Manuel Vicente pede demissão

O vice-presidente da República de Angola, Manuel Vicente, também, conhecido como “Mr. Petróleo”, endereçou uma carta ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos solicitando a sua demissão do cargo.

Recorde-se que a ascensão deste alto quadro do regime se deveu a uma aposta pessoal do presidente da República, contra a maioria do seu próprio partido, o MPLA, que nunca considerou o ex-homem forte da Sonangol um militante identificado, com a causa ideológica.

Uma fonte segura do Folha 8, do Palácio Presidencial, confirmou ter Manuel Vicente apresentado a carta de demissão, com “carácter irrevogável”, bem como a firme disposição de não mais concorrer “na lista do partido, às eleições de 2017”, o que pode significar, prescindir, também, de integrar as listas de delegado ao próximo congresso do MPLA.

Esta posição deve-se ao alegado esvaziamento das funções e protagonismo que augurava ter, após a nomeação como número dois da República. “Ele não resistiu às intrigas palacianas, facilmente consumidas pelo grande chefe e, quando menos esperava Dos Santos tirou-lhe o tapete”, disse a fonte de F8. Foi grande a decepção de Manuel Vicente, uma vez ter sido ele, enquanto PCA da Sonangol, o grande responsável pelo enriquecimento ilícito dos filhos, familiares e assessores directos do Presidente da República”.

Recorde-se que o pequeno restaurante Miami, situado na ilha de Luanda, não foi criado por Isabel dos Santos, como ela propala, mas por um jovem hoteleiro, que a convidara para a sociedade. Mas, a grande serventia de Manuel Vicente, para o enriquecimento ilícito, com base em fundos públicos da primogénita de José Eduardo dos Santos, verificou-se aquando da criação da UNITEL onde, para além deste ter colocado à disposição a Mercury, empresa de telecomunicações da Sonangol, entrou com o capital requerido para a empreitada das operações da novel operadora, em nome de Isabel.

Igualmente, o capital com que Tchizé e Coreon Dú dos Santos (filhos do Presidente da República), entraram como accionistas no banco BNI, com Mário Palhares e na Semba Comunicações, que recebeu sem concurso público dois canais da TPA, televisão pública, nomeadamente o Canal 2 e o Internacional, saiu do saco azul da Sonangol, tal como o dinheiro para a criação do banco Quantum (actual Kwanza) de Zenú dos Santos (igualmente filho de Eduardo dos Santos).

Irmãos e outros altos dirigentes, como Toninho Van-dúnen (ex-secretário do Conselho de Ministros), Carlos Feijó (ex-chefe da Casa Civil do Presidente da Repúbica, cujo escritório de advogados tem uma avença de serviços/mês de cerca de 350 mil dólares), general Dino (das Comunicações do PR), Manuel Hélder Vieira Dias Kopelipa (chefe da Casa de Segurança do PR) e companhia, todos se tornaram bilionários e milionários com dinheiro oriundo dos cofres da empresa pública de petróleos, a Sonangol, à época em que Manuel Vicente era o presidente do Conselho de Administração.

“Este enriquecimento dos filhos do camarada presidente, constituíram uma forte relação de cumplicidade entre ambos, retribuídos com a sua indicação para número dois, na lista do MPLA e vice presidente da República, em 2012”, garantiu ao F8, um dirigente do partido no poder.

Apesar da contestação que tinha a nível dos “camaradas”, Manuel Vicente subiu ao poder entusiasmado de poder ajudar o sonho megalómano de Dos Santos fazer de Angola uma réplica de Singapura.

“Ele tinha muitas ideias, projectos e pensava implementar programas económicos e sociais, tendo em conta as relações internacionais criadas, quando esteve à frente da Sonangol. Mas a máquina do sistema eduardista, enciumada, não deixou que isso se materializasse”, asseverou a fonte.

Nos últimos tempos a cabeça de Manuel Vicente tem sido pedida, em surdina, nos círculos do partido no poder, que o responsabilizam pelo descalabro da implantação de projectos económico sociais, com o apoio da Sonangol, durante a sua gestão.

Estas vozes partidárias defendem que poderiam ser melhor implantados os projectos da ZEE (Zona Económica Especial e das centralidades imobiliárias), que na realidade, só por razões e cegueira política podem ser adjudicadas a uma empresa de petróleos, com um objecto específico.

É face a esta “intrigalhada” que o homem pretende dar um basta e sair do palco, para não ser degolado, quando menos esperar.

No entanto Eduardo dos Santos face às repercussões que tal decisão poderia causar, nesta altura, com o cinismo que lhe é peculiar, rejeitou o pedido, solicitando que o mesmo, pondere da pretensão, uma vez contar com ele, para a empreitada eleitoral de 2017.

Mas isso não impede que a sua cabeça continue a estar na borda da guilhotina, bastando ver a humilhação presidencial, com a indicação da sua filha para reestruturar a Sonangol, com uma avença milionária, avaliada em cerca de 3.500.000.000,00 (três milhões e quinhentos mil dólares) mês, quando bem se poderia socorrer do “know how” de Manuel Vicente e outros quadros nacionais de reconhecida competência e com custos mais modestos.

Finalmente, resta agora saber se tal como Garcia Miala, também não se inventa uma calúnia de tentativa de golpe de Estado, para o completo apagamento político e profissional de Manuel Vicente. É esperar para ver…

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4 Thoughts to “Manuel Vicente pede demissão”

  1. Pau na buceta

    Aiiiiiii que delicia karalho!!!

  2. Shalana

    “KNOW HOW” Para rectificarem

  3. Alberto Francis

    Aqui estamos nós se deixando levar ao abismo.

  4. Meco

    O país pertenceu aos seus avôs e foi herdado porg eles, então aí justifica-se a riqueza destes sacanas.

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