ANGOLA. Os dois centros improvisados pelas autoridades angolanas no Dundo já controlam 30.639 refugiados da República Democrática do Congo (RDCongo), mas o número total de pessoas que fugiram para Angola pode já estar nos 40 mil.
Os números, até 12 de Junho, foram avançados à agência Lusa pelo director provincial na Lunda Norte do Ministério da Assistência e Reinserção Social (Minars), Wilson Palanca, e envolvem os centros provisórios de Cacanda e Mussungue, ambos nos arredores do centro da cidade do Dundo.
“Esses mais de 30.000 é o número controlado, que estamos a seguir, não se contam os que estão dispersos ao longo da fronteira, nas comunidades, nas famílias ou pessoas conhecidas”, explicou Wilson Palanca.
A fronteira angolana com a RDCongo permanece aberta à entrada de famílias inteiras que fogem ao conflito na zona do Kasai, de fortes relações tradicionais, étnicas e até familiares com o leste de Angola.
A província da Lunda Norte recebe ainda “entre 200 a 300 refugiados por dia”, em três pontos diferentes da fronteira, como enfatizou o director provincial do Minars: “Mas podemos falar que nos estamos a aproximar a 35.000 a 40.000 que estarão na Lunda Norte. Mas o que nos interessa é que controlamos 30.639 refugiados (…) Esse número não para de aumentar, nós trabalhamos dia e noite”.
Deste total, em que só uma parte tem acesso a tenda, mais de 12.000 refugiados são crianças e a prioridade na gestão dos dois centros provisórios passa pelo registo biométrico, em curso por parte do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), para controlo, identificação e distribuição de apoios e meios de subsistência.
Depois de em Abril e Maio chegarem feridos ou até mutilados, o perfil destes refugiados que entram em Angola começou entretanto a mudar, à medida que as forças de segurança congolesas conseguem recuperar e controlar território que antes estava sob controlo das milícias de Kamuina Nsapu.
Hoje, explica Wilson Palanca, chegam com malas, alguma roupa e pertences: “Eles dizem que há insegurança, mas que há fome também. Parece que estão a fugir da fome”.
O conflito desencadeado pelas milícias contra as populações, autoridades e forças de segurança da RDCongo destruiu milhares de casas e provocou mais de um milhão de deslocados dentro do país. Congoleses que viram familiares serem decapitados por serem polícias, pertencerem à igreja ou serem simplesmente funcionários da administração central, e foram forçados a percorrer a pé as matas, alguns durante dias, até chegarem à Lunda Norte, para escaparem com vida.
“As pessoas estavam a criticar, que pensavam que Angola ia rejeitar a entrada dos refugiados. Mas a primeira coisa que o Governo de Angola fez foi abrir as fronteiras. Abriu de imediato as fronteiras, sem impedir a entrada de ninguém”, afirma Wilson Palanca.
Os conflitos étnico-políticos no Kasai prolongam-se há cerca de um ano, mas desde finais de Março que levaram ao êxodo da população, nomeadamente para o leste de Angola. Já em maio, o Governo angolano aprovou um orçamento de 599 milhões de kwanzas (3,2 milhões de euros) para apoiar estes refugiados.
“Começamos a apoiar com o ‘stock’ que existia, porque para nós isto foi uma surpresa. Agora, mantemos os apelos internacionais porque estes refugiados precisam de tudo um pouco e o que vier é bem-vindo”, reconheceu o director provincial do Minars, que coordena a resposta local a esta crise.
Lusa
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