Satélite no ar, fome em terra

O ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação de Angola, José Carvalho da Rocha, desafiou hoje os operadores nacionais e estrangeiros a apostarem nos serviços do Angosat 1, primeiro satélite angolano, assinalando que “o projecto é uma realidade”. Todo o país aplaudiu. O satélite não enche a barriga dos 20 milhões de pobres, mas vai encher algumas…

O desafio foi lançado hoje pelo governante, durante a cerimónia de lançamento oficial da Campanha de Comercialização do Angosat 1, que deve entrar em órbita no terceiro trimestre deste ano e que custou ao erário público 330 milhões de dólares (cerca de 290 milhões de dólares).

“Desta tribuna faço um apelo aos nossos operadores para que acreditem de facto no Angosat. Hoje o Angosat já é uma realidade. Acreditem nisso”, assegurou.

De acordo com o governante angolano, o Angosat 1 representa mais uma etapa de transferências de tecnologia e conhecimentos e de levar comunicações a todas as regiões do país.

As valências do Angosat 1 foram igualmente assinaladas por José Carvalho da Rocha, argumentando que o mesmo terá uma capacidade de 22 ‘transponders’ [dispositivo de comunicação electrónico] e até cerca de 15.000 antenas para a necessidade do retorno ao investimento realizado.

Na cerimónia foram assinados dois contratos de reserva de capacidades entre a Infrasat Telecomunicações, empresa angolana gestora do Angosat 1, e a Televisão Pública de Angola e a Renatelsat, da RDCongo.

O director executivo da Infrasat, Diogo de Carvalho, precisou que o acto assinala a abertura da campanha de comercialização das capacidades do Angosat 1.

“Estamos a colocar as capacidades à disposição para que as pessoas consigam reservar banda e consigam, quando for lançado, utilizar. Logicamente que agora antes do lançamento as condições (contratuais) são bastantes mais atractivas”, precisou.

Dados avançados na cerimónia apontam que 47 engenheiros angolanos vão controlar as operações do Angosat 1, tendo já sido efectuados um total de 264 testes de funcionalidade do aparelho, designadamente na componente dos sistemas e subsistema.

Alguns diplomas legais que vão dar suporte à utilização do Angosat 1 foram igualmente já elaborados, anunciou ainda o director do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional, Zolana João.

Ao que tudo indica, com o Angosat, o nosso país deixará de ter 68% da população afectada pela pobreza, ou a mais alta taxa de mortalidade infantil no mundo. É isso, não é?

Será também graças ao satélite que não mais se dirá que apenas um quarto da população tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade, ou que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos.

Do mesmo modo, com o Angosat não mais se afirmará que a taxa de analfabetos é bastante elevada, especialmente entre as mulheres, uma situação agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino. Ou que 45% das crianças sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.

Folha 8 com Lusa

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2 Thoughts to “Satélite no ar, fome em terra”

  1. Manuel da Piedade

    Nós deveríamos ser os primeiros a reconhecer o que é nosso, para que todo mundo que olhasse nela fizesse o mesmo.

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