ANGOLA. A Economist Intelligence Unit (EIU) considera que a recente remodelação governamental e o anúncio da suspensão da construção da segunda refinaria no Lobito prejudicam a imagem externa de Angola e enviam “mensagens contraditórias aos investidores”.
“A decisão de suspender os trabalhos nestes dois projectos de bandeira [segunda refinaria do Lobito e estação petrolífera de águas profundas na Barra do Dande] mostram a profundidade das dificuldades financeiras da Sonangol, que durante anos foi o motor da economia angolana”, escrevem os analistas da Economist.
“A decisão de suspender os projectos mostra prudência” face aos resultados financeiros da petrolífera angolana no ano passado, em que apresentou uma queda nos lucros de 66%, “mas foi inesperada e, surgindo apenas quatro meses” depois da indiana Engineers India Limited ter ganhado o concurso para o projecto do Lobito, “envia mensagens contraditórias aos investidores e certamente faz pouco para melhorar a fraca reputação de Angola como lugar de negócios”.
Com a suspensão dos trabalhos na refinaria do Lobito, que a EIU diz ser um projecto com mais de 15 anos, Angola terá de continuar a contar apenas com a Refinaria de Luanda, que foi construída antes da independência, em 1975, e que produz 50 mil barris por dia, satisfazendo apenas um terço do consumo de petróleo interno.
Sobre a remodelação governamental, os analistas da Economist consideram que ela foi “uma surpresa, apesar de não ser inédito o Presidente da República exercer uma gestão vertical da sua equipa ministerial”.
Archer Mangueira, presidente da CMC, substitui Armando Manuel nas Finanças, cargo que ocupava desde maio de 2013, e torna-se o quarto ministro das Finanças de Angola nos últimos oito anos.
“Esta mudança parece reflectir uma tentativa de Eduardo dos Santos de exercer a sua autoridade e estancar o descontentamento sobre o desempenho do seu Governo, mas uma mudança de pessoas no Ministério das Finanças não deverá afectar as bases da economia do país”, antecipa a EIU.