Nos últimos tempos, um conjunto de actos mostram o desnorte, falta de rumo e de higiene intelectual empreendida pela elite partidocrata, no que tange ao confronto com o adversário político.
Por William Tonet
A obsessão pela consolidação do poder absoluto, cega o objecto maior, uma vez não ser o MPLA/2017, uma virgem inocente, nem o actual líder – o Messias – indicado para conduzir os povos de Angola, à terra prometida. Um e outro, pelo volume da fome, miséria, seca e desemprego, são catalogados por vozes livres da cidadania, como a encarnação verdadeira do mal, responsáveis e cúmplices da contínua ladroagem do erário público, da corrupção, dos assassinatos políticos e do genocídio de populações, iniciadas em 1975, por Agostinho Neto, tudo em nome da perpetuação do poder e ditadura.
O cenário eleitoral, no seio do MPLA, está a causar muitos tremores e resfriados, entre a cúpula dirigente: os incendiários lourencistas e os humilhados marimbondistas, que esperam ser exaltados nas urnas de voto, com o fim do autoritarismo.
O despropósito de Rui Falcão e Bento Bento que se atiraram de forma deselegante e boçal contra os seus camaradas por não aparecerem no comício não lembra ao diabo, pois os dois nunca foram antes vistos, também, nas molduras dos militantes, senão para ficarem no palanque, como figuras de proa. Neste momento esse ataque é despropositado, por acirrar ainda mais as lutas intestinais e fragilizar João Lourenço, que já está a anunciar, através dos seus cabos eleitorais, que no congresso vão entrar apenas “yes man”, gente que não pensa, seguidores descomprometidos, em suma muita mediocridade e infantilidade, que serão a procissão fúnebre de um partido cada vez mais dividido.
Que moral tem Rui Falcão para atacar indistintamente? Quantas vezes ele esteve no meio da moldura humana, como um qualquer militante, sem direito a cobertura, cadeira e vestimenta paga com o dinheiro público e dos militantes?
“Ele, camarada Rui Falcão é um vigarista, que até tem quotas em atraso, fica muito tempo com elas sem pagar e não tem salários atrasados, nem de miséria. É um grande cínico, aldrabão, maldoso e corrupto, que por fazer parte das amizades do camarada João Lourenço acha poder ofender todo o mundo, publicamente, como o fez no comício, em Luanda, como se fosse o mais fiel e honesto militante do MPLA, quando o seu passado tenebroso, tem impressões nos corredores das organizações de apoio da PIDE-DGS, do tempo colonial, daí não podermos estranhar o “modus operandi, de um camaleão, que muda de acordo cm a vegetação”, confidenciou ao F8, Policarpo Nganda Rosa, militante do MPLA.
Não querendo perder fôlego ou temendo ser interrompido, asseverou: “sou militante da primeira hora: Dona Amália, quando chegou a primeira delegação do MPLA, no Rangel, estes dois imberbes conhecem-me e lendo estas minhas declarações, facilmente, chegarão à minha pessoa. Também sabem, que não os temo, até por ter muito menos mãos manchadas de dinheiro roubado do que eles, enquanto governadores, onde roubaram que nem nababos, aboletando-se de mansões e carrões, distribuídos inclusive, para os filhos que nunca trabalharam, enquanto eu e muitos militantes, sempre ofendidos e humilhados, andamos de candongueiro ou motorizadas. Falarem dos carros e mansões dos outros, como se vivessem em chimbecos é de uma hipocrisia sem precedentes, pois eles têm património herdado do dinheiro da corrupção, enquanto governadores, diferente de nós, que vivemos em cubatas ou apartamentos de um e dois quartos. É uma vigarice e maldade desses camaradas, pois eu sei e tenho documentos, que um dia posso mostrar para provar, terem os dois, também, casas e carros em Portugal, além de outras negociatas. Mas se é para destruirmos de vez o partido, como pretendem estes dois vira-latas, então, vamos à luta, apesar de isso ser muito feio, estando a ser liderado pelo camarada presidente João Lourenço, que lhe entregaram o partido de bandeja, sem ter passado em eleições democráticas, como na UNITA e contribuir para hoje sermos alvos de toda a chacota popular, inclusive de muitos familiares nossos, por estarmos a dar tiros nos próprios pés, levando mesmo até os nossos adversários e inimigos, a pedirem e gritarem pelo regresso do camarada José Eduardo dos Santos, para salvar o partido e o país, destes traidores, que se lambuzaram à grande e à francesa no tempo dele e agora apunhalam-no, covardemente”, concluiu.
Palavras, para quê, diante desta guerra interna, entre “O MPLA QUE ROUBOU MENOS (agora no poder) E O MPLA QUE ROUBOU MAIS (agora marimbondos), sendo, ao que parece, não estar em causa a falta de oportunidade dos dois, pois ambos se lambuzaram na gamela da delapidação do erário público, mas da burrice e opacidade mental de um dos grupos, que vingativamente, acha tudo se resolver, prendendo, assassinando, destruindo o património dos outros irmãos, indiferentes aos milhões mandados para o desemprego.
A instabilidade social é irmã do desemprego e aliada das convulsões sociais, que o MPLA só sabe lidar com assassinatos, como os de Kafunfu, no mais recente genocídio, insusceptível de amnistia e imprescritível, logo, num ano de qualquer época os responsáveis, vide exemplo, dos nazistas, poderão ser levados aos bancos dos réus.
O que estará na base de toda esta palhaçada no maior partido político angolano, com 46 anos de governação?
A maioria acredita não ser só temor, por demais demonstrado, por Adalberto da Costa Júnior, que tem uma máquina da comunicação social pública, com dezenas de comentadores de pacotilha, para o atacar, nem a UNITA, com a sua fiel base eleitoral de apoio, mas a consciência plena, de grande parte da juventude, intelectuais, principalmente, depois da campanha racista e muitos dos cidadãos, mandados selvaticamente, para o desemprego, reforma militar, sem pensão, delinquência e prostituição, estarem cansados e unidos no grande partido: BASTA MPLA!
As pesquisas encomendadas aos brasileiros, alojados na ORION (empresa de marketing de dirigentes do MPLA) dão uma clara derrota, segundo analistas internos, pois os sucessivos erros e falta de uma estratégia do líder, lançaram as sementes de uma previsível derrota, nas urnas ou na fraude eleitoral, diz o especialistas em marketing eleitoral, Jonuel Braga.
“O MPLA não está preparado para a derrota, mas para uma guerra civil, caso a UNITA e o seu candidato ganhe as eleições de 2022, como tudo aponta possa vir a acontecer, pois já é muito tarde para inverter de forma transparente a tendência de voto”, disse ao F8, descartando uma transição de poder, pois das conversas que tem tido com os dirigentes do MPLA o que lhe passam é: “não admitem de nenhum jeito a derrota e a entrega do poder à UNITA, que ainda consideram ser um partido de menos dotados, para governar o país, mesmo diante de tanta baboseira e besteira dos caras, todos os dias”, assegurou Jonuel Braga.
Se este sentimento for verdadeiro o país conhecerá dias tenebrosos, a incipiente democracia e seus amantes serão aprisionados e as liberdades de expressão, imprensa e movimentos, assassinadas pela ditadura.
É um cenário triste, pois vai uma vez mais imperar a lógica da batata na lei da batota, não espantando que emissários de muitos governantes (ministros) e dirigentes do MPLA, estejam em romaria na compra de casas em Portugal, Brasil e Dubai. “Sei do homem do bombó, ao matabicho e mais sete ministros, terem tido emissários a comprar vivendas, em Portugal, maiores das que tinham antes, sem mesmo se desfazerem delas”, denunciou João Nabeiro, corretor imobiliário, que diz: “esta nova investida dos angolanos, antecedida dos chineses é a responsável pela subida dos imóveis, em Portugal, mesmo em tempo de crise, devido à pandemia do COVID-19”.
A ser verdade, a preparação de fuga antecipada das famílias dos dirigentes do regime, no final e princípio do próximo ano, estar-se-á na presença de um cenário sombrio, adensado pelas últimas aquisições de armas e meios militares, por parte do Presidente da República, avaliadas em cerca de 280 milhões de dólares à China, Rússia, Alemanha, França e Portugal.
MAGISTRADOS ALGOZES NÃO GARANTEM JUSTIÇA MAS FRAUDE
“Um partido sem democracia interna, liderado com métodos autocráticos, avesso a críticas e ao respeito pelas regras da transparência, não se lhe pode exigir, de repente, que aceite as regras da lisura e ética, numa disputa eleitoral. Isso será pedir demais ao MPLA”, explica ao F8, o especialista em controlo e campanhas eleitorais, Francisco João António, que já fiscalizou, pela ONU, eleições na América Latina e África, ao considerar, no caso angolano, estar o Galo Negro, mais preparado para tal cenário. “A UNITA talvez aceite melhor, mesmo que venha a saber, ter sido batotada, face à correlação de forças, que lhe é desfavorável, nos órgãos eleitorais: CNE e o juiz, Dr. Manuel da Silva e da Justiça: Tribunal Supremo e Constitucional, com juízes, considerados pelos angolanos como corruptos, penderem para o lado do MPLA e do futuro candidato, João Lourenço, que os alimentou e alimenta de mordomias, fruto de roubos ao erário público de Angola, que a comunidade internacional tem conhecimento”, assegura mas deixa um sério recado: “não sei qual será, em 2022, a tolerância dos países ocidentais, nomeadamente, Estados Unidos, Inglaterra, França, Holanda, Alemanha e Bélgica, aos quais se poderá, para surpresa geral, juntar a Rússia, Ucrânia e Turquia”, salientou.
Em definitivo, a guerra entre dois irmãos desavindos, filhos da mesma mãe: MPLA, alimentados pelo mesmo pai: Corrupção, pode levar o país a conhecer momentos mais tenebrosos do que os anteriores, uma vez a polícia ter sido equipada com MÍSSEIS terra-ar, como disse o comandante da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, logo não são para serem exibidos em desfiles comemorativos, mas, quiçá, para “matar” qualquer manifestação contrária aos desígnios do regime, por mais justa, honesta, sincera e civilizada que seja. Vamos refrescar a memória do leitor, levando-o a 2 de Fevereiro de 2021, para reler as declarações dantescas deste alto oficial da Polícia a propósito da pacífica manifestação de Kafunfu, que a sua tropa policial disparou sem apelo nem agravo: “O Estado não tem proporcionalidade, você quando está a atacar a unidade, o Estado, o símbolo, está a atacar o povo”, explicou o belicista comandante Paulo de Almeida, acrescentando: “Aqueles que tentarem invadir as esquadras ou qualquer outra instituição para tomada de poder, vão ter resposta pronta, eficiente e desproporcional da Polícia Nacional”. Ora os manifestantes não tentarem e levaram chumbo, logo os que o fizerem em 2022, atentem ao que lhes espera: “Você está a atacar o Estado angolano com faca, ele responde-te com pistola, se você estiver a atacar com pistola ele responde com AKM, se você estiver a atacar com AKM, ele responde com bazuca, se você estiver a atacar com bazuca, ele responde com míssil, seja terra-terra, terra-mar ou ainda que for um intercontinental, vai dar a volta depois vai atacar”. Esta é a postura belicista de qualquer polícia de viés partidocrata, logo garantia de perpetuação do actual regime.
Não espanta pois que, nos últimos tempos, um homem da justiça, João Kalunga, tenha denunciado a postura ambiciosa, beirando a corrupção, com a tentativa de “surripiação” de bens imóveis e móveis arrestados, a cidadãos ainda não julgados e condenados, pelo “venerando Conselheiro Juiz Presidente do Tribunal Supremo e do Conselho Superior da Magistratura Judicial, Joel Leonardo, que instou ao Procurador-Geral da República, Hélder Pitta Grós, e ao Ministro da Justiça, Francisco Queiroz, enquanto administradores do Cofre Geral da Justiça e fiéis depositários do património apreendido dos processos de recuperação de activos do Serviço Nacional de Recuperação de Activos da PGR, que lhe fosse simplificado a entrada nas moradias dos arguidos: Carlos São Vicente e Joaquim Sebastião. As residências em questão de Carlos São Vicente estão no condomínio SODIMO: n.ºs 29, 30, 31, 32, 33 e 34, no Bairro da Praia do Bispo, em Luanda e o imóvel de Joaquim Sebastião, no Bairro Talatona, na Rua CRS20”.
O Presidente do Tribunal Supremo que deveria ter um comportamento ético, republicano e de escravo do direito, parece ter uma intimidade com métodos de taberna, pois, segundo a acusação, fez-se, no dia 26 de Junho, acompanhar da esposa, demonstrando a sua ambição, em relação a bens alheios de tal forma, se dúvidas houvesse, bastaria, nesse quesito, constatar ser a empresa de Bela Leonardo (mulher do presidente), quem fornece, subfacturadamente, pequeno-almoço e almoços, aos funcionários do Tribunal Supremo. Então este homem julgou e condenou, Augusto Tomás pelo crime de peculato e nepotismo e não sabe que tipo legal é o praticado por si, com este contrato milionário, em causa própria?
Não espanta pois, que este juiz-brigadeiro, tenha indeferido os três pedidos de “habeas corpus” do arguido Carlos São Vicente, por ter interesse nos bens dos arguidos, pois diz o denunciante: “A visita aos imóveis apreendidos foi antecedida de uma tentativa, do presidente do Tribunal Supremo ficar com alguns, pois enviou um administrador do Cofre do Tribunal, junto dos Procurador-Geral da República e Ministro da Justiça, exigindo que lhe fossem entregues os imóveis, como fiel depositário”, ao que lhe terá sido negado, segundo Kalunga, que estranha essa apetência para o do alheio, “quando o juiz Joel Leonardo, reside numa casa de função, no condomínio Jardim de Rosas (nunca mais será devolvida) e, recentemente, o Titular do Poder Executivo ofereceu-lhe uma moradia no condomínio Boa vida, de alto padrão, no valor superior a 3 milhões de dólares. Obviamente, essa oferta deverá ter um troco, durante as eleições gerais, em caso de derrota ou desempate. Daí se ter transformado no caçador voraz de “caranguejos” e “marimbondos”, que têm sido os responsáveis pelo engordar repentino do património imobiliário, móvel e financeiro do juiz-presidente, que ambiciona chegar aos calcanhares de riqueza do seu mentor e aliado, Rui Ferreira, que sendo jurista é um dos três maiores latifundiários do país, só atrás do Presidente João Lourenço”.
Como se pode constatar, com órgãos e magistrados desta estirpe, sendo verdade, o vaticínio, o país tem tudo para descambar, em 2022, até pela dificuldade em emergir, um político mais velho, no seio do MPLA, para através da magistratura da sua autoridade, higienizar as mentes turvas, colocando-as a pensar mais nos interesses colectivos, que nos individuais, convencendo os senhores belicistas a enterrarem os machados de guerra, porque uma derrota, pode não significar os três momentos da morte para o MPLA e João Lourenço, que se tiverem um resultado nefasto, poderão, tal como, Fénix renascer das cinzas…