Devagar, devagarinho, parados e… para trás

A consultora BMI Research estima que a economia de Angola cresça 2% este ano e 4,1% em 2018, com a inflação muito elevada e o fraco ambiente empresarial a impedirem uma recuperação mais rápida. Pelos vistos, apesar de previsível – e fabricada – há meses, a vitória do MPLA parece não estar ajudar as teses divinas de quem nos (des)governa há 42 anos.

“Angola vai ver uma recuperação modesta no crescimento económico durante os próximos dois anos devido a uma melhoria na perspectiva de evolução do sector petrolífero; a inflação muito elevada e um fraco ambiente empresarial vão pesar na produção noutros sectores da economia, negando uma recuperação mais abrangente”, escreve esta consultora do Grupo Fitch.

Se a recuperação da economia estivesse directamente dependente do nível de demagogia do regime, aí sim, estaríamos bem. Muito bem. Mas como não depende disso nem da corrupção, vai ser longa a travessia do deserto.

No relatório sobre a economia angolana no terceiro trimestre deste ano, marcado pelas eleições presidenciais deste mês, a BMI Research diz que o país vai acelerar neste e no próximo ano face aos 0,3% de crescimento registado no ano passado, “o que fica bastante abaixo da média anual de 6,8% registada entre 2006 e 2016”.

O petróleo, dizem, continua a dominar a economia, valendo 95,2% das exportações totais e 70,2% das receitas fiscais em 2016, o que significa que os movimentos no mercado internacional do petróleo vão continuar a ditar a evolução da economia angolana”.

No relatório, os analistas afirmam que, “apesar dos ventos favoráveis oferecidos pelo sector petrolífero, a alta inflação, um fraco ambiente empresarial e a incerteza sobre o futuro do regime da taxa de câmbio pelo banco central vão garantir que o investimento continue abaixo do potencial e, em última análise, qualquer recuperação económica será curta”.

É por isso que, a seguir a um crescimento de 4,1% no próximo ano, as estimativas apontam para um abrandamento para os 2,4% em 2019 e 2020, o que é insuficiente para um país em desenvolvimento, como é o caso de Angola, o maior produtor de petróleo africano, a par da Nigéria.

Entre as vantagens do país, a BMI Research aponta os “abundantes recursos naturais, com diamantes e hidrocarbonetos”, e as estreitas ligações com a China, apresentada como “uma fonte confiável de empréstimos públicos a taxas relativamente baratas”.

Em sentido inverso, os analistas destacam a “enorme dependência estrutural do petróleo”, a par da “elevada corrupção e um inóspito ambiente empresarial, que é um obstáculo aos investidores estrangeiros e nacionais”.

A nível financeiro, a análise aponta como ameaças os custos do serviço da dívida externa, com taxas de juro a rondar os 10%, o que leva os analistas a preverem que “Angola se arrisca a entrar em incumprimento financeiro (default) se os empréstimos continuarem a este nível ou se a instabilidade política prejudicar as receitas fiscais”.

Instabilidade política? Em Angola? Não, isso não se aplica. Basta ver o que se está a passa com os resultados eleitorais fabricados pelo MPLA e impostos à sua sucursal eleitoral (Comissão Nacional Eleitoral) que, por sua vez, os tenta impor a todos os angolanos.

Folha 8 com Lusa

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