MAIOR ERRO DE LOURENÇO FOI QUERER SER MESSIAS

O batuque tocado com pele seca anuncia estar o soba em apuros, com a mais baixa popularidade, por saturação dos membros da sanzala, votados ao abandono e à fome. É chegada a hora dos membros do regime começarem a dedilhar a verdade, contabilizar os erros, corrigir as decisões fascistas e boçais, assentes na raiva e na falta de visão estratégica. É hora de inverter, no tempo, porque ainda o há! A situação está feia. Dantescamente miserável!

Por William Tonet

Este é o pior momento, em oito anos! A corrupção selectiva, gerou corrupção generalista, liderada pelo novo clã, destapando a lógica: corrupção não combate a corrupção. Só multiplica! O despesismo aumentou! O PIIM e a contratação simplificada, estão a mão de semear, como prova. Tal como o sexo do cão, há coisas que não se discutem.

A delapidação dos cofres do erário público, em menos de 10 anos, já superou os 38 (anos) de ditadura de José Eduardo dos Santos.

E, desgraçadamente, a insensibilidade, para com os vulneráveis, está no pico da pirâmide, por falta de empatia, para com os 20 milhões de pobres, que vivem com menos de 50 cêntimos ao dia. É indescritível, tamanha insensibilidade.

Por esta razão é preciso, neste momento dramático, apelar a “higiene intelectual” das eminências pardas de todas as tribos partidárias, para estabelecerem, ainda que “underground” um “pacto de apaziguamento da crise”, para travar, não só a visão tresloucada de confrontação de quem está no poder, como os extremistas do lado oposto, que defendem uma revolução por ruptura ou de ingovernabilidade geral.

É preciso evitar um “incêndio das almas” devido à “seca estomacal”, por falta de comida, na casa de 20 milhões de pretos pobres.

As consequências, de uma revolta, serão imprevisíveis, principalmente, se continuar a ser provocada, desrespeita e instigada, diariamente, pela falta de competência da equipa económica, que aumenta impostos, juros (para os pobres pagarem), combustível e preço dos produtos da cesta básica.

Fosse o MPLA um partido comprometido com o bem estar comum e diante o desvario governativo, os seus membros históricos, teriam acantonado a covardia e apontado o dedo em riste, as políticas nefastas implantadas, que beneficiam, exclusivamente, o capital externo, que abocanhou, em cerca de uma década, o que tem de melhor o tecido económico angolano.

Sem ser detentor da soberania económica, sem haver empoderamento do empresariado angolano (diferente de nacional, onde cabe tudo: polaco e chinês, já membros dirigentes do MPLA), sem reforma agrária, sem defesa do camponês, o estado de miséria, prospera na casa de milhões de autóctones, que se abastecem diariamente, nos supermercados contentores de lixo, por culpa de uns poucos do MPLA, que roubam os milhões e milhões de dólares do Estado.

DANOS DA GUERRA DE JLO/MPLA CONTRA JES/MPLA

Em 2017, muitos cidadãos, fora da órbita ideológica do regime, acreditaram, talvez, ingenuamente, que a ascensão de João Lourenço fosse o elixir para a mudança de um cansaço de 38 anos de poder autocrático de José Eduardo dos Santos.

Mas o que estavam longe de imaginar é que, o candidato indigitado, nunca eleito, democraticamente, no seu partido, não conseguisse reunir, uma “task force”, sem impressões digitais, na ladroagem, tão pouco apresentar um programa económico credível, sem “lambebotismo” ao FMI e BM, capaz de valorar as valências das gentes, combater a pobreza, o desemprego e acabar com os pobres, que não conseguem fazer uma refeição ao dia.

Mas, ainda assim, diante deste benefício da dúvida concedido, por milhares, cansados de José Eduardo dos Santos, o novo inquilino da Colina do Sol, João Lourenço não conseguiu farfalhar esse amor, na devida proporção. Diante da fome, inaugurou, alegadamente, uma cadeia despesista, mesmo descobrindo “cofres vazios”, obras milionárias, com decoração italiana, na ala residencial do palácio…

E o povo sem comer… via não o desembarque de arroz, fuba e feijão, mas novas e milionárias Mercedes, quando dela não carecia… Com milhares atirados ao desemprego.

Com a reunião de todos poderes: Presidente da República (não nominalmente eleito) e presidente do MPLA (não eleito democraticamente) os milhões de “admiradores de largada”, visualizam o oposto de Messias, com desembainhar de espadas contra todos quantos contribuíram para a sua chegada ao poder.

Com uma justiça selectiva não perseguiu a corrupção, mas José Eduardo dos Santos e a sua intimidade (filhos, familiares e próximos) que foi, reconheça-se o único, que mesmo contrariado, determinou o seu alavancamento ao topo do partido e do Estado, que muito dificilmente, chegaria, se tivesse que trilhar carris de eleição democrática no MPLA.

Depois adoptou a tese de confiscos, arrestos, prisões, muitas arbitrárias, condenações injustas, negação do contraditório, contra adversários/MPLA, ao ponto de proceder a alterações constitucional, art.º37.º, para legitimar a apropriação indevida de património de arguidos, antes do trânsito em julgado.

Pese essa engenharia, o actual presidente do MPLA, não estancou a roubalheira e corrupção liderada nos últimos 49 anos, por membros seniores do seu partido.

E, passados oito anos, a estratégia do “salvador” falhou. “Dalvamente”, falando “tudo falhou”!

A situação mostra ser João Lourenço, pelo retumbante falhanço da estratégia política, social e económica (que coloca mais de 20 milhões de pobres, na marginalidade), quem mais precisa, paradoxalmente, do carisma de José Eduardo dos Santos (mesmo petrificado num caixão) e da sua entourage, para harmonizar a crise instalada.

Se o antigo líder, era ladrão e corrupto, ele foi o mais honesto, pois cometia ilícitos, para emponderar o seu partido (MPLA, pelo património acumulado é dos mais ricos do mundo) e os seus camaradas, celestialmente, alcandorados no patamar de milionários, com recurso ao erário público. Por isso fraudam a apresentação de bens, entregando envelopes fechados com proibição de escrutínio da PGR e tribunais. Logo, para alguns beira a “traição” e ingratidão, o Presidente da República, na ex-capital colonial, Lisboa, chamar marimbondo a JES, sem que mais valias fossem colhidas, salvo a covardia da cúpula dirigente do MPLA, por temor a sanções ou perca de mordomias.

Por isso o povo clama e distancia-se dos políticos insensíveis e compara, o facto de num passado recente, mesmo com guerra, ocupação territorial, forças estrangeiras, baixa de preço do petróleo, José Eduardo dos Santos, não ter ousado penalizar os cidadãos. Ninguém, no juízo perfeito, comia nos contentores de lixo, porque JES, ao mesmo tempo que dava “Filé mignon” e “Picanha” aos dirigentes do MPLA, reunia frieza, para baixar os preços da cesta básica, dos bilhetes de viagem e do acesso ao dólar, por parte da classe intermédia e os pobres, que faziam refeições ao dia.

Hoje no esteio da adopção subserviente das políticas do FMI e BM, que promovem a privatização dos grandes grupos económicos estatais, venda das terras, ferrovias, minas, ao capital estrangeiro e fundamentalistas islâmicos, até a mixa do povo, João Lourenço tirou.

Os empreendedores, antes no topo, queixam-se do modelo actual, se comparado ao de JES que impunha, investimentos estrangeiros, em parceria com angolanos (51% – 49%), para os emponderar, através de fundos da SONANGOL e ENDIAMA, que a par dos, BPC, BCI, TAAG, ENSA e outras se opunha a privatização. Hoje eles voltaram à pobreza, pois os estrangeiros podem constituir empresas a 100%.

JLO empenhou-se em derrotar a política anterior, como se fosse de um inimigo, “assassinando o seu carácter”: maribondo mor e outros epítetos. Oito anos depois, mesmo na tumba, José Eduardo não conseguiu ser destruído, pelo contrário, foi canonizado diante dos pobres, que sem entrarem no mérito, dizem: “nos devolva só o nosso gatuno!” Não comiam no lixo.

Dos Santos era mais empático, para com os pobres e adverso às regras severas do Fundo Monetário Internacional. Hoje é o inverso.

Neste pote, não se inclui Boavida Neto, que reconhece o valor e o contributo que JES deu ao enriquecimento dos, hoje milionários, que o combatem, mas roubam mais do que ontem.

Para a situação de crise ser alterada é preciso que o MPLA (por ser transversal em todos os órgãos do Estado), tenha consciência dos danos causados pela política insana que a liderança tem percorrido, dando tiros nos próprios pés, humilhando a oposição e a sociedade civil, vulgarizando a justiça, apadrinhando genocídios e assassinatos selectivos. Além de beneficiar monopólios, especuladores e radicais islâmicos, que, também, controlam o mercado de lavagem de dinheiro.

O MPLA tornando-se “entregacionista” da soberania económica, corre sério risco de implosão e de maior repulsa popular.

Os altos índices de rejeição, devem consciencializar João Lourenço, a adoptar a humildade, conciliando-se com os seus (MPLA) e os povos em geral, que assistem a paixão presidencial pelos grandes hospitais, na maioria ineficazes, contra o descaso em relação à fome e miséria. Ele e o seu Executivo, são quem mais precisa do MPLA e dos populares e não o contrário.

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