Acusações de racismo, xenofobia e intolerância na Ucrânia

À Redacção do Folha 8 têm chegado apelos e denúncias sobre a forma como os africanos (e não só) estão a ser tratados na Ucrânia. A denúncia que agora revelamos salienta, igualmente, que tudo se passa perante o “olhar impávido e sereno dos representantes diplomáticos de países africanos que fingem não ver”.

«Sou cidadão africano e vivo na Ucrânia há 23 anos. Sou casado com uma ucraniana e temos 2 filhos de 8 e 13 anos, respectivamente, que nasceram aqui na Ucrânia. Falo em nome de mais de 100 famílias africanas que vivemos e trabalhamos aqui na Ucrânia, em vários ramos de actividade, há mais de 15 anos e que neste momento estamos travados na fronteira com a Polónia, Hungria, Eslováquia e Moldávia.

Viemos de cidades como Kirovohrad, Kmenytsky, Chernivtsi, Lutsk, Lviv, Hitomir e Kiev. Mais de 30 são crianças menores de 16 anos e alguns adultos com mais de 60 anos de idade.

Desde o início da invasão russa, o Governo da Ucrânia está cometendo atrocidades contra cidadãos estrangeiros, principalmente africanos, indianos e alguns dos seus próprios cidadãos. As Televisões ocidentais não estão a noticiar estas atrocidades por estarem a ser proibidas pelos seus próprios países e pelo Governo Ucraniano.

Consiste no seguinte:
– Na evacuação dos cidadãos em fuga, das principais cidades ucranianas, para as fronteiras de outros países (que não a Rússia), não têm prioridade nos transportes postos à disposição pelo Governo.

São cidadãos africanos (principalmente negros) e indianos; cidadãs ucranianas casadas com africanos (principalmente negros) e respectivos filhos; o mesmo para cidadãos indianos ou seus cônjuges ucranianos e respectivos descendentes.

Muitos cidadãos nessas condições foram retirados dos autocarros para darem o lugar para cidadãos de países europeus (de raça branca). Nos metros e outros meios de transportes é a mesma coisa. Criaram vagões nos transportes ferroviários apenas para africanos ou para cidadãs ucranianas casadas com africanos, sem as mínimas condições, sujas e abarrotadas como se transportassem animais (aqui até os bois vão mais a vontade quando transportados em vagões); autocarros especialmente para africanos e seus descendentes e esposas ucranianas onde mais nenhum branco europeu entra, onde uns vão, praticamente, em cima dos outros em viagens de mais de 5 horas, de pé.

Há autocarros que vão quase vazios e preferem ir assim do que levar um ‘chorniy’ (preto), como nós chamam ou um ‘korichnyeviy’ (castanho), como chamam aos indianos. Africanos e esposas de africanos e seus filhos não podem ser misturados no mesmo autocarro ou na mesma fila para transporte. Nas fronteiras dos países europeus, a situação de prioridades é a mesma e, se reclamada, não entras mesmo e podes ser preso como sabotador agente russo.

Isto se passa sob o olhar impávido e sereno dos representantes diplomáticos de países africanos que fingem não ver e mesmo vendo seus familiares a sofrerem com isto, não reagem.

Os cidadãos ucranianos, cidadãos ucranianos de origem russa e as Testemunhas de Jeová (com idade entre os 18 e os 60 anos) que não aceitam receber armas para combater contra o exército russo, são acusados de provocadores e agentes da Rússia, e estão a ser lavados em camiões para local incerto e, pura e simplesmente, não regressam a casa. Testemunhas dizem que estão a ser fuzilados. Alguns de nós tivemos que voltar para as nossas casas (algumas em escombros) a espera que Deus nos proteja.

Por favor, ajudem a espalhar estas notícias que não passam nas televisões ocidentais e se colocares no Facebook és bloqueado por 72 horas, para que o mundo saiba, a ONU e os nossos países africanos!»

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