O Governo angolano estimou hoje que 80% da população deverá ter condições de acesso com serviços de banda larga até 2025, referindo que as metas constam da “Estratégia Nacional de Banda Larga” e estão alinhadas aos objectivos regionais e internacionais. Enquanto não se exonerar a demagogia, até o paraíso será prometido.
Durante um encontro entre o Instituto Angolanos das Comunicações (INACOM) e operadores do sector, o secretário de Estado para as Telecomunicações de Angola, Mário Oliveira, apresentou hoje a estratégia, salientando que está em curso a preparação de condições para a concepção e implementação da Estratégia Nacional de Banda Larga e sua operacionalização, pedindo o concurso dos operadores para que tudo tenha êxito.
A Estratégia, adiantou, visa concretizar os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, da Agenda 2030 da União Africana (UA), cujas acções, realçou, se encontram expressas nos compromissos no âmbito da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) 2025.
Mário Oliveira disse igualmente que a materialização desses compromissos também está expressa no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2018-2022, cuja meta, entre outras, “é cobrir 80% da população angolana com serviços de banda larga”.
Na ocasião, o secretário de Estado para as Telecomunicações recordou que 50% dos lares em cada estado membro da SADC deve estar conectado à internet e que os serviços básicos de banda larga têm de estar acessíveis na região, representando, pelo menos, 2% do PIB mensal.
Com a implementação e operacionalização da Rede Nacional de Banda Larga, explicou Mário Oliveira, o Governo angolano pretende também aumentar o Produto Interno Bruto (PIB), a produtividade, a taxa de emprego e erradicar a pobreza, entre outros.
Redes de fibra óptica e uma rede de micro-ondas, que servirão para suporte das regiões de baixa intensidade populacional e empresarial, bem como a recuperação do cabo de fibra óptica doméstico constam da Estratégia Nacional de Banda Larga que se pretende implementar em Angola.
Sob a gestão de João Lourenço Angola está mesmo a caminho do paraíso. Foi isso mesmo que começou a acontecer, embora sob a divina batuta de José Eduardo dos Santos, com o primeiro satélite angolano (Angosat), que colocou o país nos anais de actividade espacial do país e do mundo. Essa foi, aliás, uma garantia do então Secretário do Estado das Telecomunicações, Aristides Safeca.
As explicações de Aristides Safeca foram de tal maneira eloquentes que nos garantiram que depois de construído o satélite seria lançado no espaço. De acto, é sempre de enaltecer tal precisão dos nossos governantes. É que, presumimos, não faria sentido lançar o satélite antes de ele estar concluído. Mas, reconheça-se, tudo é possível.
Ao contrário do que pensavam os angolanos o satélite, tal como a Banda Larga, não trazem nem produzem comida, nem medicamentos, nem casas, nem escolas, nem respeito pelos direitos humanos. Importa, contudo, compreender que há prioridades bem mais relevantes. E o satélite e banda larga são claramente prioridades.
Para o então responsável pela pasta das telecomunicações no Governo, Aristides Safeca, o Angosat marcou a entrada do país “numa nova era das telecomunicações, o que pressupõe a condução de um programa espacial que inclua, futuramente, o lançamento de satélites subsequentes”.
Recorde-se que foi no Conselho de Ministros de 25 de Junho de 2008 que foi aprovado o projecto de criação do satélite “Angosat”.
Em comunicado, o Conselho de Ministros referiu nesse dia que foram aprovadas as minutas do contrato a celebrar entre o Ministério dos Correios e Telecomunicações de Angola e o consórcio russo liderado pela empresa “Robonex-sport”, tendo em vista a construção, colocação em órbita e operação do satélite angolano.
O projecto permitirá, já se dizia na altura, a disponibilização de serviços e o acesso internacional, de suporte e expansão da Internet de banda larga, de transmissão para os operadores de telecomunicações e também a disponibilização para suportar serviços de rede de televisão e de radiodifusão.
Por mera curiosidade refira-se que no mesmo Conselho de Ministros foi feito um reajustamento nos salários da função pública, sendo que – segundo o Governo – a alteração estava em consonância com o Programa Geral do Governo que previa como medida de política salarial o reajustamento dos vencimentos dos funcionários públicos, tendo em vista a reposição do poder de compra dos salários devido à inflação esperada de 10 por cento.
“Este Satélite é o primeiro e marca a entrada de Angola numa nova era das telecomunicações, o que pressupõe a condução de um programa espacial que inclua, futuramente, o lançamento de satélites subsequentes,” referiu em 2012 Aristides Safeca, coordenador do projecto.
Ao que tudo indica, com o Angosat e com a Banda Larga, o nosso país deixará de ter 68% da população afectada pela pobreza, ou uma taxa de mortalidade infantil que é a terceira mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças.
Será também graças ao satélite à banda larga que não mais se dirá que apenas um quarto da população tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade, ou que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos.
Do mesmo modo, com o Angosat e com a Banda Larga não mais se afirmará que a taxa de analfabetos é bastante elevada, especialmente entre as mulheres, uma situação agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino. Ou que 45% das crianças sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.
Também se acabará com essa realidade de 80% do Produto Interno Bruto ser produzido por estrangeiros; de mais de 90% da riqueza nacional privada ser subtraída do erário público e estar concentrada em menos de 0,5% da população.
Folha 8 com Lusa