Calote da Sonangol à Coreia do Sul

O ministro sul-coreano dos Negócios Estrangeiros, Yun Byung-se, deverá receber este mês, em Seul, o chefe da diplomacia angolana para abordar a “crise de liquidez” provocada pelo atraso num pagamento da Sonangol a um estaleiro naval nacional.

A informação foi avançada pela imprensa da Coreia do Sul, citando fonte da diplomacia do país para confirmar a visita do ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, para abordar o “caso Sonangol” e a dívida de 884,1 milhões de dólares (835 milhões de euros) à Daewoo Shipbuilding and Marine Engineering (DSME), pela construção de dois navios-sonda.

“O encontro com o ministro das Relações Exteriores angolano não será capaz de resolver o problema de imediato, mas estamos trabalhando em todas as frentes para resolver isso”, disse a mesma fonte.

A petrolífera do regime do MPLA, Sonangol, garantiu em Março que os dois navios-sonda encomendados à Coreia do Sul, um negócio global superior a 1.100 milhões de euros, vão entrar em breve ao serviço, após concluído o novo modelo de negócio para os rentabilizar.

Em causa está a aquisição destes navios à DSME, cujo pagamento por parte da empresa pública angolana tem vindo a ser sucessivamente atrasado, devido às próprias dificuldades que a Sonangol atravessa. A situação inviabiliza a entrega dos navios e além disso ameaça a sobrevivência daquele estaleiro.

“A Sonangol está a desenvolver com os seus parceiros internacionais um novo modelo de negócio para rentabilizar dois navios-sonda adquiridos pela companhia na Coreia do Sul e que, brevemente, entrarão ao serviço”, afirmou a petrolífera angolana, num comunicado divulgado a 6 de Março.

Segundo a imprensa local, a DSME enfrenta “uma crise de liquidez” por ainda não ter recebido o pagamento destes navios de perfuração para a actividade petrolífera, e está a avançar com um plano de reestruturação, que pode passar pela entrada de novos investidores no segundo maior construtor naval da Coreia do Sul.

A Sonangol esclareceu anteriormente que necessita ainda de concluir o “processo de financiamento, selecção final de parceiros tecnológicos e por uma identificação de novas oportunidades de produção”, no âmbito do novo modelo de negócio para os navios.

“Etapas já comunicadas e discutidas com as companhias internacionais do ramo petrolífero que operam em Angola: Esso, Chevron, BP, Eni e Total”, explica a empresa dirigida por Isabel dos Santos, que assim pretende envolver as multinacionais do sector neste processo.

Aquando da contratação destes navios à DSME, em 2013, por 1.240 milhões de dólares (1.170 milhões de euros), a Sonangol pagou 20% do valor como entrada, mas terá falhado as restantes prestações.

Segundo a petrolífera angolana, a entrada em operação dos navios-sonda “far-se-á de acordo com as regras de “compliance” e tendo ainda subjacente um Memorando de Entendimento entre a Sonangol e as companhias operadoras internacionais “de forma a estabelecer uma tarifa diária competitiva e sustentável, indexada aos preços médios praticados no mercado internacional”.

A empresa do regime entrou em processo de reestruturação, após a posse, em Junho de 2016, de Isabel dos Santos como Presidente do Conselho de Administração, tendo chegado ao final do ano com uma dívida total à volta de 9.000 milhões de euros.

“O processo de transformação que vem sendo implementado desde Julho de 2016, sendo transversal a toda a empresa, possibilita a criação de um ambiente de negócios mais favorável, reduz os custos da produção e facilita o acesso a reservas de menor dimensão. Há assim condições para um melhor aproveitamento dos recursos através de práticas de operação de excelência de acordo com os mais elevados padrões internacionais”, enfatizou a Sonangol no comunicado de Março.

Folha 8 com Lusa

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