Portugal tenta (re)forçar posição em Angola

O saldo favorável a Portugal relativamente às trocas comerciais com Angola desceu 34,4% entre Janeiro e Novembro, para 1,34 mil milhões de euros, devido à queda de 30,5% nas exportações. Terça-feira, em Luanda, decorre o Fórum Empresarial Angola-Portugal.

D e acordo com os mais recentes dados da Agência para o Investimento Comércio Externo de Portugal (AICEP), as exportações de Portugal para Angola passaram de 3,2 mil milhões de euros, de Janeiro a Novembro de 2015, para 2,2 mil milhões nos primeiros onze meses do ano passado.

Os números da AICEP mostram também uma redução significativa nas importações portuguesas, de 23,9%, tendo caído de 1,2 mil milhões de euros para 919 milhões no mesmo período, mas em valor absoluto é na queda das exportações que reside a principal razão para a degradação do saldo da balança comercial, que se mantém, ainda assim, positiva para Portugal.

A quebra nas exportações portuguesas nos primeiros 11 meses do ano permite antecipar que Portugal terá chegado ao final de 2016 com o valor mais baixo desde, pelo menos, 2011, ano em que as exportações chegaram a 3,7 mil milhões, mas muito abaixo dos 4,74 mil milhões alcançados em 2014, o melhor dos últimos cinco anos para as vendas de bens e serviços portugueses a Angola.

As importações, por sua vez, também devem fechar 2016 no valor mais baixo dos últimos cinco anos: em 2011, o ano mais baixo dos últimos cinco, Portugal comprou bens e serviços angolanos no valor de 1,3 mil milhões de euros.

A crise financeira e económica angolana revela-se também na percentagem de exportações que tem como destino o maior produtor de petróleo na África subsaariana: em 2016, Angola foi o destino de 3,3% das vendas de Portugal para o estrangeiro, o que vale menos de metade dos 6,9% de 2013.

Em sentido inverso, isto é, enquanto fornecedor, Angola vale 1,4% das importações nacionais, o que revela uma quebra face aos 1,9% de 2015 e aos 2,6% do ano anterior.

Fórum empresarial Angola-Portugal

O Fórum Empresarial Angola-Portugal, que decorre na terça-feira em Luanda, vai servir para “contrariar algum clima de pessimismo que tem existido sobre o mercado angolano”, diz o presidente da AEP – Associação Empresarial de Portugal.

“O objectivo é contrariar algum clima de pessimismo que tem existido sobre o mercado angolano, consubstanciado nos dados concretos das trocas comerciais e outros problemas que surgiram”, afirma Paulo Nunes de Almeida.

“Temos a expectativa que 2017 possa ser já um ano de relançamento da economia angolana, primeiro pelos ajustamentos internos, e depois porque tem havido nos últimos meses uma retoma do preço do petróleo, ainda longe do desejável para o país, mas melhor do que antes”, continuou o presidente da AEP.

A AEP traz a Luanda 17 empresas portuguesas para um conjunto de reuniões e mostras de produtos e serviços nacionais; “tendo em conta que das 17 empresas que integram a comitiva, 70% já estão a desenvolver operações no mercado angolano, o Fórum irá ter como foco principal as parcerias entre as empresas angolanas e portuguesas na diversificação da economia de Angola”, referiu a AEP.

“As empresas portuguesas têm de contribuir para a diversificação da economia, mas têm também de pensar que o futuro vai ser diferente e que Angola é um mercado muito importante no ranking das nossas exportações”, salientou Paulo Nunes de Almeida.

Questionado sobre a saída de várias empresas portuguesas de Angola no seguimento da crise económica e financeira que o país atravessa devido à quebra do preço do petróleo desde meados de 2014, Paulo Nunes de Almeida respondeu que “as empresas que se querem internacionalizar têm de contar com a volatilidade e lembrar-se que o mundo muda”.

Paulo Nunes de Almeida considerou que apesar das dificuldades em vários mercados importantes para as empresas portuguesas, “o peso das exportações no Produto Interno Bruto subiu de 30 para 40%, e isso mostra que a capacidade de adaptação aos mercados é uma característica mais que evidente nos empresários portugueses”.

Os empresários, defendeu, “nunca fecham horizontes, podem desacelerar ou tirar ritmo à internacionalização, mesmo devido às dificuldades na transferência de dinheiro, e outras não viram os créditos cobrados, e outras ainda tiveram de fazer regressar recursos humanos, mas não vi nenhum pôr uma cruz neste mercado onde a volatilidade é grande”.

Também por isso, enfatizou, é importante “que Portugal continue a marcar uma presença forte em Angola, que é um mercado natural para as empresas e tem muitos portugueses a viver lá”.

Fonte: Lusa

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