O dinheiro que alimenta o terrorismo de Estado em Angola

Há quem acredite que uma das formas de combater o terrorismo de Estado é reduzir o seu auto-financiamento. Entre vários outros exemplos, observando o caso de Angola, verifica-se que tal não resulta devido ao facto de o reigime ser capaz de fazer mutações e, sem prejudicar os novos ricos, infligir ainda mais pesadas restrições à qualidade de vida da classe média e daqueles que se encontram abaixo da linha da pobreza.

Por Domingos Kambunji

Senão vejamos. Neste país as verbas dedicadas ao ensino e à saúde pública das populações continuam a ser muito inferiores às dedicadas aos militares, instituições de repressão e aos desvios dos comilões.

É também por isso que alguns “intelequetuais” do reigime se revelam muito chocados e revoltados com as descobertas reveladas pelos Panamá Papers. Eles são, no fim de contas, comensais, directa ou indirectamente, nos esquemas internacionais do contrabando do petróleo e de outros produtos, cujos preços e quantidades são negociados, secretamente, na Suíça.

O autodenominado Estado Islâmico, para fazer face ao abaixamento do preço do petróleo e às maiores limitações na exploração e comercialização, deitou mão a outras alternativas, recorrendo à recolha coerciva de impostos.

Será que estamos a observar um comportamento semelhante em Angola? Não só aumentando impostos mas também desvalorizando o Kwanza?

Nesse aspecto, os beneficiários das regalias provenientes do esconderijo de kumbu no Panamá e em outros paraísos fiscais até não estão muito mal. Eles têm os seus “angolares” convertidos em dólares ou euros.

Até às próximas eleições, os especialistas da diversificação ecómica e das fananças, os Einsteins do Sambizanga, Catambor e arredores, poderão desvalorizar o Kwanza em 80 ou 90%. Depois, em campanha eleitoral, até poderão prometer aumentar, em 20 ou 30%, os salários dos angolanos domesticados ou assimilados, 90 ou mais % dos potenciais 237% dos eleitores. Eles irão aplaudir, ruidosamente, tanto altruísmo da classe diGerente.

Os kapangas do reigime tentam fazer passar a ideia de que possuem uma organização capaz de servir de exemplo a outros países do continente e arredores, na gestão dos bens públicos.

Nessa campanha eleitoral, como já aconteceu no passado, muitos serão seduzidos pela ilusão de falsas promessas para viverem numa sociedade mais justa, democrática, e o país registará um maior crescimento ecómico. Eles usarão o já esclerosado slogan do “multiplicar para depois dividir por todos”.

Ou será para dividir por tolos? Porque será que a esmagadora maioria dos todos é sempre devotada ao esquecimento?

A realidade demonstra que tudo isso não passa de uma encenação para engodar os angolanos e iludir os mais distraídos e desfavorecidos, alimentando a ilusão de que, no reigime feudal de Angola, todos são cidadãos, têm iguais deveres e direitos. Os que têm muitíssimos direitos continuam a pensar que os que nada têm continuam a dever-lhes tudo, até a possibilidade de terem um cartão eleitoral e de usarem o voto que, no balanço final, não decide a votação, porque esta está previamente decidida.

Essa gente, os diGerentes do reigime, gente sem escrúpulos, não olha a meios para atingir os seus fins, engordando as suas contas bancárias, camufladas nos Panamás e arredores.

(Agora, talvez, menos no Panamá porque o cronista do MPLA João Melo já avisou todos os diGerentes de que está muito incomodado, por terem destapado essa Caixa de Pandora. É melhor irem esconder os euros e os dólares abifados em Angola, noutros paradeiros. Não em Portugal, por causa daquela coisa… da Idoneidade.)

Há quem afirme que seria positivo que alguns países recuassem na forma hipócrita como se relacionam com Angola, especialmente no que se refere ao fingimento de não perceberem a diferença entre democracia e cleptocracia, tentando ignorar ou subvalorizar a repressão e a violação de direitos humanos que acontece no nosso país.

Todavia, os menos distraídos, os minimamente formados, sabem que a economia internacional não se norteia por valores éticos e só dá importância ao lucro, mesmo que esse dinheiro esteja manchado de sangue e conspurcado com a ferrugem de algemas e correntes metálicas esclavagistas.

Os Victores, ajudantes dos Bolhas, da Informação e Propaganda do reigime feudal de Angola, acobardados e camuflados em pseudónimos de God-wines, aplaudem muito essas práticas da economia internacional, porque são beneficiários, indirectamente, das acções praticadas pelo grupo de kapangas contrabandistas que ocupa o poder em Angola.

Angola é um país rico em recursos naturais. Os resultados da exploração dessa riqueza não se observam na melhoria da qualidade de vida da maioria esmagadora de angolanos. Os Bolhas e os Godwines são bem remunerados, por serem de primordial importância nas campanha de marketing do reigime.

Nos Estados Unidos da América é provável, ainda não é certo, que uma antiga escrava afro-americana, Harriet Tubman, passe a figurar nas notas de 20 dólares, devido ao papel desempenhado na luta pela abolição da escravatura. Se ela fosse angolana, agora, tentando lutar pelos mesmos valores, seria presa, acusada, julgada e condenada pelo juiz Januário Domingos, por tentativa de golpe de Estado e por pertencer a uma organização de malfeitores.

Ao mesmo tempo, o reigime, mandaria imprimir notas de três biliões de Kwanzas, valendo cinco centavos americanos, com o retrato da Isabel, do Zenu, da Tchizé, do Kundi Paihama ou do Kangamba, já para não falar de tantos outros, como são os casos dos Kopelipas, Carneiros, Veigas, Françony, ou dos carcereiros que dizem serem directores de prisões, onde não se respeita os Direitos Humanos.

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