Uma bandeira é definida clássica e historicamente como sendo o símbolo dos símbolos que, na sua expressão visual representa um estado soberano, ou país, e até mesmo um estado, município, província, bairro, organização, sociedade etc..
Por William Tonet
A origem das bandeiras remonta à Idade Média, quando os exércitos aliados, para não se confundirem uns com os outros, usavam um pedaço de pano hasteado num estandarte, com as cores e sinais de identificação do batalhão ou companhia envolvidos nas contendas. Assim evitavam o temido fogo amigo, terminologia que ainda faz história nos diferentes conflitos militares.
As bandeiras têm as suas origens nas insígnias, sinais distintivos de poder ou de comando usados desde a antiguidade e que poderiam ser figuras recortadas em madeira ou metal, ou pintadas nos escudos. A substituição dos signos figurados de material rígido por tecidos pintados em cores vivas foi feita pelos romanos, com seu vexilium (estandarte), uma tendência que se acentuou durante a Idade Média.
A mais antiga regulamentação do uso das bandeiras de que se dispõe está incluída nas Sete Partidas do rei Afonso X, o sábio, (1252-1284), especificando as diferenças entre o estandarte privativo de um príncipe, os pendões, os hierárquicos dos comandantes militares, as flâmulas de cada regimento, etc.. Com as modificações trazidas pelo tempo, esse ainda é basicamente o procedimento usado até hoje: em todos os países o uso das bandeiras obedece à regulamentação rigorosa quanto à forma, cores e maneira de hastear.
No caso das bandeiras nacionais, a simbologia pode ou não observar as convenções heráldicas: a da França, por exemplo, limita-se exibir as cores nacionais, mas a do Reino Unido tem um significado heráldico na medida em que se combina a cruz vermelha de São Jorge, padroeiro da Inglaterra, com a branca de Santo André, da Escócia, e a vermelha de São Patrício, da Irlanda. O estudo da vexilologia – isto é, da história e do simbolismo das bandeiras – é uma disciplina auxiliar das ciências sociais, justamente por revelar elementos muito significativos sobre a formação de cada carácter e, ou, identidade nacional.
Vários países sugerem nas suas bandeiras a importância da agricultura para a subsistência do povo, ou a industrialização como uma esperança para o futuro (Angola, Moçambique); outros sugerem a linhagem de uma dinastia reinante (Espanha, Liechtenstein), aspectos característicos da flora ou da fauna (Canadá, Líbano), alusão ao processo de formação do país (as bandeiras do Reino Unido, do Estado Livre de Orange e do Transvaal, que aparecem na antiga bandeira da África do Sul), ou os seus elementos típicos (o templo de Angkor na do Camboja, o chapéu típico na do Lesoto) ou então a sua história, como no caso de Portugal.
Além das cores tradicionais – o branco e o amarelo sugerindo o ouro e a prata dos brasões de armas, o azul geralmente relacionado com a aristocracia e o vermelho com movimentos revolucionários, etc. -, outras cores passaram a ser usadas mais recentemente: o marrom, por exemplo, adoptado em algumas bandeiras africanas como uma alusão à raça negra.
Em alguns casos, pode haver pequenas diferenças entre a bandeira civil, usada nas circunstâncias comuns, e a bandeira do Estado, usada em certas cerimónias oficiais ou como insígnia do chefe de Estado (a bandeira do rei na Arábia Saudita, por exemplo, é a bandeira civil, tendo, no canto inferior direito, em amarelo, o desenho de uma tamareira, símbolo de paciência e determinação, encimando dois alfanjes cruzados; a Bulgária, há diversas variações de bandeira como insígnia, etc.).
Nesta altura, Angola vive um período da sua curta história como país independente que, por diversos factores políticos e sociológicos, pode ser – ou significar – uma ruptura com o passado recente e o embrião da construção de uma “nova” Nação.
Nesse sentido, considerando a nossa responsabilidade social e cívica, o Folha 8 sugere que antes das eleições a 23 de Agosto seja aprovada uma nova Bandeira Nacional que, longe das questiúnculas político-partidárias, seja um factor de união entre todos os angolanos, ávidos de que o país seja uma Pátria para todos nós.
Essa nova Bandeira deverá ser aprovada pelo Titular do Poder Executivo, sendo consensual que será uma medida positiva e democrática, desde logo evitando que nenhum partido tivesse um símbolo que se confundisse com os da República.
RESUMO SOBRE AS CORES:
a) Cor preta: representa o continente africano
b) Cor amarela: representa a riqueza nacional
c) Cor azul: representa os nossos rios, mares e riqueza marítima
d) Cor vermelha: simboliza o sangue da resistência dos antepassados, dos nacionalistas e heróis nacionais
e) As cinco estrelas representam os pontos “cardeais” do território: Cabinda, Norte, Leste, Oeste, Sul.