Novo campo para recolher refugiados da RDCongo

Os refugiados congoleses distribuídos por dois centros provisórios, esgotados, na localidade angolana do Dundo, começam a ser colocados em Julho no novo campo, com capacidade para 50.000 pessoas, já em preparação e onde vão poder construir o próprio refúgio.

A informação foi avançada, no Dundo, pelo director provincial na Lunda Norte do Ministério da Assistência e Reinserção Social (Minars), Wilson Palanca, numa altura em que os dois centros, de carácter temporário e utilizados para registo dos refugiados, implantados à volta da cidade, já esgotaram a capacidade, ultrapassando esta semana as 30.000 pessoas acolhidas.

“Estamos a trabalhar no sentido de termos o novo centro e deixarmos para trás os centros improvisados. Nós queremos um centro com capacidade e condições apropriadas para dignificar e acolhermos bem os refugiados que vêm da RDCongo”, explicou Wilson Palanca.

O novo centro está a ser instalado na localidade de Lóvua, a 90 quilómetros do Dundo, onde funcionam os dois centros provisórios, de Cacanda e Mussungue, numa área cedida pelo governo provincial da Lunda Norte e com potencial agrícola.

No local encontram-se já equipas de limpeza e na próxima semana avançam os trabalhos de desmatação e criação de arruamentos, para organizar a instalação.

“Criar ruas de modo a conservar árvores, a sombra. Acreditamos que no final deste mês ou no começo do outro tenhamos já tendas montadas para começarmos a transportar os refugiados dos centros provisórios para o centro definitivo”, apontou Wilson Palanca, que coordena a resposta do Governo angolano à crise humanitária provocada pela fuga dos refugiados da vizinha RDCongo.

No centro provisório de Cacanda existem actualmente 203 latrinas e em Mussungue 46, para um total superior a 30.000 refugiados que por ali fazem a vida, onde grande parte já foram registados pelas equipas do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e onde recebem tratamento, apoio médico e rações.

“Falando realisticamente, isto não é de perto nem de longe a situação que queríamos ter (…) Foi uma situação temporária, apenas para fazer o registo, mas sabemos que não são as condições necessárias”, admitiu João Sobral, um dos responsáveis da missão que o ACNUR tem no terreno, no Dundo, no apoio às autoridades locais.

No centro de Lóvua, sublinhou, serão criadas “desde o início” as condições necessárias para a instalação, com a distribuição de um kit com ferramentas e meios para cada família construir o seu próprio refúgio, nomeadamente bambu, cordas e outros materiais, fugindo ao conceito militar das tendas.

“Na prática, é um pouco replicar o contexto de onde os refugiados vêm, neste caso do Kasai. A ideia será replicar o ‘cluster’ de aldeias, onde têm tudo o que precisam, em termos de saúde, educação, acesso à água e saneamento. Vai ser completamente diferente”, explicou ainda João Sobral.

Após seis meses, o ACNUR prevê avançar para um conceito de habitação de transição.

Estes refugiados tentam escapar à violência provocada pelas milícias de Kamwina Nsapu, que já causou, segundo as Nações Unidas, mais de 400 mortos e 1,3 milhões de deslocados na região do Kasai, vizinha de Angola.

Numa altura em que algumas estimativas apontam para perto de 10.000 refugiados congoleses que podem estar a viver na Lunda Norte, fora dos centros provisórios, onde por sua vez falta alimento, água potável, condições de higiene e tendas para mais de 30.000 pessoas registadas, as autoridades angolanas acreditam que o campo de Lóvua vai facilitar a integração.

“Esses que estão fora estão a aguardar pelo novo centro do Lóvua, que vai facilitar a recolha”, disse Wilson Palanca.

O responsável acrescentou que as orientações actuais referem que estes congoleses vão poder ficar em Angola, até que o Governo congolês decida o regresso e condições em que será feito.

Lusa

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