O Presidente João Lourenço destacou hoje o “esforço de mudança” em Angola, através do qual espera colocar o país “no mesmo patamar em que se encontram as nações empenhadas em promover o seu sucesso”. Há 44 anos que o MPLA promete a mesma coisa. O melhor mesmo é esperar mais 56 anos, até que no centenário da governação se possa fazer um balanço mais assertivo.
“E stá a realizar-se em Angola, com a participação de políticos, da sociedade civil, da população em geral e do executivo, um esforço de mudança por via do qual pretendemos colocar o país, tão rapidamente quanto possível, no mesmo patamar em que se encontram as nações empenhadas em promover o progresso, o desenvolvimento e o bem-estar dos seus povos, através de boas práticas de governação”, afirmou o chefe de Estado no Conselho de Relações Exteriores dos Estados Unidos, em Nova Iorque.
Foi mais um chorrilho de mentiras. No caso não foi para inglês ver mas para norte-americano ver. Foi, aliás, uma boa estratégia. Tendo os EUA um presidente que para contar até 12 tem de se descalçar ou pedir ajuda aos homólogos ucraniano, Volodymyr Zelensky, ou brasileiro, Jair Bolsonaro, está tudo dito.
Mas, na verdade, quando o Presidente do MPLA diz que com a mudança conta com participação de políticos, da sociedade civil e da população em geral está a mentir descaradamente. João Lourenço só conta com os políticos do MPLA, com a sociedade civil do MPLA e com a população do MPLA.
João Lourenço considerou que há “resultados significativos no processo de transformação do país”, mas assumiu que há “um défice de conhecimento” pelos norte-americanos do programa realizado pelo seu Governo. Há, com certeza. Desde logo porque Donald Trump pensa (isto é como quem diz) que todos os angolanos são aquilo que João Lourenço pensa dos angolanos que não são do MPLA. Ou seja, que somos um bando de matumbos.
Nesse sentido, o Presidente João Lourenço crê que a visita aos Estados Unidos “é uma oportunidade soberana para colmatar esse défice” e para falar sobre as medidas que o seu executivo está diz que está a adoptar para “superar alguns vícios do passado”, dos quais (isso ele não diz) ele próprio foi actor e beneficiário activo.
“Estamos a implementar um conjunto de medidas que se inscrevem num plano do executivo sobre o desenvolvimento de Angola, que assenta em alguns eixos fundamentais como o desenvolvimento económico sustentável, a boa governação, a integração regional e internacional, o desenvolvimento das infra-estruturas”, referiu João Lourenço, que esta semana cumpre dois anos na liderança de Angola.
O “copy paste” é cada vez mais um método utilizado prolixamente pelo MPLA. O que ele diz que está a fazer, ou que quer fazer, ou que um dia alguém terá de fazer, é apenas uma cópia do que é dito pelos países mais desenvolvidos, seriamente governados, democráticos e que são (ao contrário de Angola) um verdadeiro Estado de Direito.
“Para a sua concretização, torna-se necessário atrair investimento estrangeiro para a nossa economia, a fim de a diversificar, aumentar a nossa produção interna e assegurar assim o aumento das exportações de bens diversos”, concluiu o Presidente angolano.
João Lourenço detalhou as reformas teoricamente adoptadas, incluindo a Lei de Investimento Privado, a introdução do Imposto de Valor Acrescido (IVA) e “um ambicioso programa de privatizações”.
“Essas reformas difíceis, mas necessárias, estão a começar a diminuir o envolvimento do Estado na economia, a aumentar a transparência, a reduzir os riscos fiscais, a diversificar a economia, a gerar desenvolvimento liderado pelo sector privado, numa palavra, a melhorar o ambiente de negócios e investimentos no país”, justificou.
Folha 8 com Lusa