CAROLINA E QUIOSA DESFILAM NA “PASSERELLE” DE CABINDA

Num verdadeiro desfile de… moda, a presidente da Assembleia Nacional do MPLA, Carolina Cerqueira, apontou, em Cabinda, a aposta num programa de modernização dos gabinetes locais de apoio aos círculos eleitorais provinciais, para conferir melhores condições de trabalho e de acomodação aos deputados.

Carolina Cerqueira proferiu estas declarações após o acto da reinauguração (ou seja, voltar a inaugurar e abrindo caminho para que outros dirigentes do MPLA voltem a… inaugurar) do edifício do gabinete local de apoio ao círculo eleitoral de Cabinda.

A líder do Parlamento angolano salientou a importância da criação de condições técnicas, materiais e físicas necessárias para que os deputados possam desenvolver dignamente o seu trabalho. Por outras palavras, os deputados não têm condições de trabalho. Nem em Cabinda nem em qualquer província do reino.

Carolina Cerqueira referiu que o processo de modernização coloca à disposição dos deputados vários instrumentos importantes, tanto do ponto de vista tecnológico como de documentação.

Para tal, disse, espera um bom entendimento e entrosamento no domínio da cooperação e de solidariedade institucional entre os representantes do povo (estaria a falar de deputados?) e os organismos do Executivo, que é a autoridade governativa ao nível da província de Cabinda.

Para a governadora de Cabinda, Mara Quiosa, a reinauguração das instalações representa uma ocasião especial e particular, por serem estes altos representantes do povo angolano.

“Esta é uma prova inequívoca que é dada à província de Cabinda pelos três poderes instituídos, o Legislativo, Executivo e Judicial, justificando a especificidade tendo em conta a descontinuidade geográfica que caracteriza a localização esta região do território nacional”, referiu a criatura que o MPLA escolheu para dirigira colónia.

O edifício, que durante seis meses recebeu obras de restauração, proporcionará, doravante, melhores condições de trabalho aos cinco deputados do círculo provincial e não só. Foram melhorados os sete gabinetes para deputados, duas salas de reuniões, a instalação de novo sistema informático para vídeo-conferências, além do gabinete de apoio aos serviços administrativos.

Recorde-se que a governadora de Cabinda, Mara Quiosa, prometeu “maior comprometimento, mais proximidade e valorização dos recursos humanos” locais, sobretudo atenção especial com a juventude, procurando responder às aspirações do povo. Já não é mau. A governadora sabe que em Cabinda existe… povo.

“Entendemos que Cabinda é uma província com muitos desafios, naturalmente à semelhança de outras. O que nós queremos agora é de termos uma governação cada vez mais de proximidade, cada vez mais participativa”, afirmou a governante, em Luanda.

A “nossa perspectiva é de continuidade, continuarmos a trabalhar com os projectos já iniciados a nível da província de Cabinda, temos projectos estruturantes para aquela província, sem desprimor para a continuação da implementação do PIIM (Plano Integrado de Intervenção nos Municípios)”, frisou.

“Vamos trabalhar com todos e todas. Na nossa província fala-se muito da questão dos seus recursos naturais, mas é preciso fazermos também um grande investimento em torno de um outro grande recurso que consideramos essenciais que são os recursos humanos”, explicou a governadora, 48 anos depois de o MPLA ser também dono de Cabinda, território que ocupou em Novembro de 1975.

Mara Quiosa foi nomeada como nova governadora de Cabinda em substituição de Marcos Alexandre Nhunga, no âmbito da composição do novo governo, após as eleições de 24 de Agosto de 2022 que o MPLA perdeu nas urnas mas venceu na CNE e no Tribunal Constitucional, duas das suas diversas sucursais.

A governadora prometeu maior comunicação e proximidade: “É preciso comunicarmos bem, porque, de facto, sentimos que, às vezes, o que nos falta é de facto esta aproximação”.

“O nosso executivo está com grandes projectos, estamos com muitas realizações a nível da província e é importante que as nossas populações saibam o que está a acontecer e acompanhem todo esse crescimento que a província tem estado a verificar”, realçou.

Por outro lado, “uma atenção especial será dada à nossa juventude, aos jovens da província, naquilo que à empregabilidade diz respeito e também no âmbito da promoção contínua da habitação para os nossos jovens”, apontou.

Nas eleições de 24 de Agosto, apesar da fraude, a UNITA, que continua a ser o maior partido da oposição apesar de ter vencido, de facto, as eleições, elegeu quatro deputados naquele círculo provincial, um resultado histórico, contra apenas um deputado do MPLA, no poder. É claro que um deputado do MPLA vale por 100…

Questionada se os resultados eleitorais deveriam implicar uma dinâmica redobrada para a província, a governadora respondeu que “é preciso comprometimento com o trabalho”.

“É preciso perceber quais são as grandes aspirações do povo de Cabinda e nós vamos trabalhar nesse sentido. É possível sim mudar o quadro, o que temos que fazer é trabalhar mais, estarmos mais envolvidos e estarmos cada vez mais próximos das nossas populações”, respondeu.

Para, dessa forma, “podermos identificarmos as suas grandes preocupações e com elas podermos melhorar e corrigir cada vez mais a nossa actuação”, concluiu Mara Quiosa, que na legislatura cessante governou a província do Bengo.

A Frente para a Libertação do Estado de Cabinda – Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) mantém há vários anos uma luta pela independência do território, de onde provém grande parte do petróleo angolano, alegando (e bem) que o enclave era um protectorado português – tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885 – e não parte integrante do território angolano.

O Governo angolano (sempre o mesmo desde 1975) recusa normalmente reconhecer a existência de soldados mortos resultantes de acções de guerrilha dos independentistas, ou qualquer situação de instabilidade naquela província do norte de Angola, sublinhando sempre a unidade do território.

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