ANGOLA. O Banco Nacional de Angola (BNA) vendeu hoje 200 milhões de euros em divisas aos bancos comerciais, o sétimo leilão do novo regime flutuante cambial e que levou a uma nova depreciação de 0,8% no kwanza, face ao euro.
De acordo com informação disponibilizada hoje pelo BNA, este leilão permitiu colocar no mercado primário divisas para assegurar necessidades de diversos sectores, tendo contribuído para o apuramento da taxa de câmbio de referência 22 dos 27 bancos participantes.
Deste leilão resultou a fixação da taxa de câmbio média ponderada de 262,3 kwanzas por cada euro (na compra por clientes), enquanto a depreciação para a moeda norte-americana chegou a 1,7% nesta sessão, fixando-se em 212,7 kwanzas por cada dólar.
Esta depreciação foi idêntica à verificada no leilão anterior, realizado pelo banco central a 14 de Fevereiro.
Segundo o BNA, 60% dos 200 milhões de euros de divisas vendidas hoje foram para garantir a importação de matéria-prima, peças, acessórios e equipamentos, 25% para necessidades de pequenas e médias empresas, e 15% para operações privadas, não especificadas.
Desde que a moeda europeia passou a ser a referência para o mercado de Angola, no novo regime flutuante cambial, a 9 de Janeiro, a moeda angolana já acumula uma depreciação de quase 30% para o euro e de 22% para o dólar, segundo cálculos feitos pela Lusa com base nas taxas cambiais divulgadas pelo BNA.
No leilão de divisas de hoje voltaram a ser aplicadas, pela quinta vez, as novas regras, anunciadas há um mês pelo governador do BNA, José de Lima Massano, alterando os limites das propostas que podiam ser apresentadas pelos bancos, que depois são utilizadas para formar a taxa de câmbio do kwanza face ao euro.
A 18 de Janeiro, um outro leilão ao abrigo deste modelo – em que os bancos apresentam propostas de compra de divisas em kwanzas – foi suspenso pelo BNA, por as propostas terem ultrapassado o limite máximo (da cotação) definido pelo banco central para estas vendas, acima dos 300 kwanzas por cada euro.
Na reacção, o BNA convocou os bancos comerciais para uma reunião, no dia seguinte, e revelou os novos contornos do modelo de leilão de divisas (euros), em que as propostas da “margem máxima” sobre a taxa de referência – ou seja o valor que os bancos podem colocar como apreciação ou depreciação da taxa de câmbio -, “não pode ser superior nem inferior a 2%”.
“Significa que em qualquer um dos leilões, a variação máxima que poderá acontecer será de 2%, não mais, não menos”, avançou o governador do BNA, no final daquela reunião.
A 7 de Fevereiro, o BNA tinha já colocado 225,6 milhões de dólares (184 milhões de euros) em divisas, nos bancos comerciais, no quinto leilão do novo regime flutuante cambial, o primeiro sem qualquer impacto na taxa de câmbio oficial.
No leilão anterior, realizado a 30 de Janeiro, o kwanza angolano voltou a sofrer uma depreciação, desta vez de 1,7%, face ao euro, abaixo das limitações introduzidas pelo banco central para travar a especulação cambial.
No modelo cambial anterior, até 9 de Janeiro, a cotação era fixada directamente pelo BNA, com o kwanza indexado ao dólar norte-americano.
O novo regime flutuante cambial começou a ser aplicado numa altura em que as Reservas Internacionais Líquidas do país estão em mínimos históricos, inferiores a 12.000 milhões de euros, devido à crise da cotação do petróleo.
Lusa