BANCO DA CHINA SOMA E SEGUE

ANGOLA. O presidente do Banco da China (BOC), um dos maiores bancos do mundo, afirmou hoje, em Luanda, que Angola é um “parceiro estratégico de longo prazo”, o que justifica a abertura da sucursal da instituição em Luanda.

Chen Siqing falava na capital angolana, na cerimónia oficial de inauguração da sucursal de Angola do BOC, o primeiro banco asiático a instalar-se no país e que prevê transacções em moeda exterior para o terceiro trimestre do ano.

Esta abertura, enfatizou, “constitui a manifestação do reforço da corporação financeira entre os dois países”, sendo a sucursal de Angola do BOC uma “oportunidade para desenvolver serviços financeiros transfronteiriços” daquela instituição, detida pelo Estado chinês, na região.

“Angola é um parceiro estratégico de longo prazo”, sublinhou o presidente do Banco da China, uma das principais instituições financiadoras de projectos integrados em África e de gestão das linhas de crédito que o país asiático tem concedido a países africanos, nomeadamente a Angola.

Chen Siqing recordou, a título de exemplo, que só no primeiro trimestre desde ano, o volume de obras de construção em Angola a cargo de empresas chinesas aumentou 136%, face ao mesmo período de 2016, precisamente com a operacionalização da nova linha de crédito, de mais de quatro mil milhões de euros, atribuída pela China, que é também o maior comprador do petróleo angolano.

O BOC vai prestar serviços financeiros a empresas chinesas que operam em Angola, mas também a empresários angolanos.

Na mesma cerimónia, o ministro das Finanças de Angola, Archer Mangueira, recordou que o BOC é hoje um “parceiro destacado do Estado angolano”, no financiamento de várias empreitadas públicas, considerando que a sucursal em Angola representa um “reforço da cooperação” bilateral no plano económico.

“Vai impulsionar os negócios entre as duas nações”, sublinhou Archer Mangueira,

Além disso, o governante angolano espera que a presença do BOC em Angola permita “agilizar pagamentos entre empresas e instituições dos dois países”, tendo em conta que os bancos angolanos estão sem acesso a bancos correspondentes no exterior, dependendo quase exclusivamente do Banco Nacional de Angola (BNA) para comprar divisas.

“E dessa foram evitar a utilização de outros bancos intermediários (…) Que seja um banco verdadeiramente correspondente para os bancos angolanos, não só para os pagamentos para a China, como para todo o mundo”, disse Archer Mangueira, que também apelou ao investimento directo em Angola das empresas chinesas.

O governador do BNA, Valter Filipe, destacou na mesma cerimónia que a presença do gigante asiático em Luanda sinaliza a “internacionalização” do sistema bancário e da economia da Angola, além de transmitir a “confiança na credibilidade no sistema financeiro angolano”.

Manifestou ainda a convicção de que a sucursal de Angola do BOC vai facilitar as “trocas comerciais” entre os dois países.

Após a inauguração formal, que teve lugar hoje na presença de membros do Governo angolano e representantes do Governo Chinês, a abertura operacional da sede da sucursal angolana do banco chinês, em Talatona, arredores de Luanda, está agendada para terça-feira, com a instituição a prever prolongar o processo de captação de clientes corporativos até final de Julho.

A partir de Agosto, o banco, que é uma das maiores instituições financeiras mundiais, arranca as operações em moeda nacional, como transacções a débito e crédito ou concessão de empréstimos, seguindo-se a partir de Outubro transacções sobre o exterior, em euros e dólares.

A abertura da sucursal angolana do Banco da China acontece numa altura em que permanecem fortes constrangimentos no país devido à crise da cotação do petróleo, nomeadamente no acesso a divisas, colocando em causa transferências para o estrangeiro ou a importação de matéria-prima.

Criada em 1912, o Banco da China funcionou até 1949 como banco central chinês. Após várias transformações, ainda nas mãos do Estado mas já como banco comercial, tem vindo a concentrar atenções no apoio às empresas e comunidades chinesas fora do país, com destaque para as economias emergentes.

Lusa

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