A Polícia angolana anunciou que estão criadas todas as condições operacionais para a segurança da quadra festiva no país, garantindo que os mais de 110.000 efectivos da corporação em Angola estão mobilizados para esse fim. Não é caso para menos. Nunca se sabe se os 20 milhões de pobres vão sair à rua para fazer uma manifestação de… pais-natais.
Segundo o director de Segurança Pública e Operações do Comando Geral da Polícia angolana, Orlando Bernardo, todos os recursos humanos e técnicos da corporação estão mobilizados para a garantia da tranquilidade dos cidadãos, perspectivando um final de ano tranquilo.
Em conferência de imprensa de apresentação da Operação Dezembro 2020, que decorre entre 20 de Dezembro e 5 de Janeiro de 2021, o oficial da polícia exortou para um “comportamento cívico” dos cidadãos no sentido de se diminuir o índice de crimes na época natalícia.
A necessidade do cumprimento do decreto presidencial sobre a Situação de Calamidade Pública, devido à Covid-19, cuja oitava revogação está em vigor, foi igualmente apontada pelo responsável, recordando que o diploma impõe limitações para realização de actos festivos.
“Os organizadores de festas não devem requerer junto dos órgãos administrativos a legalização de festas de Natal e ano novo porque as mesmas não estão autorizadas, estão proibidas”, advertiu.
O decreto sobre a Situação de Calamidade Pública determina apenas a realização de festas de família com 15 pessoas.
Entre as acções para garantir a segurança na quadra festiva em Angola, Orlando Bernardo deu conta que a polícia nacional está a desenvolver desde ontem, terça-feira, “acções de contingência para prevenção de riscos e ameaças à segurança pública” em coordenação com as Forças Armadas Angolanas (FAA).
A Polícia perspectiva igualmente nesta fase aumentar a pesquisa de informações de interesse operacional, a fim de “frustrar qualquer iniciativa criminal, mais pontualmente, para impedir motivações festivas em espaços públicos”.
De acordo com o comissário Orlando Bernardo, a corporação vai aumentar a sua visibilidade nos focos de maior concentração populacional, espaços habituais de realização de festas, a fim de prevenir actos fora da lei.
Os “crimes económicos e contra as pessoas” são as tipicidades criminais que mais preocupam a polícia angolana nesta época natalícia.
A Polícia registou 2.827 crimes diversos durante a quadra festiva de 2019 e deseja baixar essa cifra em 2020, exortando os cidadãos para um “comportamento dentro dos marcos da lei”.
A importância de ser na família onde deve ser criado e desenvolvido o respeito pelos valores e serem preparadas as crianças para os desafios do futuro foi destacada já em 2017, em Luanda, pela primeira-dama, Ana Dias Lourenço. Tem toda a razão. Mesmo sabendo-se que Angola tem números assustadores na mortalidade infantil, mesmo sabendo-se que temos 20 milhões de pobres.
A primeira-dama falava nesse ano para 700 crianças de 22 centros, entre lares de acolhimento e de igrejas da província de Luanda, que participaram numa festa de Natal denominada “A roda do amor – Um Natal para a vida”, que contou com a presença do Presidente da República, João Lourenço.
Ana Dias Lourenço lembrou ser necessário que se ensine desde cedo às crianças o primado da razão, o sentido de responsabilidade, a disciplina, o espírito de grupo e de entre-ajuda, amor ao próximo, respeito aos mais velhos e outros valores equivalentes para que aprendam que para cada direito existe um dever e que há mais alegria em dar do que em receber.
Na sua intervenção frisou que é nesta altura do ano que as famílias procuram reunir todos os seus membros num mesmo lugar de modo a reforçar os laços de amizade, fraternidade e de respeito.
Ana Dias Lourenço chamou a atenção dos meninos para o facto de família não ser só os pais e irmãos, mas todos aqueles que lhes dão carinho e amor, que lhes querem bem, que tomam conta deles, que ensinam coisas boas e que os prepara para o futuro.
Aos adultos presentes reiterou que as crianças constituem uma das prioridades consagradas na Constituição e em outras leis do país, como a lei sobre a protecção e desenvolvimento integral, tendo o Estado assumido, com as agências das Nações Unidas e seus parceiros sociais os 11 compromissos relativos ao bem-estar das crianças.
Prioridades consagradas desde sempre na Constituição mas que, recorde-se, não evitaram que poucos tenham muitos milhões e que muitos milhões tenham pouco ou… nada. Tal como não evitaram que Angola tenha os tais aterradores índices de mortalidade infantil.
Ana Dias Lourenço reforçou que a criança deve continuar a ser contemplada como prioridades nos programas do Executivo e a coordenação e concertação de acções a seu favor, devendo ser garantidas por meio de uma plataforma multi-sectorial que congrega em torno da resolução dos seus problemas os diversos actores da sociedade civil e os parceiros internacionais de desenvolvimento.
“O Executivo deve por sua vez reforçar e melhorar a oferta dos serviços essenciais em prol do bem-estar da criança angolana, dando particular atenção à educação”, disse Ana Dias Lourenço, certamente aplaudida pelo Titular do Poder Executivo, João Lourenço.
As crianças presentes, que viviam institucionalizadas em lares de infância e centros de acolhimento da província de Luanda, participaram em actividades divididas em quatro tendas: cantinho do saber, das artes, do desporto e do falar bonito.
A primeira-dama desejou a todas as crianças de Angola, em particular as presentes que representam as de todos país, um feliz Natal e um ano novo de prosperidade.
No final da peça de teatro, que contou com a participação da primeira-dama, o Presidente da República desejou que as crianças sejam felizes e que saibam que mais importante que receber é dar, é ajudar o mais fraco e confortar o amigo que está doente ou a sofrer.
A actividade, que decorreu no Escola Nacional de Formação de Técnicos do Serviço Social, no município de Cacuaco, terminou com a entrega de presentes às crianças feita pelo casal presidencial.
Não fosse, mas afinal é, o triste facto de 45 anos depois a maioria do nosso povo continuar a passar fome, continuar a ser gerado com fome, continuar a nascer com fome e a morrer pouco depois com fome… se calhar o Natal faria mais sentido.
No entanto, os que têm, pelo menos, três refeições por dia (superiormente representados por João Lourenço) vão ter, certamente, um bom Natal. Quanto aos milhões que nem um prato de pirão têm, para esses haverá mais do mesmo em 2021.
Boas Festas Presidente João Lourenço, e família. Boas Festas para todos os que sabem que se não vivem para servir… não servem para viver.
Folha 8 com Lusa