PALOP lá vão indo devagar
ou em… marcha-atrás

Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) vão crescer, em média, 1,3%, prejudicados sobretudo mas não só pela recessão na Guiné Equatorial, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima chegar praticamente a 10% este ano e 5,8% em 2017.

De acordo com a edição de Outubro de 2016 do relatório sobre as Perspectivas Económicas Regionais para a África Subsaariana, hoje divulgado em Washington pelo FMI, a média das outras seis economias lusófonas em África chegaria a praticamente 3%, mesmo com Angola a escapar por pouco da contracção económica.

A Guiné-Bissau, com uma expansão económica de 4,8%, será o lusófono africano a registar o maior crescimento, seguido de perto por Moçambique, que apesar das múltiplas crises que atravessa, consegue registar um crescimento de 4,5% este ano, ainda assim o mais baixo deste século.

São Tomé e Príncipe, com uma expansão de 4% e Cabo verde, com 3,6%, completam o leque de países lusófonos que estão a crescer, com Angola a registar uma estagnação económica e a Guiné Equatorial afundada numa recessão que o FMI estima chegar aos 9,9% este ano, a que se juntam mais 5,8% no próximo ano.

No total dos 55 países, a África subsaariana vai crescer este ano ao ritmo mais baixo dos últimos 20 anos, segundo o FMI, que prevê uma expansão económica de apenas 1,4% devido à conjuntura externa e à lenta resposta dos países.

O crescimento será “bem abaixo do crescimento populacional e em nítido contraste com as altas taxas de crescimento registadas nos últimos anos”, lê-se no documento, que não apresenta explicações específicas para cada país, apenas previsões sobre a evolução dos indicadores.

Em Angola, nada de preocupante. Dirá Eduardo dos Santos
Em Angola, nada de preocupante. Dirá Eduardo dos Santos

Angola em ponto (quase) morto

Os preços em Luanda subiram quase 40% nos últimos 12 meses, até Setembro, renovando máximos históricos e furando a nova previsão do Governo angolano para todo o ano de 2016 no Orçamento do Estado revisto.

A informação consta do relatório mensal do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o comportamento da inflação, que destaca que a inflação estava em Setembro de 2016, face ao mês anterior, 2,14% mais alta.

Neste relatório do Índice de Preços no Consumidor (IPC), Luanda apresentava em Setembro uma inflação acumulada, a um ano, de 39,4%. Este registo fica assim acima dos 38,1% de Agosto e dos 38,5% (para todo o ano) que o Governo inscreveu na revisão do Orçamento Geral do Estado de 2016, aprovada precisamente em Setembro último e justificada com a diminuição das receitas fiscais com a exportação de petróleo.

O IPC de Luanda registou aumentos, no espaço de um mês, entre Agosto e Setembro, nas classes “Lazer, Recreação e Cultura”, com 5,16%, “Bens e Serviços”, com 3,99%, no “Vestuário e Calçado”, com 3,73%, e na “Saúde”, com 3,09%.

Desde praticamente Setembro de 2014 que a inflação em Luanda não pára de aumentar, acompanhando o agravamento da crise económica, financeira e cambial decorrente da quebra na cotação internacional do barril de petróleo bruto, o que fez disparar o custo nomeadamente dos alimentos, levando algumas superfícies a racionar vendas.

Luanda é considerada em estudos internacionais como uma das capitais mais caras do mundo.

Já o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) – o INE não divulga dados agregados para um ano para todo o país – registou uma variação de 2,14% entre Agosto e Setembro.

Em todo o país, as subidas no último mês foram lideradas pelas províncias do Cuando Cubango (2,88%), Lunda Norte (2,86%) e Zaire (2,80%), enquanto na posição oposta figuraram as províncias de Benguela (2,03%), Cuanza Norte (2,04%) e de Huambo (2,07%).

O FMI, recorde-se, reviu em forte baixa a previsão de crescimento de Angola e espera agora uma estagnação durante este ano e uma expansão de 1,5% em 2017. Segue a linha de outros analistas, caso da Fitch que espera que a economia cresça zero em 2016.

Segundo as projecções dos economistas do FMI, Angola deverá, em 2021, registar um nível de crescimento de sensivelmente um terço face à média entre 1998 e 2007. Para este ano, o World Economic Outlook aponta uma estagnação, prevendo 1,5% em 2017.

“Angola está, como a Nigéria e a África do Sul, a adaptar-se à forte queda nas receitas das exportações de petróleo, não deverá crescer este ano e vai ter um débil crescimento no próximo ano”, dizia o FMI.

No que diz respeito a Angola, o documento revê em forte baixa as previsões de crescimento, já que em Maio apontava para um crescimento de 2,5% este ano e uma ligeira aceleração para os 2,7% no próximo ano.

Segundo as projecções dos economistas do FMI, Angola deverá, em 2021, registar um nível de crescimento de sensivelmente um terço face à média entre 1998 e 2007, anos em que cresceu 10,3% ao ano, em média.

A actualização das previsões de crescimento surge menos de um mês depois de a Economist Intelligence Unit (EIU) ter revisto também em baixa as previsões de crescimento da economia de Angola para este ano, antecipando uma expansão de apenas 0,6%, cerca de metade da estimativa oficial do Governo.

“Em Agosto, o Governo reviu em baixa a sua previsão de crescimento em 2016, pela segunda vez em pouco mais de um mês, de 3,3% para 1,1%, e em Julho já tinha revisto para 1,3%; mas a EIU reviu a sua própria previsão, para apenas 0,6%”, escreveram os peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist.

No ‘Country Outlook’ sobre Angola, enviado aos investidores, a EIU antecipava que no resto desta década o país acelere o crescimento económico para 3,5% em 2018, antes de novo abrandamento para 2,5% em 2020.

Folha 8 com Lusa

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