O início das operações de campo do Censo Geral da População e da Habitação 2024 está a ser marcado por sucessivos desentendimentos e manifestações dos recenseadores contra supostas violações dos contratos de trabalho, péssimas condições de alimentação e a submissão dos candidatos já admitidos a novas provas para a exclusão de alguns. O director-geral do INE (Instituto Nacional de Estatística), José Calengi, reconhece a existência de problemas de organização e logística, pelo que promete melhorias no processo.
As operações de campo do processo censitário tiveram início no dia 19 de Setembro em todo o território do país, centradas ainda na recolha de informação dos sem-abrigo e entidades provinciais. Depois desta fase, “poderemos massivamente entrar para os agregados familiares”, anunciou na noite desta quinta-feira, José Calengi, quando procedia ao balanço das primeiras horas do dia do início do Censo, que ficou igualmente marcado por sucessivas manifestações dos recenseadores contra supostas violações da cláusula 3ª do contrato de trabalho público referente a remuneração.
“Era suposto recebermos 156 mil kwanzas, mas agora só poderemos receber 140 mil kwanzas”, denunciaram em anonimato ao Folha 8 recenseadores na província do Zaire que se negam assinar os contratos de trabalho.
Fonte próxima ao Governo Provincial do Zaire confirma a ocorrência de manifestações em Mbanza Congo devido ao reajuste dos valores remuneratórios dos recenseadores. Porém, explica que este não é um problema somente local. O reajuste de última hora do valor inicialmente anunciado para a remuneração dos recenseadores de 156 mil kwanzas para 140 mil kwanzas vai ocorrer em todo o país.
Na província da Huíla, os protestos estão a ser motivados pela “má alimentação dos agentes recenseadores” que exigem a melhoria da logística. O anúncio para a realização de nova prova de exclusão para a redução do número de recenseadores considerado ainda excessivo não agrada os candidatos admitidos no processo de formação para agentes de campo durante 10 dias, por essa razão, quatro dias antes do início das operações de campo fizeram-se as ruas para publicamente manifestar-se contra a decisão INE.
DIRECTOR-GERAL DO INE RECONHECE PROBLEMAS
Sem identificar as áreas com insuficiências e que carecem de intervenção urgente para se ultrapassar os problemas que mancham o processo de recenseamento geral da população e habitação no ano de 2024, José Calengi, assume a existência da necessidade de se melhorar em “algumas situações”.
“Acreditamos que ao longo de todo o processo continuaremos a melhorar no sentido de se atingir a condição óptima”. Em relação aos objectivos definidos para o início das operações de campo, José Calengi, na qualidade de coordenador do Grupo Técnico de Apoio à Comissão Multissectorial do Censo, que falava no Centro de Imprensa Aníbal de Melo (CIAM), em Luanda, para proceder ao balanço do primeiro dia de recolha de dados em todo o país considerou “cumpridos” os objectivos definidos, “tendo em conta a abrangência que tivemos no recenseamento dos sem abrigos”.
“É claro que este exercício vai continuar, porque precisaremos e deveremos também abranger as instituições colectivas que nós consideramos também especiais, no sentido de podermos então depois desta fase podermos massivamente entrar para os agregados familiares”, destacou.