O ambiente político está tenso, podre, raivoso, como nunca antes. A porcaria e podridão verbal substituíram a civilidade e urbanidade política, porque, num de repente, o MPLA, melhor, muitos dos dirigentes da sua “Geração 2017”, prefere baixar ao submundo fecal, principalmente, quando falhos de argumentos e retórica para vencer os adversários políticos.
Por William Tonet
Os ataques a Adalberto da Costa Júnior, a campanha demoníaca da comunicação social pública e privada instrumental, mostram o pavor que o seu oponente tem. É irracional não ter tempo de antena o líder da UNITA, mas terem os seus detractores, agenciados pela secreta partidocrata. Voluntária ou involuntariamente, isto denota receio do cabeça-de-lista do MPLA em confrontá-lo num debate pré-eleitoral.
Quando um partido prepara uma sala sumptuosa para quem diz ter baixos salários e em atraso, não custa perceber que se poderá estar na presença de agentes infiltrados de baixo quilate, face à desarticulada verborreia de, sendo trabalhadores dos armazéns, saberem que o chefe que trabalha na Maianga levou 400 milhões de Kwanzas para ir comprar uma MAÇÃ!
Vergonhosa comparação, que repugnaria Eva, que seguramente nunca aceitaria que a serpente deste politiqueiro perfurasse a sua, como fez Adão, no paraíso. Confundir maçã, com mansão, não é burrice, mas traição, não só do autor mas dos promotores deste teatro de fantoches.
Definitivamente, este MPLA precisa de higiene intelectual, porque está a banalizar a política e a instrumentalizar os tribunais, como o Supremo que, para agradar ao chefe “ordens superiores”, confisca as contas da UNITA, esta última no cifrão citado pelo fantoche: 400 milhões. Putrefacta justiça!
Os autodenominados mais iluminados, preparados para governar, não conseguem ver o óbvio: a incompetência de quatro décadas e meia. Ela grassa no seu interior, numa clara demonstração de analfabetismo do abecedário de gestão da administração pública, de tal monta que desconseguem contar, até hoje, as vassouras e baldes, para limpar a cidade capital (talvez precisem de mais 55 anos), onde vive o próprio presidente do MPLA e da República, não nominalmente eleito.
Nesta esquina cabe como uma luva o provérbio chinês: “Onde a água é poluída, o peixe morre; onde o governo é injusto, o povo se revolta. Uma nação sem justiça perece, mesmo que seja grande”.
Se a maioria da elite do MPLA continuar covarde, impávida e serena, sem aconselhar o seu presidente, face ao rumo desastroso do país, por causa das mordomias, não se poderá eximir de culpas no futuro, quando a insatisfação social invadir as avenidas.
É preciso agir, com consciência republicana e não raivosa, como a implantada, cegamente, contra os adversários internos, para os humilhar, como no caso do clã José Eduardo dos Santos, quando poderiam optar pela conciliação interna, para resolução dos grandes diferendos.
O Presidente da República não teve pejo para consolidar o seu poder e satisfazer os novos colonialistas, que vêm pela forma de investidores, atrelados no FMI (Fundo Monetário Internacional) de fazer o jogo ocidental, arremessando farpas abjectas, contra quem lhe entregou o poder de bandeja, evitando, inclusive que passasse no crivo eleitoral interno, onde as hipóteses poderiam ser mais difíceis ou diminutas.
Na antiga capital colonial: Lisboa, a decisão inamistosa de eleger Dos Santos (responsável de o MPLA ser o partido mais rico do mundo e os seus dirigentes em proprietários vorazes), como o maior gatuno, maior corrupto, maior marimbondo, foram pecados capitais. Em Angola, em África, na América Latina, Ásia e no Médio Oriente, quando isso acontece, o resultado é inverso e a desgraça acompanha o consulado do “humilhador”.
O descalabro económico e social do país, face ao emotivo erro primário, indicia como a permanente navegação, em águas turvas do MPLA, é perniciosa para a maioria dos angolanos. Quem é incompetente de se reconciliar internamente, não tem capacidade de reconciliar o país, face às semelhanças camaleónicas, que porta.
Se depois de terem confiscado toda a riqueza ilícita ou lícita do clã Dos Santos, prendido o filho varão, arrestado o património dos seus lugares tenentes: Kopelipa e Dino, uma pergunta não se cala, porque não melhora a situação, se afinal eles eram a causa da situação? É preciso reflectir e a desculpa esfarrapada de não se ter recuperado tudo, não colhe.
Hoje é revoltante ver ao que chegamos, com o alto índice de desemprego, para atender aos caprichos do FMI, que aumenta os impostos e a inflação, em prejuízo do empresariado angolano e beneficio dos investidores estrangeiros, que em três anos, dominam a economia nacional.
É revoltante ver como está o Kero e o Candando, não tanto pelo que já não têm de itens, mas pelo elevado número de trabalhadores que não tendo nada a ver com a corrupção e as birras entre JES e JLO, estão a votar as famílias à fome e à miséria.
É um crime ver a SONANGOL entregar à TOTAL, petrolífera francesa, para gestão e exploração as bombas de combustível, quando uma demissão da estatal, poderiam potenciar os empresários angolanos. Isso não é economia de mercado. É CRIME DE MERCADO, passível de procedimento criminal, por comprometer a própria independência material, ante a inépcia dos dirigentes defenderem uma independência imaterial.
A educação está mais elitizada, distante dos pobres e da qualidade requerida, num país que quer sair do subdesenvolvimento os professores não deveriam ter salários de miséria. Um empregado de limpeza, ganha mais do que um docente universitário, que tem uma avença mensal indigna, entre 50 a 60 mil, cifra que alimenta a mediocridade do ensino neste nível, porque se as instituições fingem que pagam, os professores fingem que ensinam.
Mas, o mais grave é haver um Executivo, que aplaude uma instituição, como a Escola Internacional, com uma propina trimestral de 5 milhões de kwanzas, quando o salário de um ministro não chega a 1 milhão, indiciando a manutenção da corrupção, estando repleta de filhos dos governantes. Num país sério, seriam alvo de procedimento criminal, esta e outras instituições do mesmo quilate especulativo, mas, infelizmente, Angola ainda não é, nem um país sério, nem Estado de direito e democrático.
Lutemos e unamo-nos, para construir, todos, na próxima aurora, uma terra de harmonia social, justiça e alternância política, distante da habitual fraude e batota eleitoral.