A “pulhícia” do reino

A “Pulhícia” Nacional (pulha = vil, desprezível, torpe, indecente) emitiu um comunicado sobre a morte de mais uma inocente, negligenciada por não ter o curso de electrotecnia, sem a possibilidade de ser (di)Gerente ou Presidente de empresas de “pitrol”.

Por Domingos Kambunji

Um dia, quando a pulhícia disser a verdade o pessoal não vai acreditar. A “curtura” reinante na sociedade é de a “pulhícia” poder matar, depois pedir ao cidadão para se identificar e, finalmente, dar ordem de prisão por o cidadão não respeitar as ordens superiores da autoridade, por recusar falar.

Há uma enorme multidão a aplaudir esta situação, gente muito curta que sabe sempre o que fazer. Quando a “pulhícia” aparecer, a primeira reacção deverá ser mostrar o cartão de militante no Partido do Poder (o MPLA, é óbvio), o que está a governar a corrupção e governar-se com ela.

Naqueles países atrasados, que, erradamente, aparecem nos lugares mais destacados em desenvolvimento, os “pulhícias” estão muito mal treinados. Imaginem vocês, nesses países os “pulhícias” não podem espancar e matar livremente, quando lhes apetecer. Até podem ser condenados em tribunal por actividade criminal.

No nosso país isso não acontece porque os “pulhícias” podem sempre recorrer para o Tribunal Presidencial “Superenfermo”, o que dá toda a razão aos que se dedicam à repressão, ao nepotismo e à corrupção. Assim é que deve ser: o cidadão não tem que respeitar a autoridade, deve apenas temer os donos da sociedade. Os “pulhícias” são muito cumpridores a obedecerem às ordens mais superiores.

É uma chatice haver muita gente incapaz de fazer manguitos ao paternalismo do Presidente, o governador geral da burrice, por temerem ser acusados e condenados por tentativa de golpe de Estado.

Em 2017 as normas não irão ser alteradas porque as forças Armadas e as forças “pulhiciais” estão muito bem apetrechadas na falta de bom senso, como ameaçou recentemente João Lour(ol)enço.

Agora, não me levem a mal, vou ter de me ausentar. Vou homenagear as grandes vitórias do re(i)gime angolano em 2016, cruzando o braço esquerdo sobre o direito, ou vice-versa, e fazendo flexões com o cotovelo. Estou agora a começar e terei todo a ano de 2017 para continuar, sem me cansar.

Se a “pulhícia” me perguntar se estou numa manifestação contra a repressão, nepotismo e demagogia, responderei que não, direi que estou numa sessão de fisioterapia.

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