Se não fossem os prejuízos
a TAAG teria tido… lucros!!

A transportadora aérea angolana, TAAG, anunciou hoje que registou prejuízos de 12 milhões de dólares (10,1 milhões de euros) no primeiro semestre, mais do dobro do saldo negativo do ano passado, o que atribui a dívidas de 2010. Mas, é claro, está tudo sob controlo do regime.

Em comunicado, a companhia estatal refere que os resultados financeiros não auditados dos primeiros seis meses deste ano registam, ainda assim, “algumas melhorias”, apesar do prejuízo do semestre comparar com os cinco milhões de dólares (4,2 milhões de euros) de todo o ano de 2016.

“Este nível de desempenho é muito melhor se tivermos que comparar com prejuízos históricos superiores a 150 milhões de dólares [126,6 milhões de euros] em alguns anos”, refere a companhia, que até 10 de Julho foi gerida (desde finais de 2015, por contrato de concessão), pelos árabes da Emirates, tendo o britânico Peter Hill como presidente do Conselho de Administração.

A companhia explica o agravamento nas contas com a realização de uma provisão total de 21 milhões de euros nos primeiros seis meses, relativa a “passivos fiscais não pagos em escalas, no exterior, referente ao ano de 2010”.

“Mesmo tendo a administração conseguido negociar com sucesso um plano de liquidação diferida, a provisão total foi feita nas demonstrações financeiras”, sublinha a TAAG, que pelo menos até às eleições gerais de 23 de Agosto vai ser administrada por uma comissão de gestão, liderada por Joaquim Teixeira da Cunha, face à “abrupta” saída da Emirates.

A companhia, detida pelo Estado/regime angolano, refere que entre Janeiro e Junho viu as receitas crescerem 16%, face a igual período de 2016, em termos de passageiros, enquanto no transporte de carga os lucros da TAAG subiram 78%.

“Combinado com o progresso contínuo no controlo de despesas gerais e outros custos, os resultados das operações foi muito melhor do que o orçamentado para o mesmo período”, afirma a transportadora aérea que, no entanto, admite os impactos da “redução na atribuição do subsídio de combustível pelo Governo”, pago “devido aos preços muito elevados de combustível em Angola”.

“Se não fosse a redução no subsídio de combustível e a provisão para o passivo fiscal, a companhia teria sido lucrativa. O prejuízo é ainda agravado pelo facto de a TAAG ter de abastecer as suas aeronaves com o máximo combustível permitido em Luanda, onde ele é mais caro, na impossibilidade de o poder fazer nas escalas do exterior, onde o combustível é mais barato, devido à escassez de divisas”, reconhece a companhia.

Citado no documento, Vipula Gunatilleka, responsável pela área financeira da TAAG na comissão de gestão nomeada em Julho pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, reconheceu a “escassez de moeda estrangeira para pagar os fornecedores no exterior” e “a incerteza do mercado como resultado da crise económica de Angola” como desafios dos últimos dois anos que continuam e tornaram “extremamente difícil o nosso negócio”.

“Continuamos concentrados na redução de custos, ao mesmo tempo que aumentamos os salários dos nossos trabalhadores, e fomos bem-sucedidos em ganhar de forma estável quota de mercado, mesmo sendo cada vez mais competitivos nos nossos preços. Apesar destes desafios, com as épocas de pico de Agosto e Dezembro incluídas no segundo semestre, faremos o nosso melhor para apresentar um bom resultado financeiro para o ano [de 2017]”, afirma.

A companhia de bandeira angolana prevê expandir a programação entre 2017 e 2018, passando a voar duas vezes por dia de Luanda para Lisboa, mantendo três ligações semanais para o Porto (Portugal), face à disponibilização de novos direitos de tráfego.

Além disso, os voos de Luanda para a cidade do Cabo (África do Sul) aumentarão de três por semana para voos diários no final do mês de Outubro, informou a TAAG.

Folha 8 com Lusa

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