Portugal contou no ano lectivo anterior com o maior número de sempre de alunos inscritos no ensino superior, anunciou o Governo, que registou também um máximo histórico de estudantes estrangeiros no sistema. No caso dos alunos estrangeiros inscritos para a frequência de um ciclo de estudos integralmente em Portugal, a maioria provém do Brasil (30%), seguida da Guiné-Bissau (12%), de Cabo Verde (11,3%), de Angola (9,3%) e de França (6%).
Em comunicado, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal refere que 446.028 alunos estiveram inscritos em 2022/23 nas universidades e politécnicos portugueses, um aumento de 3% relativamente ao ano anterior.
Dos estudantes inscritos em instituições de ensino superior, 86.631 estavam no sector privado, o que corresponde a 19,5% do total. Já na comparação entre instituições, 30,5% dos estudantes estavam inscritos nos politécnicos (135.833).
Este aumento de estudantes inscritos inscreve-se numa tendência que dura desde 2015-2016 (358.450), registando um crescimento acumulado de 24%.
Portugal registou também 74.597 estudantes estrangeiros, o que representa 17% do total de inscritos.
“Este resultado reforça a confiança de que Portugal está no bom caminho para atingir as metas de qualificação de longo prazo e que visam até atingir até 2030 uma taxa média de frequência no ensino superior de 60% nos jovens com 20 anos e atingir 50% de diplomados do ensino superior na faixa etária dos 30-34 anos”, refere o ministério liderado por Elvira Fortunato.
Cerca de “75% dos estudantes estavam inscritos em ciclos de estudos de formação inicial, distribuídos por 21.263 em cursos técnicos superiores profissionais, 277.206 em licenciaturas e 37.201 em mestrados integrados”, lê-se no comunicado.
A tutela regista um aumento dos alunos nos 2.º e 3.º ciclos, com 82.610 inscritos em mestrados e 25.202 em doutoramentos.
No que respeita a áreas de formação, 22% dos alunos estão matriculados nas áreas de ciências empresariais, administração e direito, 20% em engenharia, indústrias transformadoras e construção e 16% em saúde e protecção social.
No ano passado, cerca de um terço dos alunos (155.082) inscreveu-se pela primeira vez no 1.º ano, com uma presença de mais mulheres do que homens em quase todas as áreas de educação e formação.
Entre os estudantes estrangeiros, 24% (17.822) corresponde a alunos abrangidos por programas de mobilidade internacional, como é o caso do Programa Erasmus.
No caso dos alunos estrangeiros inscritos para a frequência de um ciclo de estudos integralmente em Portugal, a maioria provém do Brasil (30%), seguida da Guiné-Bissau (12%), de Cabo Verde (11,3%), de Angola (9,3%) e de França (6%).
Em Novembro do ano passado, o jornal português Diário de Notícias, publicou o artigo «Recorde. Há 69.965 jovens estrangeiros a estudar em Portugal» que, com devida vénia, transcrevemos na íntegra:
«São 69.965 os estudantes estrangeiros que frequentam o ensino superior em Portugal. Os alunos oriundos do Brasil ocupam o primeiro lugar da lista, seguidos pelos da Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola e Espanha. França, Itália, Alemanha, Moçambique e China estão também entre os países que mais “enviam” jovens para as universidades do nosso país.
«Filomena Soares, vice-reitora da Universidade do Minho (UM), explica ao DN que os números revelam “uma subida de mais de 10 mil estudantes relativamente ao ano passado (período em que a pandemia teve reflexos significativos)”. “Olhando para o período pré-pandemia, onde o número total era de 65.196 estudantes, podemos afirmar que voltou a verificar-se uma subida considerável. Esta é uma tendência que se tem verificado na última década. No que diz respeito às nacionalidades, continuamos a verificar uma subida acentuada dos estudantes originários dos PALOP, ainda que seja o Brasil que mais estudantes “envia” para o nosso país”, avança.
«Há 10 anos (ano lectivo de 2012-2013) havia pouco mais de 31 mil estudantes estrangeiros a frequentar o ensino superior em Portugal. Um número que foi aumentando ano após ano, com excepção de 2020-2021, reflexo da pandemia de covid-19.
«Estes dados foram apresentados na conferência “Será o nosso Ensino Superior inclusivo?”, que decorreu na UM, em Braga, numa iniciativa conjunta de promoção internacional das 16 instituições de ensino superior membros do CRUP (Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas).
«Filomena Soares avança que o objectivo do encontro foi “perceber qual o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas universidades no que diz respeito ao processo de inclusão dos estudantes estrangeiros que escolhem fazer a sua formação superior em Portugal”. “Para apoiarmos a inclusão destes alunos nas universidades portuguesas, elaborámos um programa onde colocamos as universidades a falar entre si. Temos consciência de que, como em qualquer processo evolutivo, há sempre espaço para melhoria e esta lógica faz ainda mais sentido no seio das universidades, que se assumem, por excelência, como espaços de mudança e implementação de práticas inovadoras”, sublinha.
«Na conferência foi também apresentado o estudo O Impacto Económico e Sociocultural dos Estudantes Internacionais em Portugal, que reflecte as percepções de alguns estudantes internacionais em Portugal em relação ao seu sentimento de pertença ao país. O estudo conclui que “os estudantes, em geral, não têm os contactos que desejariam com a cultura e com os habitantes portugueses” e “identifica que a maior parte dos seus amigos em Portugal são outros estudantes internacionais”, revelando, assim, a existência de “uma barreira entre os estudantes locais e os internacionais”.
«Os estudantes inquiridos sentem “a necessidade de fomentar mais ligações afectivas com os locais, para melhorarem a sua experiência”. Foram apontadas ainda outras dificuldades na partilha de culturas entre estes estudantes e os habitantes portugueses. Contudo, quando questionados se recomendariam a pessoas do seu país fazerem um programa de mobilidade em Portugal, a resposta foi positiva.
«Portugal tem também sido destino de muitos alunos refugiados. O acolhimento destes estudantes, explica Filomena Soares, tem por base “indicações gerais da tutela”, mas “cada universidade, de forma autónoma, define os seus procedimentos internos”. “Em qualquer caso, o estudante tem de apresentar previamente às instituições a Autorização de Residência ao Abrigo do Regime de Protecção Temporária. Não havendo uma contabilização conjunta das instituições de ensino superior em Portugal, pode ser destacada uma área em particular, que é a da medicina, onde as escolas a nível nacional se envolveram numa iniciativa conjunta e deram, face aos muitos pedidos registados, uma resposta de forma concertada, distribuindo os estudantes pelas diferentes faculdades”, conta.»
Folha 8 com Lusa
Foto de arquivo