis para encontrar soluções viáveis para os conflitos que atingem o continente e “têm minado” o seu desenvolvimento económico.

“Como aquele que opõe a República Democrática do Congo [RD Congo] ao Ruanda – no qual foi mandatado como mediador pela UA -, de maneira a pôr um fim definitivo aos ciclos recorrentes de instabilidade e violência que assolam aquela região”, referiu o líder do MPLA, partido que está no Poder há… 50 anos..

Segundo o general João Lourenço, embora se verifique algum impasse nas discussões para se chegar a um acordo sobre o fim definitivo do conflito no leste da RD Congo, há esperança “de que, apesar dos últimos desenvolvimentos negativos à volta de Goma”, se vai conseguir “ultrapassar as diferenças que ainda persistem e que acabará por se selar a paz definitiva entre a RD Congo e o Ruanda, encerrando assim mais um capítulo da história convulsiva de África”.

“Temos esta mesma preocupação com o Sudão. Um dos graves acontecimentos que aí ocorrem obriga-nos a adoptar uma postura de solidariedade, mais actuante e eficiente para com os cidadãos desse país que enfrentam uma situação humanitária altamente preocupante, níveis alarmantes de destruição de infra-estruturas e um risco severo de insegurança alimentar”, acrescentou.

Sobre a região do Sahel, “que atravessa um momento de retrocessos em termos de direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e de respeito das instituições do Estado democraticamente eleitas, por força dos golpes de Estado e do terrorismo”, o general João Lourenço manifestou também grande preocupação, considerando que a situação requer de todos “um esforço colectivo para se debelarem os males que prevalecem, para que se regresse à ordem constitucional, à paz e segurança das comunidades e dos cidadãos”.

“Estas questões que têm um forte impacto na paz e segurança do continente africano estarão no centro das nossas preocupações a partir do momento em que assumirmos a presidência ‘pro tempore’ da União Africana, em Fevereiro do presente ano”, expressou.

Em relação às acções desenvolvidas por Angola em 2024, o chefe de Estado angolano referiu que o ano de 2025 será encarado “com certo grau de confiança e determinação” para continuar “a trabalhar arduamente” e os objectivos se tornarem realidade. Isto, é claro, num horizonte de mais 50 anos no Poder.

“Temos a firme ambição de colocar a República de Angola na rota do desenvolvimento, cooperando com os países e instituições que representam, com os quais temos procurado manter encontros aos mais variados níveis, incluído aos níveis de chefes de Estado e de Governo”, frisou, dirigindo-se aos diplomatas presentes.

De acordo com o Presidente angolano, com a melhoria do ambiente de negócios no país, “é cada vez mais crescente o número de investidores estrangeiros que têm aplicado em Angola os seus recursos financeiros, técnicos, tecnológicos e outros, com o objectivo de os capitalizar, criando assim importantes activos na economia angolana”.

“Sabemos todos que os resultados destas iniciativas levam algum tempo a produzir o seu impacto sobre o quotidiano das pessoas, mas estamos no caminho certo e os benefícios do intercâmbio que existe entre Angola e os seus parceiros internacionais começarão a fazer-se sentir paulatinamente de forma segura”, vincou.

O general João Lourenço defendeu a preservação das instituições de governação global, considerando que “nenhuma associação de países constituída regionalmente ou sobre uma base qualquer deve pretender assumir ou substituir o papel que está reservado às Nações Unidas”.

Certamente por falta de tempo, o general João Lourenço não abordou o facto de Angola ter de pagar 6,2 mil milhões de dólares (5,9 mil milhões de euros) em 2025, representando 5,2% do Produto Interno Bruto, e 5,4 mil milhões de dólares (5,1 mil milhões de euros) em 2026, representando 4,2% do PIB, o que compara com os 5,4 mil milhões de dólares pagos em 2024, diz a Fitch Ratings numa análise recente à economia angolana, apresentando estes valores como o total de dívida que será paga nestes anos, que inclui os juros e os pagamentos na maturidade dos empréstimos…

Folha 8 com Lusa

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