EMPREGADO DO POVO DONO DE MANSÕES

Há um curto vídeo a circular nas redes sociais. Nele, o jornalista português Mário Crespo, em declarações à CNN Portugal, afirma que o Presidente angolano tem uma magnífica mansão nos arredores de Washington D.C. Para começo de conversa: A inveja é um sentimento feio e mesquinho. Não consinto que Mário Crespo fale de qualquer maneira do mais zeloso empregado de mais de trinta milhões de angolanos movido por inveja.

Por Jorge Eurico

Os empregados não têm apenas deveres. Têm direitos também. Entre eles, o de juntar fazenda. Um pé-de-meia. Um duplex com piscina. Um recanto nos subúrbios da capital imperial. Não admito que se fale assim do empregador-mor dos angolanos. O Presidente João Lourenço é cidadão probo. Um respeitado latifundiário. Um proprietário de imóveis em Angola e no estrangeiro. E tudo isso foi pago com o dinheiro desembolsado de livre e espontânea pressão pelos cidadãos angolanos. Dinheiro limpo. Honesto. Justo. Ganhado com sacrifício. Um direito adquirido.

Há quem respeite mais os estatutos dos partidos do que a Constituição da República. Penso e faço diferente. Respeito sacral e patrioticamente a Constituição e o Presidente que dela emana. Como cidadão e jornalista angolano, tenho a obrigação patriótica de defender, com unhas, dentes e parágrafos, o líder e a bandeira do meu País.

Indo directo ao ponto: Mário Crespo é invejoso. Está mal informado. Quem ousa fazer um retrato burlesco do poder angolano ignora que este tem lições a dar ao mundo e a Portugal, em particular sobre a arte de conciliar honra com ostentação, o público com o privado, o discurso com o usufruto. Sobre isso, estamos conversados. O pai de Mário Crespo não era enfermeiro. Por isso não herdou mansão nenhuma nos arredores de Lisboa ou do Porto. A vida é assim. Às vezes, o sol não nasce para todos. Repito: Mário Crespo está mal informado. Sofre de dor de cotovelo diagnosticada.

Como jornalista, tenho o dever de o informar com precisão: O Presidente João Lourenço tem sim uma mansão em Washington D.C. E qual é o problema? E outra em Miami. Onde está o problema? E casas com designer e conforto de tirar o fôlego no bairro de Alvalade, em Luanda, e na Restinga do Lobito, em Benguela. Onde esta a crise? Foi dono e patrão da ORION. Qual é grilo? Facturou quem nem o emir de Qatar quando secretário-geral do MPLA. Onde esta a borbulha?

Para (des)consolo de Mário Crespo, informo ainda que Luanda é alimentada pelos produtos agrícolas da Fazenda Matogrosso, também propriedade do Chefe de Estado, construída com o seu salário enquanto político. Esta é uma rábula patriótica em defesa do homem mais incompreendido de Angola e arredores: Latifundiário por mérito, Presidente por direito popular e talvez também por desígnio divino.

Alguns herdam fazendas e mansões. A maioria herda dívidas, promessas em discursos e filas nos hospitais. A vida é assim. Não sorri para todos. João Lourenço teve sorte. A sorte sorriu-lhe de orelha a orelha. Antes que haja dúvidas: Parte do património do Presidente da República angolano foi herdado do seu pai, um enfermeiro respeitado e endinheirado ainda no tempo colonial. Isaías Samakuva, ex-presidente da UNITA, e testemunha. A família já vivia como nababo no então Silva Porto (Bié). A Fazenda Matogrosso e o resto do espólio foram ganhos com suor, estratégia, tráfico de influência por inerência dos cargos que teve no aparelho do partido e do Estado e alguma simpatia das leis.

Mário Crespo é invejoso e está mal informado. O Presidente tem moralizado o País desde 2017. Os angolanos rejubilam. Batem palmas. Sentem os frutos da recuperação de activos. Reflectem-se a mesa dos cidadãos a hora da cinco refeições que passaram a ter desde 2017. E sonham com o dia em que terão, também eles, algo para recuperar. Esta é uma rábula patriótica. Uma sátira estóica. Um serviço público em defesa do líder e da bandeira. E a Mário Crespo… que um dia herde, se não uma fazenda, ao menos uma pantufa presidencial do Palácio de Belém. Antigamente dizia-se: “Reagan, tira as mãos de Angola”. Hoje pode dizer-se: “Crespo, deixa de invejar o empregado-mor de Angola”.

Nota: Esta estóica e apaixonada defesa é tão verdadeira quanto o combate à corrupção em Angola.

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