GABÃO. O Parlamento do Gabão foi incendiado e pelo menos três pessoas morreram nos confrontos em Libreville que começaram após ter sido anunciado o resultado final das presidenciais, após quatro dias de espera, que reelegeu para um mandato de sete anos o Presidente Ali Bongo Odimba.
Desta forma, a sua família torna-se uma das mais duradouras no poder em África, dominando este país há mais de 50 anos.
“As chamas estão quase a espalhar-se por todo o edifício”, disse à AFP Yannick, um habitante de Libreville, testemunha do incêndio. Uma nuvem de fumo negra e vermelha elevava-se no céu acima do Palácio Léon Mba, segundo a agência noticiosa francesa.
O Parlamento fica na Avenida Triomphal, onde se localizam outras instituições importantes, como a televisão estatal, a câmara municipal, o Centro Cultural Francês, o Ministério do Petróleo, as embaixadas da China e da Rússia.
As forças de segurança estavam na rua desde terça-feira, a título preventivo, aguardando a divulgação dos resultados das presidenciais, que opuseram Ali Bongo a Jean Ping, antigo presidente da União Africana. Desde que foi anunciada a vitória de Bongo, por 49,80% dos votos contra 48,23% de Ping, começaram confrontos nas artérias principais de Libreville entre apoiantes de Ping e polícia e militares.
“Ali tem de se ir embora”, gritam os manifestantes, que tentaram invadir as instalações da Comissão Eleitoral. Os militares usaram granadas e gás lacrimogéneo contra os manifestantes. Suspeita-se de irregularidades na votação em pelo menos províncias deste país da África Ocidental.
“Em 2009, em 2016… Já chega, já não nos podem mais roubar a vitória. Ali tem de se ir embora”, declara Boris, uns 20 anos, antes de explicar os motivos da sua cólera, conta AFP. Está numa via rápida, que contorna a capital do lado Leste, com outros manifestantes que tentam chegar à sede de campanha de Jean Ping. Os mais excitados queimam o que vão encontrando pelo caminho – pneus, contentores. Outros atiram pedras contra os militares.
Omar Bongo, o pai de Ali Bongo – ou Bongo Júnior, como é conhecido – governou o Gabão durante mais de 40 anos, aproveitando-se da riqueza petrolífera do país, que escondeu em bancos no estrangeiro em vez de a investir no país. Ali Bongo tentou distanciar-se dos pecados do seu pai, diz o Guardian, mas a aparente manipulação dos votos – por exemplo, nado Alto Ogooué, a taxa de participação rondou os 100%, explica um porta-voz de Jean Ping, citado pelo Le Monde – trouxe à recordação os tempos de ditadura e miséria.
Fonte: Público