ANGOLA. As autoridades angolanas consideram que o desvio de combustível na fronteira norte do país, com a República Democrática do Congo (RDCongo), para onde são levadas grandes quantidades de refinados de petróleo, está a tomar contornos alarmantes.
Na última semana, a polícia fiscal na província angolana do Zaire impediu a saída de 4.520 litros de combustível, transportados em tambores de 200 litros, geralmente à noite.
Uma nota do comando provincial do Zaire da Polícia Nacional refere que foram apreendidos 2.500 litros de gasolina e 2.020 litros de gasóleo, em diversos postos fronteiriços, com a região do Congo Central (RDCongo), com realce para as localidades fronteiriças do Luvo, Kimbumba e Minga, município do Cuimba.
A informação policial dá conta que numa semana foram registados oito casos de contrabando de combustível, o mesmo número de notificações na semana precedente.
Segundo o delegado do Ministério do Interior e comandante provincial do Zaire da Polícia Nacional, Manuel Gouveia, estão a ser tomadas medidas para se pôr cobro à situação, pelo que efectuou já deslocações aos postos fronteiriços por onde geralmente sai ilicitamente o combustível.
“Nós estamos a trabalhar com os nossos camaradas, para evitar que esses indivíduos persistam nessa prática à semelhança do que já fizemos no Luvu”, disse Manuel Gouveia em declarações à rádio pública angolana.
Em Fevereiro, o presidente do conselho de administração da Sonangol, Carlos Saturnino, já considerava o contrabando de combustível em Angola, essencialmente a norte do país, um problema “gravíssimo”.
Segundo o presidente da petrolífera estatal angolana, existe “um roubo, desvio, contrabando grande” de combustível, incluindo igualmente desvios a nível interno.
“A nível das áreas fronteiriças também, com regularidade, a polícia e outros órgãos travam camiões que levam combustível para sair do país, por vezes há barcos nas nossas águas, alguns ligados à actividade petrolífera, mas não só, que fazem transbordo de produtos refinados, de maneira que se tem estado a trabalhar, porque a dimensão hoje é impressionante”, disse Carlos Saturnino.
De acordo com o responsável, para se ter uma ideia da situação, no ano passado foram calculadas, não pela Sonangol, perdas diárias que rondam os 200 mil dólares.
“Portanto, o assunto é mesmo muito importante, é gravíssimo. Todo esse esforço que a gente faz de tirar divisas para comprar produtos refinados, vender aqui em kwanzas, para satisfazer a população é corroído, parcialmente, por indivíduos de má-fé, que dão um destino diferente a esses produtos refinados e isto também ajuda ainda mais a nossa dificuldade em combater a escassez”, frisou.
Lusa