“Está tudo caro de novo”

Alguns produtos da cesta básica em Angola estão a inverter a tendência de queda nos preços que se verificava desde o início do ano e nos últimos dias voltaram a acelerar, influenciados pelas eleições gerais de quarta-feira.

A situação foi constatada pela agência Lusa numa ronda por feiras de Luanda, como o conhecido Mercado dos Congoleses, com os vendedores a confirmarem a subida dos preços, em grande medida face ao açambarcamento de produtos, com o aproximar das eleições.

Antónia da Costa vende naquele mercado há 28 anos e explica que a subida dos preços afecta produtos como feijão, arroz, açúcar, face, por sua vez, aos altos preços nos armazéns grossistas, nos últimos dias. Explica que o quilo de açúcar, que estava nos 200 kwanzas (um euro), é agora vendido a 250 kwanzas (1,30 euros), com o preço nos armazéns a disparar nos últimos dias, tal como o arroz, cujo saco grande passou de 3.500 kwanzas (18 euros) para 4.300 kwanzas (22,10 euros), em poucas semanas, e reclama ainda da falta de clientes.

“Está tudo caro de novo”, conta aquela comerciante, de 45 anos, enquanto busca justificações da subida dos principais produtos da cesta básica, relacionando com o actual ambiente político que Angola vive, de eleições gerais, e hábitos de eleições passadas, de açambarcamento de produtos essenciais, por receio.

“Agora ninguém sabe se a subida dos preços tem a ver com as eleições, mas se for por causa das eleições então os preços tinham de baixar e não subir”, atirou.

O mesmo retrato do ambiente de vendas no mercado dos Congoleses, na capital angolana, é também apresentado por Maria Adão, que vende naquele espaço há 23 anos, afirmando que os preços dos principais produtos estão a aumentar desde finais do mês de Julho. “Os preços subiram porque nos armazéns, onde compramos, também dispararam”, disse, recordando que por estes dias comercializa o quilo de feijão ou de farinha a 500 kwanzas (2,60 euros), e que o litro de óleo passou de 500 para 700 kwanzas (3,60 euros).

Em ambiente de eleições, Maria Adão, de 60 anos, defende que os preços “deveriam baixar e não disparar”, como está a acontecer. “Não sabemos se por terem medo que as coisas vão falhar”, aponta. “O mercado está sem clientes porque preferem comprar os produtos na rua e dificilmente entram aqui para esta zona e as bancadas estão vazias, estou a vender fuba de bombom ao preço de 200 kwanzas o quilo e a de milho 300 kwanzas”, explica ainda.

Sem clientes está também Luzia Bernardo, que condena a existência de mercados paralelos nos arredores daquela praça, justificando que por vezes passa dias sem nada vender. “O nosso grande problema é mesmo a falta de clientes”, diz Bernardo, há mais de 40 anos no Mercado dos Congoleses.

Só entre Janeiro e Dezembro de 2016, os preços em Angola aumentaram 42%, devido à crise no país, tendência que estava em queda desde o início do ano e que agora volta a ser invertida.

Lusa

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2 Thoughts to ““Está tudo caro de novo””

  1. Manuel Ferreira

    O saco de cimento de fabrico nacional que estava a 1.500,00/1.700,00 akz no Huambo está agora, nos armazéns de comerciantes angolanos a 2.500,00/2.550,00 e nos armazéns chineses a 2.700,00 akz.
    Que barbaridade. Ninguém põe mão nisso?

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