Perseguição política a activista do caso 15+2

Após ter sido perseguido no seu local de emprego pela Presidência da República, impedindo-o de fazer o recadastramento como funcionário público na Direcção Provincial da Geologia e Minas na província do Moxico, a notícia de que a situação o cidadão Benedito Jeremias Dalí tinha sido resolvida a 21.10.2016 foi uma lufada de ar fresco, fruto da pressão de várias instituições e individualidades.

Por Pedrowski Teca

Infelizmente, chegou-nos em primeira-mão que o jovem do proeminente caso dos 15+2 activistas que foram acusados, julgados e condenados, depois amnistiados por crimes contra a segurança do Estado, foi exonerado do seu cargo de chefe de secção, passando para um simples trabalhador.

“Fui exonerado do cargo de chefia que desempenhei durante 8 anos. A informação foi prestada pelo senhor director (Provincial da Geologia e Minas). Mediante despacho de exoneração que ainda não tive acesso”, disse Benedito Jeremias.

O jovem activista entende que nenhum cargo é eterno mas que a sua exoneração deveu-se ao processo dos 15+2 activistas “de forma abusiva”.

Generais dificultaram recadastradamento

Ocaso reportado em primeira-mão pelo jornal Folha 8 em Outubro, dava conta que o activista Benedito Jeremias Dalí foi impedido de efectuar o seu recadastramento no seu posto de trabalho, na Direcção Provincial da Geologia e Minas, na província do Moxico.

Foram-lhe criados vários entraves até o mesmo ter denunciado a perseguição e fruto da pressão exercida, o caso foi resolvido a 21.10.2016.

Em entrevista, o activista acusou o chefe do Estado Angolano, José Eduardo dos Santos, e dois dos seus generais, nomeadamente: o ministro de Estado e chefe da Casa Militar do presidente, Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, e o chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM), António José Maria “Zé Maria”, como sendo mandantes do impedimento do seu recadastramento como funcionário público.

“Por ordens da Casa Militar da Presidência da República, não será possível cadastrar o Sr. Benedito Jeremias Dalí. Só podemos fazer isso com as ordens do Sr. Kopelipa, Zé Maria e do próprio Presidente da República. Caso não, fica de fora!”, narrou Benedito Dali, a explicação que tinha sido concedida pela Delegação Provincial das Finanças no Moxico.

A notícia fez eco e foi retomada por vários órgãos de comunicação social, ajudando assim o activista a fazer pressão sobre o caso.

A 30 de Setembro, Benedito Jeremias Dalí foi impedido de proceder ao seu recadastramento como funcionário público. Surgiram vários malabarismos jurídico-administrativos, quando lhe ordenaram que apresentasse uma série de documentos, sendo o primeiro um oficial do Governador da Província do Moxico.

Apresentou-o [Despacho N° 5273/GAB. 1° SEC./2010], mas depois impuseram-lhe que trouxesse todos os documentos académicos que provassem que ele tem uma licenciatura em Administração Pública e Ciência Política.

Ele apresentou as 4 declarações (1°, 2°, 3°, 4° anos) passadas pela instituição universitária em que se formou, mas sempre na lógica do bloqueio, o responsável provincial do processo de recadastramento, que é também o Director Provincial das Finanças, alegou que a Direcção Provincial de Geologia e Minas devia passar um ofício dirigido à Delegação Provincial das Finanças do Moxico.

Assim se fez, quando surgiu então um novo truque: “O processo do Dito estava pendente por Ordens Superior”.

Foi então que o jovem activista iniciou uma série de diligências, como: contacto aos responsáveis, denúncias da situação na imprensa e recurso aos advogados, resultando na reposição da legalidade.

Diante da triste notícia que o Folha 8 recebeu sobre a exoneração do activista do seu cargo de chefe de secção de geologia e minas, revelou-se também que o ordenado do Benedito Jeremias Dalí, conforme lhe foi informado, baixou de Kz150.000 para Kz25.000.

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