No espaço de uma semana, o Presidente da República (José Eduardo dos Santos) e o líder do MPLA (José Eduardo dos Santos) fizeram a análise do estado país. Falta ainda saber a opinião do Titular do Poder Executivo (José Eduardo dos Santos) e do pai da princesa herdeira do trono (José Eduardo dos Santos).
Por Orlando Castro
Curiosamente, ou talvez não (quem sabe?), tanto o líder do reino como o do MPLA coincidiram na afirmação de que o Governo não está a receber receitas da Sonangol desde o início do ano devido ao abaixamento do preço do petróleo no mercado internacional, facto que – dizem os dois – é decisivo para a difícil situação que o país, não o regime, vive neste momento.
Mais uma vez, o Chefe de Estado, líder do MPLA, Titular do Poder Executivo e pai da princesa Isabel dos Santos, herdeira do trono, apontou como prioridade máxima o redobrar dos esforços para que seja conseguido um ritmo mais acelerado na aplicação dos programas em curso para a diversificação da economia nacional, sublinhando o papel que a banca deve desempenhar no apoio ao investimento e à prosperidade das famílias. Ou seja, a partir do momento em que descobriu (e isso foi ontem ou anteontem) que era urgente diversificar a economia, meteu mãos à obra. É obra!
Como muito bem disse sua majestade o rei, todos estes desafios que se colocam ao país, para serem vencidos precisam forçosamente de um ambiente de paz e de estabilidade que não se compadece com jogos florais da parte daqueles (energúmenos, obviamente) que, por terem assento no Parlamento, se esquecem que têm também responsabilidades acrescidas para com a população no sentido de as proteger e garantir a sua segurança.
Perante um contexto de completa irresponsabilidade de todos, com excepção do MPLA, o pai da princesa herdeira do trono sentiu necessidade de sublinhar a importância que o regime dá à segurança e à estabilidade das populações e do país. Se só existisse o MPLA nada disto era preocupante. Nada disto existia. Mas como existe por aí uma certa oposição política, uns tantos jovens frustrados que se dizem activistas, é obrigatório temer pela paz e pela estabilidade. Além disso, içar a bandeira da guerra é algo que fica sempre bem aos que sentem o poder a fugir.
Abordando directamente os recentes tumultos registados no Cubal, o rei condenou vivamente os actos de violência e lamentou que volvidos 14 anos desde o fim da guerra tenha acontecido este incidente entre meliantes da UNITA e militantes do MPLA. Será que este pessoal do Galo Negro não percebe que pertence a uma subespécie de angolanos e que só a magnanimidade do “escolhido de Deus” lhe permite parecerem cidadãos de primeira?
De modo muito claro, salienta o Boletim Oficial do regime, “José Eduardo dos Santos disse que os cidadãos e as pessoas colectivas, partidos políticos ou associações, devem recorrer às autoridades quando alguém tentar violar ou violar de facto os seus direitos e nunca fazerem justiça por conta própria”.
É isso aí. E o resultado é o mesmo de quem quer ler um jornal sem palavras, à noite e à luz de um candeeiro apagado.
A posição, claramente expressa pelo Presidente da República (José Eduardo dos Santos), depois de auscultada a opinião do Presidente do MPLA (José Eduardo dos Santos), do Titular do Poder Executivo (José Eduardo dos Santos) e do pai da princesa herdeira do trono (José Eduardo dos Santos), deve incentivar todos os protagonistas políticos do país, os de primeira e os de segunda, a defenderem tudo aquilo que os de primeira dizem.
A pouco menos de um ano da suposta, eventual, ida às urnas, para o cumprimento do democrático simulacro do calendário eleitoral, estas declarações deixam clara a intenção de sua majestade o rei continuar a ser um jogador, para além de árbitro, muito activo no xadrez político, uma espécie de “escolhido de Deus” inspirador do esforço do regime para que não se perca de vista o essencial: a defesa das conquistas do MPLA e a necessidade da sua perpetuação no poder.
José Eduardo dos Santos, com uma visão lúcida, divina e nunca vista num ser humano, e que é reconhecida em todo o mundo (e arredores), mais uma vez, tomou a iniciativa ao apelar ao esforço conjunto dos angolanos, de modo a que o MPLA possa (e disso ninguém tem dúvidas) arrasar todos aqueles que tenham a veleidade de querer mudar o sistema esclavagista implantado em 1975.