Embaixada em Lisboa vai vender 17 viaturas

A Embaixada de Angola em Portugal vai colocar à venda 17 viaturas que tem ao serviço actualmente naquela representação diplomática, conforme autorização dada pelo ministro das Finanças, Archer Mangueira. O resultado da venda poderá dar para construir uma estátua a Marcos Barrica.

As viaturas em causa, algumas com matrícula do corpo diplomático, têm entre nove e 21 anos, não sendo adiantado no mesmo despacho, de 15 de Maio, os motivos para alienação, no âmbito do regulamento sobre aquisição, gestão e abate da frota automóvel do Estado.

A venda, que inclui viaturas da marca Mercedes, BMW, AUDI e Volvo, entre outras, será conduzida pelo embaixador de Angola em Portugal, Marcos Barrica, e o resultado da alienação das viaturas será entregue directamente à Conta Única do Tesouro angolano.

No Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2017, o Governo inscreveu uma verba de 32.663 milhões de kwanzas (175,3 milhões de euros) para a rubrica das Missões Diplomáticas, Consulares e Representações Comerciais, cerca de metade para pagar salários. Trata-se de um aumento superior a 18%, face à verba inscrita para o mesmo efeito no Orçamento de 2016.

A medida surge na mesma altura em que o Governo angolano pretende reduzir, a partir de Setembro, a rede diplomática e consular, para poupar recursos financeiros, em função da crise que o país atravessa com a quebra nas receitas da exportação de petróleo.

A informação consta de um despacho presidencial do final de Abril, em que o Presidente angolano cria uma “comissão ‘ad-hoc’ para estudar e propor a redução e redimensionamento das missões diplomáticas e consulares da República de Angola no estrangeiro”, face à “necessidade de se racionalizar os recursos humanos, técnicos e financeiros inerentes ao exercício da actividade diplomática”.

“De modo a torná-la menos onerosa, em função das disponibilidades que a actual situação económica e financeira nacional e internacional proporcionam”, lê-se no despacho assinado por José Eduardo dos Santos.

Só em Portugal, Angola conta com três consulados (Lisboa, Porto e Faro), além da embaixada do país, na capital portuguesa.

Este redimensionamento é justificado no mesmo despacho “tendo em conta a possibilidade de um melhor aproveitamento das capacidades existentes” e do “desempenho do funcionamento”, com vista “à maximização dos resultados que se pretende obter”.

A comissão agora criada, que terá 60 dias para apresentar o relatório final sobre este redimensionamento da rede consular e diplomática angolana, será coordenada pelo ministro e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Manuel da Cruz Neto, integrando ainda os ministros das Relações Exteriores, das Finanças, da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, entre outros elementos.

Das atribuições desta comissão constam “estudar e propor a redução e redimensionamento das missões diplomáticas angolanas no estrangeiro”, devido às “verbas disponíveis e do pessoal diplomático, técnico-administrativo estritamente necessário ao desempenho da actividade”.

“Calcular os montantes necessários à implementação da proposta de redução e redimensionamento, com eventuais variáveis possíveis, com vista à execução das opções que foram aprovadas para a implementação durante o mês de Setembro de 2017, devendo até essa data serem criadas as condições administrativas e outras necessidades para esse efeito”, estabelece o despacho presidencial.

Ainda sobre as atribuições, esta comissão vai poder “propor a suspensão da execução de qualquer ato ou plano de rotação” nestes postos fora do país, “bem como a admissão de qualquer pessoal nas estruturas centrais ou externas ou quaisquer transferências de funcionários entre missões diplomáticas e consulares ou deste para a sede e vice-versa”.

O exemplo barrica(da) de Lisboa

Os diplomatas da missão angolana em Portugal reconheceram no passado dia 27 de Janeiro os esforços, sagacidade e perspicácia do embaixador José Marcos Barrica, que se revelaram fundamentais para contornar o ano difícil de 2016. Agora, com a venda das viaturas, o diplomata dá mais um exemplo. Dá ou vende? Não interessa.

Então os funcionários da Embaixada elogiaram o seu chefe? É obra. De há muito que Marcos Barrica, na senda das ordens e exemplos superiores, exige que à sua medida os seus colaboradores o venerem tal como ele faz em relação ao patrão e patrono José Eduardo dos Santos e fará em relação a Joao Lourenço.

Numa mensagem dirigida ao embaixador por ocasião da cerimónia de cumprimentos de ano novo, os diplomatas expressaram o reconhecimento desta espinhosa e nobre missão, reafirmando o compromisso de continuarem firmes, com base nas orientações emanadas pelo embaixador, visando a promoção e a defesa dos mais insignes interesses do país em Portugal.

Esta rapaziada da Embaixada em Lisboa, amputada de coluna vertebral e com graves características de nanismo intelectual, ainda não percebeu que a bajulação, o seguidismo e a fidelização canina só se aplica a sua majestade o rei José Eduardo dos Santos. Estão a apostar no “cavalo” errado.

De acordo com os diplomatas, continuemos a saborear a prosa apologética da Angop, para esta missão diplomática 2016 foi um ano particularmente ímpar, por ter sido marcado por uma intensa crise financeira. O autor não informa se a crise atingiu mesmo a compra de lagosta ou, pelo contrário, só se fez sentir a nível da mandioca… que nenhum deles sabe o que é.

“Como resultado disso, a nossa dinâmica viu-se afectada, causando o cancelamento de várias actividades ou mesmo o reajuste permanente do programa de actividades”, referiram os servos do Marcos Barrica que, por sua vez, como servo de sua majestade, fez chegar ao rei todo este lamento dos seus sipaios.

Na mensagem, contou a Angop, “foram destacadas algumas actividades realizadas em 2016, sob liderança do embaixador, em articulação com os consulados gerais, como o encerramento da Campanha Infantil de Educação Patriótica – Projecto de Transcrição Manuscrita da Constituição da República de Angola, por 244 crianças, correspondendo os 244 artigos da Constituição, que permitiu percorrer muitos quilómetros de norte a Sul de Portugal, dando como fruto a obra intitulada “Constituição da República de Angola – Manuscrita”- 2015; – Um verdadeiro marco indelével do seu mandato e da Embaixada, dos Cônsules-Gerais e respectivos Consulados, e da nossa comunidade em Portugal continental e adjacente”.

A educação patriótica é, reconhecemos, fundamental para a pujança de qualquer reino feudal e esclavagista. Assim foi com Hitler e Pol Pot, e assim é com Kim Jong-un, Teodoro Obiang e José Eduardo dos Santos. E será com João “Malandro” Lourenço.

Quando qualquer uma das 244 crianças que foram obrigadas a transcrever a Constituição (documento tão fundamental no país e cuja validade termina onde começa a vontade do regime de José Eduardo dos Santos) colocar esse feito no curriculum, terá certamente lugar garantido – sem culpa alguma – num manicómio.

Os sipaios da Embaixada, à boa maneira de culto ao chefe (todos devem ter tido uma excelente educação… patriótica) destacam igualmente a participação de José Marcos Barrica nas celebrações do Dia de África, no encerramento do “Encontro Nacional da Juventude” em Portugal, promovido pelo Fórum de Jovens Angolanos em Portugal (FJAP), na Covilhã.

Neste encontro de bajulação e culto canino, o embaixador informou os participantes, em especial os jovens estudantes, sobre a estratégia de formação de quadros do Governo Angolano inscrita no Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017.

Consta, segundo a Angop, que os presentes reiteraram os objectivos da missão em proteger os interesses do Estado angolano (leia-se regime do MPLA) e dos seus nacionais (os de primeira) em Portugal, dentro dos limites estabelecidos pelo direito internacional (que manifestamente Marcos Barrica não sabe quais são), assim como empreender acções proactivas com o objectivo primordial de promover Angola.

Tudo isto poderia ser, apesar de longa, uma anedota. Embora os participantes sejam comediantes de barriga (bem) cheia, tratou-se de mais um manifesto de incompetência e servilismo de meia dúzia de privilegiados que, como o seu “querido líder”, se estão nas tintas para os 20 milhões de angolanos pobres.

Por alguma razão barrica significa: Vasilha de aduelas em forma de pipa.

Folha 8 com Lusa

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