A hora da verdade

A maioria dos autóctones angolanos está numa grande encruzilhada, sem alegria, sem esperança. Não têm fé, nem, acredita no milagre de um amanhã melhor.

Por William Tonet

Mas esta é a hora da verdade! Tudo é desespero, tudo é frustração, pelo desencanto oferecido, por quem tem o leme do país, desde 1975.

Os angolanos, para nossa desgraça colectiva, não têm um líder, como Mandela, Luther King ou Mahatan Ghandi, tendo de se contentar com um homem que dirige o território de acordo com o programa do seu partido.

A grande referência hoje é a roubalheira institucional, a corrupção, a fraude, a batota, a incompetência que campeia por todas as estruturas do Estado, carentes da matriz de cidadania.

Todos apontam o dedo, aos que estão no poder, isso porque o povo perdeu o medo, quando os dirigentes perderam a vergonha e muitos saqueiam o Estado à luz do dia, com a maior das impunidades.

Por isso chegou a hora da verdade!

A lógica da vida, implantada pelo regime, ao longo dos 40 anos de independência, deixou de ser a moral, a ética, a honestidade, a imparcialidade e o respeito pelos bens públicos, passando a ser a “socialroubalheira”, o enriquecimento ilícito e a corrupção, num campeonato onde o melhor é o que mais desbaratar as finanças públicas em proveito próprio.

Quando vejo um partido histórico, criado por nacionalistas e patriotas honestos, como o MPLA, transformar-se, por insensibilidade de alguns, numa espécie de “gang mafiosa”, indiferente ao sofrimento popular, não consigo conter a revolta, por nada poder fazer, para inverter o quadro.

Eu não acredito na força do voto, pois o regime é Nobel na fraude!

Não se trata de exagero, mas qual o nome a dar, a dirigentes do partido no poder, que se pavoneiam com luxúria, temperando comida requintada, com “Moet Chandon” (dos champanhes mais caros do mundo), para exibição, quando o pirão e lasca de peixe frito ou seco é companhia ausente nos pratos da maioria dos autóctones, que vivem com menos de um dólar por dia.

Porra! Não é possível, desenquadrar o acto destes dirigentes do MPLA, estragando comida e bebidas caras, com registo das televisões, fora do instituto da provocação, premeditação e dolo, contra os milhares de famintos, desempregados e humilhados, fruto das más políticas económicas e sociais.

Esta é a hora da verdade.

Num país sério, depois de conhecidas as imagens, onde a clique se exibe, a gozar com a cara faminta do povo, só uma varredura dos cargos públicos e políticos, poderia aliviar parte da humilhação, mas não repararia a ilicitude, porquanto com salários em atraso de milhões de funcionários públicos, essa elite do MPLA, indiferente a crise, deveria ser alvo de procedimento criminal, como exemplo. Ou será ser esta a cultura geral do partido no poder?

Não acredito, mas ante o silêncio tumular, dos bocas de aluguer, dos diligentes comentadores e até mesmo do líder, já nada me espanta… Nada duvido.

Infelizmente, quando se privilegia o “gangsterismo” político, nada mais se pode esperar de uma força partidária sem reserva moral e cuja acção, parece resumir-se a uma luta titânica de sobrevivência política, não medindo meios para atingir os fins, assente no esvaziamento dos cofres públicos, que alimenta a corrupção institucional, defendida pela força bélica, que atemoriza, até hoje, a sociedade civil, arrastada para as fedorentas masmorras do regime, sempre que reclame por Liberdade e Democracia.

O poder está podre. O poder está a incitar uma sublevação social, acreditando estar aí, o prolongamento da sua sobrevivência. Pode enganar-se.

Os povos evoluíram, estão precavidos, para impedir a repetição dos assassinatos em massa de 1977, liderados por um médico profundamente assassino, que fuzilou milhares e milhares de cidadãos inocentes, sem culpa formada, sem acusação e sem julgamento, alegando ser uma perca de tempo.

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