Amigos (talvez) para sempre

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, anunciou hoje que está pronto para ser assinado o programa de cooperação estratégica entre Portugal e Angola e considerou haver “maturidade necessária” para os dois países estreitarem as relações.

O chefe da diplomacia portuguesa indicou que “há um programa estratégico de cooperação que está pronto, tecnicamente concluído, e que precisa apenas de assinatura”, competindo a Angola indicar uma data para esse ato, que será em Lisboa.

“Quando o Ministério das Relações Exteriores angolano assim o entender, ao nível de representação política, nós estamos, do lado português, prontos para assinar, a qualquer momento, o programa estratégico de cooperação”, disse Santos Silva, que falava aos jornalistas à margem da sessão de abertura do ‘campus’ INOV Contacto 2016, em Lisboa.

O governante adiantou que a assinatura do programa – cujo conteúdo não quis revelar – já esteve prevista, mas foi adiada devido ao período eleitoral em que Portugal se encontrava.

Na semana passada, Santos Silva recebeu o embaixador angolano em Lisboa, José Marcos Barrica, que defendeu que existem “maturidade e serenidade bastantes” entre Lisboa e Luanda para “resolver e ultrapassar os eventuais mal-entendidos” e transmitiu a Portugal a sua “vontade política de sedimentar as relações” entre os dois países.

“Acredito convictamente que temos muito boas condições para estreitar os laços políticos, culturais, comerciais e económicos com Angola e que ambos os Estados têm maturidade necessária para desenvolver essas relações no plano institucional que é próprio”, afirmou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros português.

Questionado sobre se as relações entre Portugal e Angola poderão ter mais serenidade, Santos Silva disse não ter “uma avaliação tão pessimista dos últimos anos de relação”.

“Quero consolidar e incrementar um relacionamento que tem sido, em geral, bom e produtivo para ambas as partes. Na relação com Angola já estamos num patamar muito diferente do patamar em que estamos com outros países de língua portuguesa, e estamos no patamar certo: os portugueses têm interesse em Angola e os angolanos têm interesse em Portugal”, defendeu.

Para Santos Silva, a relação entre Lisboa e Luanda é “uma relação recíproca de iguais”.

“Nós não ignoramos as dificuldades por que passam, do ponto de vista orçamental, os nossos amigos angolanos. Os nossos amigos angolanos não ignoram as dificuldades do ponto de vista orçamental e financeiro por que nós passamos, mas isso significa mais uma razão para estreitar a nossa cooperação económica, mas também a nossa cooperação política, cultural e em matéria de língua entre Angola e Portugal”, sustentou.

Em Outubro de 2013, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, anunciou o fim da parceria estratégica com Portugal. Os dois países tinham previsto realizar, em Luanda, em Fevereiro de 2014, a primeira cimeira bilateral, encontro que nunca chegou a acontecer.

Questionado sobre a realização desta cimeira, Santos Silva disse que “há trabalho a fazer para que a hipótese de uma cimeira possa ser colocada e é esse trabalho que tem de ser feito”.

Em Março próximo, lembrou, os chefes da diplomacia dos Estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) estarão em Lisboa para um encontro, ocasião em que procurará realizar reuniões bilaterais com os seus homólogos do bloco lusófono. Depois, em Julho, decorre a cimeira da CPLP no Brasil, com a presença dos chefes de Estado e do Governo.

“Há muitas oportunidades, este ano, para reforçar as relações bilaterais e um dos objectivos [do Governo português] é justamente fortalecer a relação com Angola”, sublinhou.

Fonte: Lusa

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