Crise? Crise foi a guerra

O ministro da Defesa de Angola, João Lourenço, lembrou hoje que a “pior crise” foi a da guerra e que as actuais dificuldades financeiras provocadas pela quebra com as receitas do petróleo “não podem vergar” o país.

O governante falava em Menongue, capital do Cuando Cubango, em representação do Presidente José Eduardo dos Santos, no acto central nacional comemorativo do 4 de Fevereiro de 1961, alusivo à revolta popular contra instituições do poder colonial em Luanda.

“Hoje fala-se de crise, mas não existe crise pior do que situação de guerra. E fomos capazes de vencer, de ultrapassar essa crise que foi a guerra bastante longa que passou no nosso país. O momento que estamos a atravessar hoje, comparativamente àquele, não é nada”, disse João Lourenço.

As receitas fiscais angolanas com a exportação de petróleo caíram para metade em 2015, provocando uma crise financeira, económica e cambial do país, com o aumento do desemprego e da inflação e a forte desaceleração do crescimento económico.

“O momento difícil que o país atravessa é difícil sim, mas não nos pode vergar. Levantemos as nossas cabeças e vamos à luta. Não haverá nunca mais, no nosso país, momentos mais difíceis do que aquele que atravessamos enquanto o país esteve em guerra”, desafiou João Lourenço.

Angola viveu a conflito anticolonial de 1961 até à independência de Portugal, em 1975, tendo-se seguido 27 anos de guerra civil.

Numa altura de forte crise e crítica social em Angola, o ministro da Defesa recordou que os “heróis do 4 de Fevereiro cumpriram a sua missão” e que o tempo é de “partir para outro tipo de luta” e “vencer as dificuldades”.

O ministro chegou mesmo a apelar directamente às “gerações das novas tecnologias da informação e dos ‘tablets'” – que através das redes sociais criticam abertamente a governação do país – que “de igual forma defendam o país”, embora agora “sem necessitar do recurso a armas” e “dedicando-se mais aos estudos e ao trabalho”.

As comemorações de 2016, com a habitual presença de membros do Governo e actos de massas entre outros eventos, decorrem sob o lema “Honremos os Heróis do 4 de Fevereiro, Fortalecendo a Unidade Nacional”, tendo como objectivo motivar as novas gerações.

A 4 de Fevereiro de 1961, cidadãos ligados ao MPLA, desencadearam um ataque contra a Cadeia de São Paulo e a Casa de Reclusão, em Luanda, dando início à luta armada que culminou com a proclamação da independência de Angola, em 11 de Novembro de 1975.

Várias fontes sustentam que deveriam participar no ataque cerca 2100 pessoas, mas as detenções efectuadas pela polícia política portuguesa (PIDE) nos dias anteriores à acção, na sequência de denúncias, fizeram reduzir o número para pouco mais de 200 intervenientes.

Diversas fontes citam Paiva Domingos da Silva, Imperial Santana, Virgílio Sotto Mayor e Neves Bendinha (já falecidos), como alguns dos responsáveis pela coordenação do assalto, cujos preparativos começaram em Outubro de 1960.

A arrojada acção tinha como objectivo primário libertar os presos políticos angolanos que se encontravam encarcerados nas cadeias visadas, acusados pelas autoridades coloniais de actividades subversivas. Os participantes no ataque foram treinados sobre questões mais práticas, por exemplo como manejar os instrumentos que seriam utilizados, principalmente catanas, ou desarmar um sentinela.

As informações disponíveis revelam que os treinos decorriam à noite, na zona de Cacuaco, arredores de Luanda, e quando se começou a recear infiltrações de indivíduos ligados à polícia política portuguesa a preparação mudou‐se para o Cazenga.

Neste último local foi erguido um monumento denominado “Marco Histórico do 4 de Fevereiro”, inaugurado em 19 de Setembro de 2005, em homenagem aos heróis tombados pela causa da independência.

Outras datas históricas, como o 4 de Janeiro (dia dos Mártires da Repressão Colonial), o 15 de Janeiro (Dia dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria) e o 15 de Março (dia da Expansão da Luta Armada de Libertação Nacional) passaram desde 2012 ao estatuto de “celebração nacional”, deixando de ser feriados.

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2 Thoughts to “Crise? Crise foi a guerra”

  1. Nbuta

    ZE DU Nao e numca foi presidente. Ele e um pequeno burgues.

  2. Ferreira Manuel

    Afinal que tipo de presidente temos, que não vai a Assembleia da República falar aos deputados e ao povo, que não saí para os grandes palcos internacionais (por ex. ONU), que delega os discursos de celebração seja do que for, à outros. Afinal, quem é o presidente da república? Alguém conhece? Eu não! Não dá a face para nada, passa a vida no W.C. do Futungo a elaborar novos decretos-presidenciais para afundar cada vez mais os angolanos. Puxa! É cansativo, está na hora de se por a andar.

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