ANGOLA. A associação angolana “Mãos Livres” anunciou hoje que está disponível para entregar um relatório com os nomes de “dezenas” de cidadãos nacionais que de forma ilícita retiraram “milhões de dólares” de Angola para o exterior nos últimos anos.
A posição foi assumida pelo advogado e deputado eleito pela UNITA, David Mendes, um dos fundadores da associação de defesa dos direitos humanos “Mãos Livres”, numa reacção ao anúncio do Governo angolano, que diz desconhecer a quantidade de dinheiro existente no exterior do país ou quanto poderá recuperar no âmbito da nova legislação de repatriamento voluntário de capitais.
“Faremos sim a entrega deste relatório ao Governo angolano, porque se estamos numa perspectiva de recuperação do dinheiro que está no exterior do país e nós, com os elementos que temos e com outros que forem necessários, poderemos desta forma auxiliar o Governo a saber onde está parte do nosso dinheiro”, disse hoje David Mendes.
O ex-presidente das “Mãos Livres”, formada por advogados angolanos, informou ainda que o referido relatório elaborado há mais de cinco anos havia já sido entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola. Ou seja, em termos práticos, foi deitado ao lixo.
Segundo o advogado, dos nomes do relatório constam “altas figuras” do anterior Governo angolano, entre elas, afirma David Mendes, o ex-Presidente José Eduardo dos Santos, o ex-vice-Presidente, Manuel Vicente, ou o antigo chefe da Casa de Segurança do Presidente, general Hélder Vieira Dias “Kopelipa”.
“E demais figuras que faziam parte da grande estrutura do Governo angolano. À luz dessa mudança, desse novo contexto, penso que chegou o momento de não terem medo de inquirir essas pessoas e tudo fazerem para que o dinheiro volte a procedência”, sublinhou David Mendes.
Para David Mendes o relatório a ser entregue às autoridades é “um contributo da Associação Mãos Livres”, já que, observou, “as pessoas preferem não falar no assunto”.
“E acredito que outras pessoas que se dedicam à investigação económica poderão ser chamadas a contribuírem para que o dinheiro volte”, disse.