Do federalismo do PRS
às novas capitais da APN

Enquanto o cabeça-de-lista do Partido de Renovação Social (PRS) às eleições gerais angolanas de 23 de Agosto, Benedito Daniel, promete, em caso de vitória, realizar um referendo para consultar os angolanos sobre a instituição de um modelo federal no país, o seu homólogo da Aliança Patriótica Nacional (APN), Quintino Moreira, afirma liderar o partido que mais cresce em Angola, tendo angariado 650 mil membros em ano e meio de actividade.

Falando à margem de uma acção de campanha em Luanda, o candidato e líder do PRS apontou esta solução federal como uma das medidas propostas e que já levou, em campanha eleitoral, aos eleitores das províncias do Huambo, Cuando Cubango, Huíla, Namibe, Cunene e Cuanza Sul.

Na liderança do PRS desde Maio deste ano, o cabeça-de-lista do partido às eleições gerais disse que se o modelo tiver anuência dos angolanos, a primeira medida será a “mudança da Constituição” actual, de Estado unitário.

“Tudo aquilo que nós propomos, queremos propor, é um federalismo simétrico, centrífugo, que irá transformar as actuais províncias em Estados federados e a Constituição será a primeira base para a implementação”, explicou.

Para Benedito Daniel, “os angolanos que sentem que têm sido discriminados, que sentem que estão excluídos, sem a menor sombra de dúvida apoiam a ideia da implementação do federalismo” no país.

“Porque o federalismo, de uma ou de outra forma, vai consolidar o estado da nação. Nós temos uma Angola que ainda se resume em povo, não temos uma Angola que se pode chamar uma nação, bastou ver que na nossa assembleia, grupos étnicos nunca estiveram representados na Assembleia Nacional e nem estarão representados a curto prazo e isto ainda não é formar uma verdadeira nação”, disse.

Ainda segundo o político, o périplo que realizou na primeira fase da campanha permitiu constatar que o eleitor de hoje não é o mesmo das duas eleições passadas, de 2008 e 2012, que se deixava levar pela cor da bandeira.

O eleitor actual, observou Benedito Daniel, já interage, pergunta e vai a fundo, “para saber se o partido que lhe traz a mensagem possui a capacidade ou não de poder materializar aquilo que lhe propõe”.

“Isto fez com que nós ficássemos surpreendidos e porque estamos em crer que já o eleitor não irá votar na cor da bandeira, senão nas ideias que cada partido propõe”, disse.

Para os dias que antecedem o acto eleitoral, o candidato à eleição, indirecta, para Presidente da República, pelo PRS, vai fazer campanha pelo norte e leste do país, começando por Malanje, Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico, Uíge e seguindo depois para o Zaire.

Com a campanha eleitoral, que termina a 21 de Agosto, a meio, Benedito Daniel critica o papel dos órgãos de comunicação social públicos, que, diz, têm emitido apenas “desinformação”.

No seu manifesto eleitoral, o PRS defende a “adopção de uma Constituição federal” para “assegurar na prática aos angolanos e a estrangeiros residentes em Angola a inviolabilidade dos direitos e liberdades fundamentais”.

Essa reforma passa, desde logo, pela organização do poder legislativo, com a “câmara dos deputados ou câmara baixa”, a eleger proporcionalmente pela população de cada estado e a “câmara de representantes ou câmara alta”, com a igualdade de representação dos estados.

Angola está actualmente dividida em 18 províncias, com os respectivos governos provinciais, mas a proposta do PRS, cuja maior representatividade é junto do eleitorado do leste do país, passa pela “concessão de autonomia política, administrativa, legislativa e financeira aos estados federados”.

APN fala da multiplicação de membros

O cabeça-de-lista da Aliança Patriótica Nacional (APN) às eleições gerais angolanas, Quintino Moreira, afirma liderar o partido que mais cresce em Angola, tendo angariado 650 mil membros em ano e meio de actividade.

Depois de passar pelo sul do país, em campanha, Quintino Moreira, que já ficou conhecido por promessas eleitorais como a criação de um milhão de postos de trabalho em cinco anos ou habitação para jovens com rendas mensais de 10.000 kwanzas (50 euros), visitou nos últimos dias alguns dos mercados populares de Luanda, reforçando a confiança para as eleições de 23 de Agosto.

“Temos milhares de novos militantes e a prova disso é que hoje a APN é o partido que mais cresce e estamos já com mais de 650 mil membros desde que fomos legalizados há um ano e meio”, disse o líder do partido e candidato à eleição, indirecta, para Presidente da República.

Prometendo ainda construir três capitais em Angola – política, económica e turística -, Quintino Moreira, eleito na legislatura de 2008-2012 pela Nova Democracia, partido que também fundou e que foi extinto, afirma agora que a APN “vai surpreender”, devido à “adesão popular diária”.

A tónica do discurso do candidato junto dos eleitores centra-se, sobretudo, em mensagens de mudança e esperança, defendendo um equilíbrio político no parlamento angolano, face às maiorias obtidas pelo MPLA, partido no poder desde 1975.

“Para defendermos todos os segmentos da sociedade, desde vendedores informais, operários e sobretudo jovens que precisam organizar a sua vida, que precisam de emprego, estudos e melhores condições de vida e prosperarem”, disse, durante o apelo ao voto.

O partido estreia-se em eleições gerais em Angola, mas o líder diz que há condições para chegar ao poder já nestas eleições, afirmando que as bases da APN são “sólidas”.

Prova disso, diz, é que se prepara para viajar para as províncias do Moxico e do Bié, para participar na cerimónia de integração de mais de 250 novos membros, a apresentar publicamente, provenientes de outros partidos.

“A APN pode atingir o poder, com uma maioria simples nas eleições, porque temos eleitorado e povo que nos segue e continuamos a crescer de uma forma estrondosa. Estamos já a aprimorar os nossos quadros para poderem participar neste governo da juventude”, rematou.

Folha 8 com Lusa

Artigos Relacionados

One Thought to “Do federalismo do PRS
às novas capitais da APN”

Leave a Comment