FOME NÃO LARGA O SUL

ANGOLA. Algumas comunidades rurais do Cunene e da Huíla têm reservas de comida para menos de seis semanas e 400.000 pessoas precisam de alimentos e assistência, segundo um relatório do Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (PNUD).

De acordo com o documento, relativo à seca que afecta o sul do país, há vários anos e que analisa o período entre 13 de Agosto e 13 de Setembro, a falta de água e a necessidade das comunidades de procurarem outros pastos para os animais está a aumentar fortemente as taxas de abandono escolar na região.

A situação de seca prolongada, relacionada com o fenómeno “El Niño”, afecta atualmente, segundo o PNUD, cerca de 1,2 milhões de pessoas no sul de Angola, nomeadamente pelo défice de 40 por cento na produção agrícola esperada para este ano, motivando fortes aumentos nas taxas de malnutrição severa, que chegam aos 05% nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe.

Além da seca prolongada, o relatório daquela agência das Nações Unidas reconhece os efeitos também da crise em Angola, provocada pela quebra nas receitas petrolíferas, com produtores de gado a venderem animais e até sementes, para adquirirem outros bens, sobretudo junto à fronteira com a Namíbia.

No Cunene e em alguns municípios da Huíla, reconhece o relatório, a “situação é crítica para os pastores”, mas também para pequenos produtores que já não têm animais de tração para arar os campos agrícolas ou simplesmente sementes para as novas colheitas.

“A falta de água é visível e a Protecção Civil distribuiu tanques de água de cinco a dez mil litros em todos os municípios do Cunene e leva a cabo um programa de abastecimento de água semanal”, lê-se ainda no documento do PNUD.

Acrescenta que nesta região as pessoas “são forçadas a caminhar longas distâncias para obter água”, afectando desta forma “actividades de renda de subsistência e as taxas de abandono escolar” das crianças.

Nestas três províncias do sul de Angola estão identificadas pelas agências das Nações Unidas 37.835 crianças com menos de 05 anos a precisarem de tratamento por malnutrição severa, estimando-se a necessidade de 21 milhões de dólares para prestar apoio.

Lusa

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