ANGOLA. O economista Alves da Rocha defendeu hoje que o provável futuro Presidente de Angola, João Lourenço, “não vai cometer a imprudência durante dois ou três anos de atacar e confrontar pessoas ligadas a José Eduardo dos Santos”.
“Haverá uma transição suave dentro da manutenção da linha política e durante dois ou três anos, João Lourenço não vai cometer a imprudência de atacar e confrontar pessoas ligadas de forma muito estreita a José Eduardo dos Santos, portanto nessa matéria poderá haver expectativa de estabilidade política, o que é fundamental para os investidores externos”, disse o economista.
Falando à margem de uma conferência sobre “Angola, desafios e oportunidades face às mudanças em curso”, que decorreu hoje em Lisboa, organizada pela AIP e pela Africa Monitor Intelligence, Alves da Rocha disse encontrar semelhanças com a chegada ao poder de José Eduardo dos Santos.
“Pode fazer-se a comparação com José Eduardo dos Santos, que manteve a perspectiva do pensamento de Agostinho Neto durante dois anos após a sua morte”, disse o director do CEIC – Centro de Estudos e Investigação Científica, da Universidade Católica de Angola, que passou em revista os principais problemas de Angola.
Do ponto de vista externo, “a transição será serena e suave”, vincou o economista, considerando que “o investidor pode não ir para Angola, mas será por outras razões, não por causa das eleições ou de instabilidade política”, salientando que “as divisas são o grande problema”.
Sobre as eleições, que estão apontadas para Agosto, Alves da Rocha defendeu que o resultado deve ser mais equilibrado, apesar de dar como certa a vitória do MPLA: “As eleições têm um vencedor antecipado, mas a nossa esperança enquanto sociedade civil é que o resultado eleitoral não seja tão despropositado como em 2008 ou 2012, quanto o MPLA teve 72% dos votos”.
Alves da Rocha espera “que ganhe mas o faça com menos relevância do que isso para no Parlamento e Assembleia se ouçam outras vozes e propostas de modelo de desenvolvimento, porque numa situação mais equilibrada a discussão será maior e as cedências serão maiores”.
Lusa