O envio de dinheiro para fora de Angola, através das empresas especializadas no sector, tornou-se numa missão praticamente impossível nos últimos dias devido à escassez de divisas no país. Mas está tudo sob controlo. O regime garante e o sumo pontífice, Eduardo dos Santos, assina por baixo.
A s representações da empresa MoneyGram que operam em bancos comerciais, consultadas hoje pela Lusa na capital angolana, o movimento é inexistente.
“Começamos a deixar de aceitar [dinheiro para enviar para o exterior] desde Novembro”, dizem funcionários das agência da empresa MoneyGram que operam em bancos comerciais.
A utilização destes serviços, sobretudo por expatriados, obriga ao pagamento de uma comissão, ao registo dos utilizadores e à apresentação de documentos de identificação, sendo a entrega de dinheiro (na origem) feita em kwanzas.
No bairro do Maculusso, no centro de Luanda, conta a Lusa, o cenário idêntico é vivido na representação da Western Union, outra empresa internacional do género.
“Para enviar [remessas], deixámos de o fazer a partir de hoje. Está suspenso por tempo indeterminado”, explicam os funcionários, ao balcão da empresa, igualmente especializada no envio seguro de remessas de dinheiro.
Na origem do problema está a quebra na cotação internacional do barril de petróleo, para metade em cerca de seis meses, que por sua vez fez diminuir drasticamente a entrada de divisas no país.
A situação fez desvalorizar o kwanza, enquanto o câmbio do dólar, no mercado informal, disparou nos últimos meses. Isto porque, em simultâneo, os bancos comerciais, com o acesso a divisas em queda, deixaram de permitir o levantamento imediato de dólares aos balcões.
Entre os três maiores operadores especializados presentes na capital angolana, a Real Transfer é a única que ainda aceita realizar transferências para o exterior do país, o que nem por isso torna a situação mais favorável.
“Só temos um ‘plafond’ de 50.000 kwanzas por dia [430 euros] na agência e que esgota rapidamente. Depois é tentar no dia seguinte”, explica o funcionário.
A situação actual é transversal e afecta igualmente angolanos fora do país, que utilizam cartões associados à rede Visa emitidos em Angola para fazer levantamentos em moeda estrangeira, mas que enfrentam limites ao carregamento dos mesmos.
Nos últimos dias, a informação prestada aos clientes é de que cada agência autorizada a realizar esse serviço possui um ‘plafond’ diário que varia, conforme as zonas, entre os dois mil e os seis mil dólares (1.748 e 5.247 euros).
Nessa ordem, cada cliente tem a possibilidade de carregar a respectiva conta com entre 200 e 300 dólares (175 e 262 euros), dependendo da disponibilidade. Como consequência, as agências bancárias estão já a registar forte concentração de pessoas desde as primeiras horas da manhã, na tentativa de conseguirem realizar a operação.